ENTREVISTA COM SIMÃO CIRENEU. Aquele que ajudou Jesus a carregar a cruz.

CENÁRIO

Uma sala humilde, contendo uma mesa rústica forrada com uma toalha de renda branca.

Sobre a mesa, uma Bíblia aberta, uma moringa com água e alguma canecas.

Encostada à uma parede, um banco de madeira.

No canto da sala, uma talha de barro, tendo no seu interior alguns ramos de trigo.

CENA 1 :- João evangelista trajando roupas da época, sentado à

mesa, escrevendo em um pergaminho com uma pena de ave.

CENA 2 :- Alguém batendo à porta. João levanta-se para atender. É

um repórter querendo falar com a Virgem Maria. O mesmo é

informado que ela está orando. Ele se propõe esperar.

CENA 3 :- Uma Segunda pessoa batendo à porta. João levanta-se

para atender. Manda que essa pessoa entre, informa que

Maria está orando e que já existe uma pessoa para falar com

ela.

A Segunda pessoa também se propõe esperar sentando-se no

banco ao lado do repórter.

O repórter procura estabelecer um diálogo com o segundo

visitante, apresentando-se e se identificando.

REPÓRTER:- Estendendo a mão para o visitante diz: Muito prazer,

sou repórter e estou aqui com a missão de entrevistar

a Mãe de Jesus, a Virgem Maria. O senhor também é

repórter?

VISITANTE:- Não senhor. Eu sou apenas amigo da família.

REPÓRTER:- Como lhe falei, minha missão aqui na cidade é

entrevistar as pessoas que conviveram com Jesus.

Hoje pretendo entrevistar a Virgem Maria. Por ser a

nossa conversa um pouco demorada; o senhor querendo

poderá conversar com ela antes da entrevista.

VISITANTE:- Não, não! O senhor poderá entrevistá-la, depois eu

conversarei com ela. Gostaria de presenciar esta entre-

vista, até porque, eu também convivi com o Mestre.

REPÓRTER:- O senhor! Como se chama?

VISITANTE:- O meu nome é Simão

REPÓRTER:- Simão?

VISITANTE:- Sim, Simão de Cirene

REPÓRTER:- Então foi o senhor que ajudou Cristo a carregar a Cruz no

Caminho do Calvário? O senhor é o cireneu?

VISITANTE:- Sim senhor, sou eu mesmo

REPÓRTER:- Enquanto a Virgem Maria não vem, o senhor poderia me

responder algumas perguntas?

SIMÃO:- Claro que sim. Fique à vontade.

REPÓRTER:- O senhor tem uma maneira bonita de falar. De onde vem

esse sotaque?

SIMÃO:- Bem, como eu já lhe disse, sou judeu de Cirene; uma cidade

grega que hoje é província romana e que fica na costa da

África. Acho que é por toda essa mistura que meu sotaque é

meio indefinido. Por ser cidadão romano, a mim são

conferidos alguns direitos especiais dentro do império. Mas

não me vanglorio por isso. Considero-me igual a todos.

REPÓRTER:- Gostei da sua sinceridade. Posso tratá-lo de você?

SIMÃO:- Claro que sim. Fique à vontade.

REPÓRTER:- Você não mora mais em Cirene?

SIMÃO:- Não. Há dois anos que eu vim para Jerusalém. Aqui herdei

terras de minha família, formei uma boa plantação de olivas;

adquiri uma prensa e estou produzindo azeite. Como não

tinha ninguém para administrar o negócio, resolvi mudar para

cá. Foi a melhor coisa que fiz durante toda a minha vida.

REPÓRTER:- Entendo. Foi a melhor coisa porque seus negócios

prosperaram!

SIMÃO:- Não, não foi por isso, foi melhor que isso. Foi aqui que eu

conheci Jesus. Foi aqui que me encontrei com a verdadeira

paz.

REPÓRTER:- Que maravilha ouvilo-lo falar assim! Como foi o seu

encontro com Jesus.

SIMÃO:- Foi maravilhoso, apesar de ter começado da pior maneira

possível. Parecia que eu estava no lugar errado, na hora

errada. Veja bem: eu estava voltando do campo, das terras

que herdei da minha família. Cheguei a Jerusalém antes do

meio dia, meus filhos estavam comigo. - Ah! Deixe-me

apresentá-los: este é o Alexandre com 10 anos e este outro

é Rufo que tem 8 anos - como eu dizia, faltavam algumas

horas para o Sábado de Páscoa. Resolvemos dar umas voltas

pela cidade, até porque tinha por ali um movimento meio

estranho. Passamos pela Fortaleza que fica colado ao Templo

e soubemos que o Rabi tinha sido condenado a morte.

