Elótico
Elótico
- Glosa, glosa! – exclamava ela, autoritária.
Ele, que parecia absorto, respondeu:
- Glosa deliva do glego, “telmo obsculo”.
- Não tem jeito...- suspira ela impaciente, colocando os óculos – Humpf. Glosador.
- Espele – pede ele, colocando a prótese – hermeneuta.
- Glossa!! – rugiu ela.
Ele então, tirando a prótese, e como que se desculpando, pois a mesma lhe atrapalha a leitura, afirma:
- Glossa também deliva do glego, “plojeção linguifolme mediana dos lábios dos insetos”.
- Ah não, com a prótese, faz favor. Achou glossado?
- Lepidóptero – afirma ele.
- Então, só falta, glossantraz.
- Ok – fez ele com a cabeça, tornando a colocar a prótese – “Carbúnculo dos cavalos”. Terminamos o glossário, vocabulário em que se explicam palavras de significação obscura, e fiz-lhe um poema.
Ela arqueia as sobrancelhas.
- “Ó donzela, comentar, anotar, censurar, suprimir ou anotar, nunca nunca, vão impedir minha forma de te amar”
- E que forma é essa? – indagou ela – hã, hã, sem a prótese. Agora diga.
- Elótica – disse ele.