Conto Nublar #022: UMA COMUNIDADE PÓS HECATOMBE UNIVERSAL - Parte 1

CONTO FUTURISTA

“Porque aquilo que temia me sobreveio; e o que receava me aconteceu” (Jó 3:25).

Foi exatamente isso que sucedeu. O tempo não sei ao certo, pois não sei por quanto dormi, se dias, meses, quiçá, anos. Não restou qualquer registro, pois tudo foi guardado em arquivos digitais. Como não há mais qualquer fonte de energia elétrica, é como se não tivesse. Os demais artigos foram todos destruídos pelas bombas atômicas que os países chamados altamente desenvolvidos, incautamente lançaram contra si. Embora eu tenha salvado o meu 'notebook', tornou um lixo sofisticado, um inutilidade total, visto que sua bateria estava descarregada.

Não obstante tantos apelos de ecologistas, mensagens diretas e subliminares. Apesar de tantos alertas de ambientalistas, a ganância dos insensatos capitalista veio dar cabo ao tão temido caos e a por em ação o plano de sobrevivência(?) há muito revelado no primeiro corolário dos “dez mandamentos” da Nova Ordem Mundial: As pedras guia da Geórgia (EUA)*, Pedras Guia (das trevas)

1. Manter a humanidade abaixo de 500.000.000 em um balanço constante com a natureza. [...]

Foram muito além! Puseram em prática a velha e aparentemente adormecida utopia da eugenia*, teoria esta que levou Hilter a exterminar 600 milhões de judeus e ainda muitos de outras etnias.

Paradoxalmente, os bólidos e os 'bunkers' criados para salvar essas células eugênicas para repovoamento da terra falharam. Misteriosamente os dispositivos não funcionaram e todos ironicamente sucumbiram dentro de suas fortalezas e 'oásis' que eles criaram, os quais se tornaram as suas próprias sepulturas.

De adulto, creio que apenas eu sobrevivi a essa hecatombe. Tinha tudo para ter morrido com os demais, mas Deus assim o quis. Encontrei um grupo de crianças saudáveis a brincar. Não há mais progresso, energia, nada. Estamos numa realidade sem qualquer tecnologia. No entanto lá estavam eles, felizes e saudáveis. Eram, como eu, misteriosos sobreviventes, a viver o dia seguinte da hecatombe que quase destruiu totalmente a terra e exterminou a raça humana.

A única coisa de que tinha lembrança é que eu tinha ido a uma espécie de creche ou orfanato, levar algumas sextas básicas. Uma simples ação comunitária me salvou a vida, juntamente com a daquelas crianças. Só eu e elas. Assim, senti o peso da responsabilidade e assumi que eu seria o mentor daquela nova geração que povoaria a terra.

Aquelas crianças faziam parte de um projeto social onde acolhiam crianças de todas as etnias. Ironicamente eram justamente essas etnias que eram discriminadas e relegadas à berlinda as quais seriam exterminadas em favor da famigerada eugenia.

Eu era um cristão relapso, mas a pedido de minha mãe, jamais me separei da Bíblia que ela me presenteara aos doze anos. Ah! Que saudade de meus livros, de minha biblioteca particular de mais de 12.587 itens catalogados, dos mais variados assuntos. Agora deles nem cinzas restavam.

Tinha que estudar e planejar o que fazer a pequeno, médio e longo prazo. Não queria me dar ao luxo de errar, embora essa possibilidade era inevitável, pois nunca havia pensado em um dia reconstruir o mundo dependeria em muito de mim e daquelas crianças.

Meu Deus! O que fazer? Como chegar lá, Senhor! Dá-me Tua luz e direção!

(Continua no próximo episódio...)

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(*) Confiram http://fimdostempos.net/pedras-georgia.html

Eugenia - é um termo criado em 1883 por Francis Galton (1822-1911), significando "bem nascido". Em outras palavras, melhoramento genético, manipulado por grupos com o falso ideal de selecionar os melhores 'bem gerados' em detrimento de outros que não passarem por seu crivo e extermínio massivo e sem o mínimo escrúpulo das outras etnia.

Alelos Esmeraldinus
Enviado por Alelos Esmeraldinus em 09/12/2010
Reeditado em 10/04/2013
Código do texto: T2661404
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