REPÓRTER:- Você já conhecia Jesus?

SIMÃO:- Só de ouvir falar. Nunca O tinha visto pessoalmente.

Confesso que fiquei curioso e queria saber porque O

condenaram. Até então só tinha ouvido falar coisas boas a

Seu respeito. Eu tinha ouvido inclusive, que Ele ressuscitara

Lázaro que havia morrido há quatro dias em Betânia e que

entrara na cidade montado em um jumento. Eu sabia que

alguns chefes do povo não O aprovavam, mas daí ao fato de

Ele ter sido cruelmente condenado a morte, sinceramente

falando foi uma surpresa para mim.

REPÓRTER:- O que aconteceu em seguida?

SIMÃO:- Aconteceu que, movido pela curiosidade aproximei-me da

saída da Fortaleza e fiquei num lugar estratégico para vê-lo

passar. O tumulto era grande. Mulheres choravam, homens

gritavam palavras contra Ele e eu não entendia a razão

daquele alvoroço todo. Então Jesus veio carregando a Cruz,

passou perto de mim, eu O vi todo ensangüentado, seu corpo

estava todo em carne viva. Tinha sido esfolado pelos golpes

dos flagrus (flagrus eram pequenos chicotes com três tiras

de couro e ossos de carneiro nas pontas, utilizados pelos

romanos para esfolar a pele dos condenados). Não sei como

Jesus conseguiu carregar aquela Cruz até ali.

REPÓRTER: Você falou que se colocou em um ponto estratégico para

ver Jesus passar. Você conseguiu vê-Lo de perto?

SIMÃO:- Sem dúvida. Como já lhe disse anteriormente, Ele passou por

mim, caminhou mais ou menos uns cem metros, eu O seguia

juntamente com meus filhos. De repente, porém, Ele caiu

sob o peso da Cruz. Os soldados O chicotearam. Ele não

tinha mais forças para prosseguir. Então não sei porque o

centurião que comandava o cortejo olhou para mim e, sem

perguntar, mandou-me levar a Cruz.

REPÓRTER:- Qual foi a sua reação?

SIMÃO:- Sinceramente falando, a vontade que eu tinha era sair

correndo dali. A Páscoa já estava para começar. Se eu

tocasse no sangue de quem quer que seja, ficaria impuro

para celebrar a Páscoa. Imagine! Eu tocar no sangue de um

condenado! E aquela Cruz estava toda manchada de sangue.

REPóRTER:- E o que você fez?

SIMÃO:- Eu me neguei, disse a ele que não dava, que já estava de

saída, que não podia. Porém, ele rudemente colocou a

espada na minha garganta. Não tive outra saída a não ser

obedecer-lhe.

REPÓRTER:- Por que você não alegou ser cidadão romano?

SIMÃO:- Pois é, na hora nem me ocorreu! Se eu tivesse dito,

certamente o centurião procuraria outro, mas graças a Deus

não me lembrei.

REPÓRTER:- A partir daí, qual foi o seu procedimento?

SIMÃO:- Acompanhado pelo centurião, fui até Jesus. Quando

chegamos, notei que Maria, Sua Mãe, acabara de falar

alguma coisa em Seu ouvido. Ele ganhou forças e levantou a

Cruz, foi uma surpresa para todos. Ninguém, naquelas

condições, teria forças e nem vontade para levantar aquela

Cruz tão pesada. Mas Ele teve. Mesmo assim, o centurião

mandou que eu a carregasse. Entrei debaixo dela, pois Jesus

já a tinha levantada, toquei em todo aquele sangue, fiquei

impuro e comecei a carregá-la. Jesus não queria deixar a

Cruz, mas o centurião O obrigou a caminhar na minha frente.

REPÓRTER:- Esse momento deve ter sido marcante em sua vida

SIMÃO:- É claro que sim, jamais esquecerei esse momento. Veja bem:

o povo zombava, as mulheres choravam, os homens cuspiam

em mim pensando que eu também era um condenado, até

porque, logo atrás vinham outros dois que também seriam

condenados à morte.

REPÓRTER:- Qual foi a reação de Jesus?

SIMÃO:- Ele sofria muito por não poder carregar a sua Cruz (nesse

momento Simão se emociona) Ele olhava para trás com um

olhar de quem dizia "deixe-me leva-la".

Mas o centurião não permitia, Jesus estava muito machucado.

REPÓRTER:- Responda-me Simão: A Cruz era muito pesada?

