Conto Nublar #010: ZEZIM E A ESCOLA DE CORRUPTOS
Zezim era um garoto de seus 14 anos. Muito esperto e sedento para aprender. Ouvia falar muito de civismo e cidadania e que a melhor forma de exercer a sua era votando nos candidatos que nos representariam no pleito ao qual concorria. Eram os anos 60.
Foi aí que ele resolveu conferir como se exercia a cidadania. No dia das eleições foi verificar como era mesmo que se fazia. Curioso, entrou meio acanhado na seção onde ocorria a votação. Observava tudo. Descaradamente faziam boca de urna em plena seção e os mesário nem aí. Faziam vista grossa, como se nada estive acontecendo. O que mais chocou o Zezim era o fato de que aquilo era totalmente contrário ao que ele estudara na aula de OSPB (Organização Social e Política Brasileira).
Naquela época, o regime militar era vigente e só havia eleições para prefeito e vereadores de pequenas cidades (creio que de menos de 100.000 habitantes). Nos grandes centros, os cargos majoritários como Governadores e Prefeitos eram escolhidos pelo Regime; eram os “biônicos”. Eram os famigerados cargos biônicos,
Zezim foi-se achegando e ninguém o barrou até chegar às mesas. Então, o seu Totonho, candidato a vereador chamou-o a um canto e mostrou umas fichas de cadastro de eleitores. Tinha até de gente que já morrera. E o tal lhe fez a indecente pergunta: “Você consegue imitar a assinatura desses caras?” O garoto ficou vermelho de vergonha e não quis participar daquela falcatrua. “O senhor não está falando sério!”, retrucou. O candidato retrucou: “Deixa de ser besta. Não vai dar em nada. Todo o mundo faz isso. Ninguém via te prender porque é de menor. Qualquer coisa eu assumo”. O menino relutou bastante, mas sucumbiu à fraude, diante de tanta insistência. E os mesários se portaram como se nada estive acontecendo.
O Zezim ficou perplexo com tanto descaramento. “Onde já se viu? Que eleição mais maluca! Até morto votou!” Aquele foi o primeiro e único delito que o Zezim praticou. Mas ficou traumatizado e se sente culpado até hoje. “Porque não fui forte o suficiente para dizer não? Que tipo de homem eu sou?” Esses pensamentos são o maior martírio para o Zezim. Que bom que corruptos não passem de meros moluscos do manguezal, certo de tipo de lagosta tentápode (de 10 pés)!
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I N T E R A Ç Õ E S
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Paulo Pasini *
Caro Pr. Bosco, parabéns pela analogia marinha, na verdade tem
fundamento o que o ZEZIM praticou, pois essa é a pura realidade
que acontece nos dias de hoje. Bem fundamentada as suas
palavras referente a essa teoria analógica, parabéns, demonstra
que és um dos bons morigerados.
Um grande abraço, com a paz do Sr. Jesus.
Mada Cosenza
Bom dia amigo poeta, magnifico conto e espero que hoje não haja
disso, rsss...,
Parabéns Bosco e obrigada pelo carinho sempre. Bjs
Margareth D S Leite
PREFIRO ESTES DO QUE AQUELES DE DUAS PERNAS!!! PELO MENOS
ESSES, ALIMENTAM O POBRE E 'AQUELES' SÓ QUEREM SE DAR BEM,
SÃO OS CORRUPTOS! PARABÉNS.