CRÔNICA #019 - ANDY JAND JANDAIA

Chamava pelos cinco nomes de nossos familiares. Mas o que ela mais gostava de gritar era "Glória a Deus!". Então eu pensava em minha grave voz audível: "É glória a Deus ou é 'Piritiu' "? E eu perguntei: “Glória a Deus, Andy?". Esse era o nome dela. Então ela surpreendeu-me, tentando falar de voz bem grave: “Glória a Deus!” Então não tive mais dúvida.

Ela dormia no banheiro das crianças, em seu poleiro. Sempre que alguém acendia a luz do banheiro, ela esticava as suas asas em alongamento, em seguida, alongava uma perninha e depois a outra, pensando que já amanhecera e gritava: “Glória a Deus! Glória a Deus!” Não usava corrente no pé, mas tínhamos que aparar uma de suas asas de vez em quando para não tentar fugir e terminar no papo de algum gato. Gostava de subir até o meu ombro e ficar bicando carinhosamente minha orelha. Mas se alguém se aproximava de mim, enciumada ela bicava com força a minha orelha.

A Andy era muito engraçada. Certa vez, eu estava projetando algumas mudanças para nossa casa. Enquanto eu pensava, de mão no queixo, surpreendi-me ao ver que a Andy tentando me imitar, passava uma de suas perninhas por trás da asa e segurava o seu bico, de olho em mim. Não agüentei e disparei na gargalhada. Pena que não tinha filme em minha máquina fotográfica (ainda não havia as digitais).

Percebia de longe, quando eu retornava para casa; Ficava saltitando em seu poleiro a gritar: “Glória a Deus! Glória a Deus!” Num desses retornos, a uns 3 quarteirões de distância de minha casa, ouvi nitidamente os gritos de alegria de Andy Jand. “Oxente!”, pensei. “Onde ela está que não a vejo?”. Para surpresa minha, ao chegar em frente ao prédio em que morava, lá esta a Andy Jand, apoiada em um dos cabos de alumínio da rede de 69KV da COELCE, a uns 30m do chão, tremendo-se de medo, pois nunca estivera antes numa altura daquelas. Foi a primeira vez que vi um psitacídeo com acrofobia.

Ainda me lembro como ela gostava de subir em minha cama e deitar-se de papo pro ar, sobre minha barriga e, de costas, subir escalando até meu pescoço para dar-me uma carinhosa bicada em minha orelha.

Interessante é que a Andy pertencia a uma família com duas crianças que a maltratavam muito ao ponto de ela odiar todas as demais crianças. Quando chegou ao meu lar, ela constantemente agredia meus filhos. Mas, passados os dias, recebendo carinho de todos, ela se transformou e se tornou apaixonada por minhas crianças ao ponto de aprender o nome das três. O amor é um sentimento valorosíssimo, que transforma os corações até mesmo dos animais e dizem que afeta até as plantas.

O amor é o maior dom e uma opção. Aplaca o ódio e transforma vidas e o maior beneficiado é aquele que ama, porque certamente é nascido de Deus e conhece a Deus. Quem não ama desconhece-O, porque Deus é amor (1 João 4-8)!

Alelos Esmeraldinus
Enviado por Alelos Esmeraldinus em 05/09/2010
Reeditado em 24/02/2011
Código do texto: T2479219
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