SIMÃO:- Sem dúvida, pesava mais ou menos uns 50 quilos e estava

amarrada aos dois bandidos que vinham atrás.

REPÓRTER:- Qual era o procedimento dos bandidos que vinham atrás?

SIMÃO:- Um deles xingava e maldizia o tempo todo, enquanto que o

outro permanecia calado.

REPÓRTER:- E você, como estava se comportando?

SIMÃO:- Eu também maldizia por estar carregando aquela Cruz. Por

estar passando por aquela vergonha diante de meus filhos,

por ter ficado impuro e ter estragado a minha Páscoa.

Sinceramente, eu não entendia porque Jesus fazia questão

de carregar aquela Cruz, mesmo sem forças.

REPÓRTER:- Foi longo o percurso que você carregou a Cruz?

SIMÃO:- Eu carreguei a Cruz por uns trezentos metros mais ou

menos; foi quando Jesus caiu novamente. Nesse momento

presenciei uma coisa terrível. Alguns homens e vários

moleques aproximaram-se dEle e começaram a chutá-Lo.

Revoltei-me e comecei a gritar com aqueles vândalos, mas

eles não me ouviam. Então pedi ao centurião que fizesse

alguma coisa.

REPÓRTER:- O que fez o centurião?

SIMÃO:- Ele espantou aquele bando de delinqüentes. Mas, Jesus

continuou no chão certamente com muita dor. Nesse

momento aproximou-se uma mulher com uma toalha na mão

e enxugou-Lhe o rosto. Ele agradeceu. Depois ela lhe deu

água e com isso um pouco das suas forças foram

recuperadas.

REPÓRTER:- Como você percebeu isso?

SIMÃO:- É que Ele, mesmo com dificuldade levantou-se, e decidido

entrou debaixo da Cruz com a intenção de me ajudar a levá-

la. Olha, meu amigo, eu fiquei impressionado; os soldados

também ficaram pasmos ao ver que depois de tudo o que Ele

vinha sofrendo, não fugiu da Cruz, carregando-a com muito

amor até o último momento.

REPÓRTER:- Imagino como você estava se sentindo nesse momento.

SIMÃO:- Pode crer, meu amigo, a partir desse momento parei de

maldizer e murmurar contra Deus por estar naquela situação

e comecei a respeitá-Lo.

REPÓRTER:- Quer dizer que você mudou o seu conceito com relação a

Jesus?

SIMÃO:- Totalmente. Até aquele momento para mim Jesus era um

homem comum; de valor é claro, um rabi que estava sendo

condenado injustamente. Mas depois que nossos braços se

cruzaram sobre aquela Cruz percebi que Ele queria ajudar-

me a carregar a mesma Cruz que eu carregava em seu lugar.

Caminhamos juntos sob aquela Cruz. Foi ai que percebi a

Sua pureza de coração, o amor que Ele sentia pelo próximo.

Como podia um homem naquela situação, querer ajudar

alguém?

REPÓRTER:- Qual foi o percurso que vocês caminharam juntos

carregando a Cruz?

SIMÃO:- Caminhamos juntos sob aquela Cruz mais ou menos uns

quatrocentos metros pelas ruas de Jerusalém, entre vielas e

escadarias apinhadas de gente gritando, zombando,

cuspindo. Jesus, porém, continuou sem desanimar.

Certamente estava sentindo muita dor, mas não desistiu por

nenhum momento sequer de amar a sua Cruz. Veja só que

impressionante, quando eu me cansava Ele sustentava o

peso sozinho.

Nessa caminhada, algo dentro de mim foi se transformando.

Além de respeito passei a ter admiração por aquEle homem

que amava a sua Cruz e não fugia da morte.

REPÓRTER:- Você estava ao lado de Jesus durante toda a sua

caminhada, portanto, ouvia tudo o que Ele falava. Podia

nos contar?

SIMÃO:- Muitas vezes Jesus proferia palavras de perdão àqueles que

cuspiam em seu rosto, que zombavam ou que O ofendiam de

alguma maneira. De repente comecei a perceber que o que

eu estava presenciando não era simplesmente um condenado

levando a Cruz, mas alguém que amava profundamente as

pessoas, independentemente do que faziam. Eu me

perguntava: "Meu Deus! O que está acontecendo?" Como

resposta eu só ouvia Jesus dizendo:

"Pai, perdoa-lhes, eles não sabem o que fazem!" O amor dEle

mexeu tanto comigo que eu lhe disse: "Mestre, perdoa a

minha revolta por ter sido obrigado a te ajudar! Tu não

mereces este sofrimento, Senhor, no entanto, estás dando

o maior exemplo de amor e dignidade que já vi na minha vida!"

