Conto Nublar #020: AMIGOS DE VERDADE - Parte II
O Pedro saiu arrasado. Passou pelo barzinho da esquina e encheu tanto a cara que entrou em coma alcoólico. O Resgate foi acionado e ele foi internado, direto para a UTI. Marian desesperada, liga para sua irmã e desata a chorar. Marina tenta consolá-la.
Findo o expediente, o João voltou para casa e comentou, gabando-se, com a Marian o ocorrido. Sua esposa ficou indignada e o repreendeu, dizendo que ele era bem de vida e que não precisava fazer aquele tipo de pressão sobre o pobre coitado do Pedro. Resolveu dar a ele uma sessão de gelo, naquela noite. Foi dormir emburrada e sem querer um pingo de conversa.
Naquela noite, João teve a maior dificuldade para conciliar o sono. Dormiu com grande dificuldade. Mal adormeceu, teve a notícia de que o Pedro havia piorado. Imediatamente vestiu-se e correu para o hospital. Na antessala, encontrou a Marina aflita e chorosa. O quadro havia piorado e Pedro estava nas últimas, mas,de repente, havia teve um lance de lucidez. "Deve ser a melhora da morte", disseram. João ficou muito aflito, não pelo fato de o amigo está naquela situação, mas pensando o que seria dele, caso o amigo falecesse. Torcia por, pelo menos, 5 minutos de lucidez, para perguntar como ele pagaria a dívida. Pensou: "Pedro, não cometa a besteira de morrer sem me pagar. Se você morrer, eu me mato também só para poder te cobrar lá do outro lado. Nem lá você de mim escapa, seu velhaco!".
Daí, passou a ter ânsias e falta de fôlego; suava frio. Um ser resplandescente, apareceu frente a frente com ele e lhe diz:
- "João! Por que maquinas este mal contra o Pedro e contra ti mesmo? Quantas vezes Eu já te falei para que perdoasses a dívida do Pedro? Eu tenho te feito prosperar, não apenas para o teu deleite, mas também para seres bênçãos na vida de outras pessoas. Coloquei-te o Pedro como prova, para que aprendas a ser generoso e não de torpe ganância. Justo com o Pedro que era como um irmão para ti, tu falhastes. E com os outros? Como seria? João! O amor ao dinheiro é raiz de todos os males. Tenho-te chamado por teu nome, porque ele traduz a minha graça e misericórdia e não tens sido digno, nem merecedor de o usar. Eis que eu estou a ponto de te rejeitar para sempre. E isto farei, se não mudares de atitude. Tu já sabes o que tem que ser feito. Não terás nenhum outro aviso além deste". Tendo dito isto desapareceu.
João ficou aflitíssimo e começou a chorar desesperadamente e gritar em voz alta, quase entrando em convulsão. Puxava os cabelos de raiva pelo modo como tratara o Pedro. O Remorso o corroía internamente. Estava inconsolável. Ansiava falar com o Pedro, beijar-lhe os pés e pedir perdão e o liberar daquela dívida.
Nesse momento, suava profusamente, e se debatia tanto que sua esposa acordou e o sacudiu. "João! João! O que está havendo?"
João respira aliviado e acorda sobressaltado.
- "Ai, Marian! Tive um pesadelo horrível!" Após relatar o que sonhara, pede perdão a ela e confessa que aprendera uma tremenda lição daquele sonho. Ou teria sido uma visão, pois era tão real!"
O telefone toca:
- "Alô! Aqui é Marian! É... a Marina"? Pergunta uma voz angustiada e aos pranto, do outro lado da linha.
- "Sim, Marina! O que aconteceu?" pergunta aflita.
- "Calma, minha irmã!" Está tudo bem! É que o Pedro saiu do coma e já está na enfermaria e insiste em falar com urgência com o João."
- "Certo, Maninha. Estamos indo imediatamente para aí."
Chegando a portaria do hospital, é informado que visitas só dois dias depois, pois o paciente está em enfermaria.
- "Então, Transfira imediatamente para um apartamento!", vociferou o João, ansioso.
- "Senhor! Lamento informar que todos os apartamentos estão ocupados. Só resta um, mas está em manutenção. Espere um momento! Apenas a Suíte Presidencial está disponível, mas é muito cara.", informa a atendente de portaria.
(Continua no próximo episódio.)