REPÓRTER:- O que Jesus respondeu para você?

SIMÃO:- Olhando-me com ternura, Ele me disse: "Se tu recebes o

meu amor, tu acalmas os meus sofrimentos. Se tu aceitas o

meu amor, tu acalmas a minha dor. Obrigado, meu irmão!

Foi para isso que Eu vim; para mostrar a todos que o Pai

ama, que o Pai é amor; que todos são amados por meu Pai".

REPÓRTER:- O que essas palavras causaram para você?

SIMÃO:- Essas palavras marcaram-me para sempre, conforme minha

compreensão permitia. Naquele momento eu entendi que

estava diante de um legítimo enviado de Deus. Um profeta.

Hoje sei perfeitamente que estava ao lado do Filho de Deus.

REPÓRTER:- Para chegar ao Gólgota vocês teriam que atravessar

quase toda a cidade de Jerusalém. Sabemos que

aconteceu algo de inédito nesse mesmo momento: O que

foi que aconteceu?

SIMÃO:- Quando saímos da cidade e já podíamos avistar o Gólgota,

faltava mais ou menos uns duzentos metros para o término

da caminhada, Jesus tropeçou e caiu pela terceira vez. Os

soldados vieram para chicoteá-Lo, mas eu gritei: "Não façam

isso!"

REPÓRTER:- E os soldados obedeceram a sua voz de comando?

SIMÃO:- Não, um deles voltou-se para mim furioso, ia dar-me uma

chicotada, foi quando eu disse: "Sou um cidadão romano!"

REPÓRTER:- Qual foi a reação desse soldado?

SIMÃO:- Ele recuou. O centurião mais que depressa aproximou-se

de mim. Expliquei minha cidadania. Ele me pediu desculpas e

arrumou outro para carregar a Cruz.

REPÓRTER:- Então você foi substituído?

SIMÃO:- Não, eu não permiti que isso acontecesse; falei a ele que eu

queria continuar, porém, que ele proibisse os seus soldados

de maltratarem aquele homem.

REPÓRTER:- Ele deve ter achado estranho você, um cidadão romano,

estar protegendo um judeu condenado a morte.

SIMÃO:- Realmente. Foi isso mesmo que ele falou. Porém, segurando

a Cruz eu lhe disse: " Eu O protejo porque este homem é um

profeta; um enviado de Deus".

Ouvindo isso, o centurião balançou a cabeça, mesmo não

entendendo, permitiu que eu continuasse a ajudar Jesus.

Nesse momento Jesus se levantou, olhou nos meus olhos

e me disse: "Obrigado, meu irmão. Obrigado por não ter

fugido da Cruz. Mas agora, por favor, permita-me levar a

minha cruz sozinho. Tenho que levá-la até o fim".

REPÓRTER:- E você, como reagiu com relação a esse pedido de Jesus?

SIMÃO:- Ameacei negar, mas Ele colocou delicadamente seu dedo em

minha boca. Entendi Seu gesto e tive que aceitar. Comecei

a chorar e pedi perdão a Ele por ter eu fugido da Cruz. Ele

colocou a sua mão ensangüentada sobre a minha fronte e me

disse: "Este sangue é o sangue do perdão de Deus. Receba o

perdão e, de agora em diante, tome a sua cruz sem medo e

me siga. Eu estarei sempre com você. Sua cruz será mais

leve". E tomando a sua Cruz, Jesus foi caminhando para

morrer.

REPÓRTER:- Sua missão já estava cumprida. Você então voltou para

casa?

SIMÃO:- Não, não voltei para casa. Chorando continuei seguindo a

Jesus e tomando cuidado para que os ladrões que estavam

amarrados a Ele, não caíssem e o ferissem mais ainda. Ele

conseguiu chegar até o monte carregando aquela pesada

Cruz que tanto amou. Eu chorava muito em ver o sofrimento

daquEle homem. Não tive coragem de ver os soldados

crucificarem-nO.

REPÓRTER:- Quer dizer que aquilo que parecia uma maldição,

transformou-se numa bênção?

SIMÃO:- Sem dúvida. Foi a maior bênção que recebi em toda a minha

vida.

REPÓRTER:- O que aconteceu quando Jesus chegou ao local onde

seria crucificado?

SIMÃO:- Quando Jesus chegou ao Gólgota, eu não consegui

permanecer mais ali. Sai de perto porque não tive coragem

de vê-Lo morrer de forma tão dolorosa, vergonhosa e

ultrajante. Porém, em meu coração, eu me sentia purificado.

Embora eu tivesse tocado no sangue de um condenado, a

sensação dentro de mim era de pureza de alma, de graça,

de paz. Encontrei meus filhos, abracei-os sem receio de

tocá-los e de torná-los impuros por causa do meu toque.

Era estranho, mas, mesmo depois de presenciar todo aquele

sofrimento, minha Páscoa foi cheia de paz.

REPÓRTER:- O que aconteceu depois da morte de Jesus?

SIMÃO:- Depois que Jesus morreu, José de Arimatéia obteve ordens

das autoridades para sepultar o corpo de Jesus.

Como estava surgindo rumores sobre a Sua Ressurreição,

resolvi procurar Maria.

"Nesse momento Maria adentra a sala.

Cumprimenta-os e senta-se no banco

ao lado deles. Quando então o repórter fala":

REPÓRTER:- Que bom. Com a presença da Virgem Maria, agora

poderemos conversar os três. Tudo bem?

MARIA e SIMÃO:- Tudo bem. Estamos de acordo.

REPÓRTER:- Acredito, Simão, que muitos gostariam de ter a graça que

você teve.

SIMÃO:- É o que todos dizem, meu amigo. Para eles eu tenho sempre

uma resposta.

REPÓRTER:- Que resposta?

SIMÃO:- É que todos podem ter esta graça

REPÓRTER:- Como assim?

SIMÃO:- É só descobrir o que Jesus sempre dizia: "Quem quer me

seguir tome a sua cruz e me siga."

Para mim isso foi fácil. Peguei uma cruz de madeira e a

carreguei durante alguns metros. Claro, foi uma graça que

transformou a minha vida. Porém, o que Ele nos pede é muito

mais do que isso.

REPÓRTER:- Ele nos pede mais do que isso? O que por exemplo?

SIMÃO:- Quando Ele diz para tomarmos a nossa cruz e seguí-lo, Ele

quer dizer para que assumamos os nossos sofrimentos sem

medo. Isto é: que não fujamos dos sofrimentos que nos

perseguem. Que nós respeitemos as vontades do Pai sem

jamais blasfemar. Que nós agradeçamos a Deus por tudo o

que acontece em nossas vidas, tanto as coisas boas como

as más. Que façamos dos nossos sofrimentos instrumentos

para a nossa santificação.

REPÓRTER:- Simão disse que, após o sepultamento de Jesus, surgiram

rumores sobre a Ressurreição; motivo pelo qual ele foi

procurá-la. O que vocês conversaram?

MARIA:- Foi justamente sobre isso que nós conversávamos. A

Ressurreição de meu Filho fora profetizada há séculos e

naquele momento, estava se concretizando tudo o que o

Criador prometera.

Falei a Simão sobre a vida do meu Filho. Pois ele não O

conhecia pessoalmente por não haver convivido com meu

Filho ao longo do tempo. Contei a ele fatos pitorescos que

aconteceram na sua infância. Falei da Sua juventude quando

Ele ajudava meu esposo José nos serviços de carpintaria.

Como Ele amava aquele pai que o criou!

Falei do respeito que meu Filho tinha para com as

pessoas, principalmente as mais humildes. Falei da sua

obediência e do amor que Ele tinha por mim, por meu esposo

José que foi para Ele um referencial.

Falamos da suas aparições após a morte. Primeiro Ele

apareceu à Maria madalena, depois a Pedro, duas vezes aos

discípulos para que Tomé também presenciasse a sua

aparição e acreditasse. Falamos da sua aparição aos

discípulos de Emaús e de sua aparição às quinhentas

pessoas, dentre elas Simao que aqui está. Falamos da

incredulidade de Tomé e de sua conversão após presenciar a

aparição de meu Filho - quando estava junto aos colegas -

e tocar em seus ferimentos.

REPÓRTER:- Finalizando, qual mensagem vocês deixariam a todos?

SIMÃO:- Eu diria a todos que nós devemos assumir a nossa cruz,

porque quando nós louvamos a Deus, ela se torna mais leve

pelas bênçãos que nos purificam.

Cada um sabe da sua cruz. Ninguém vive sem ela; e foi

para todos nós que Jesus disse:

"Vinde a mim vós todos que estais cansados e sobrecarrega-

dos sob o peso do fardo, que eu vos aliviarei."

MARIA:- Eu gostaria de enviar uma mensagem a todas as mulheres.

Àquelas que são mães e àquelas que ainda não são.

Àquelas que são mães eu diria para não se desesperarem

diante de alguma necessidade, pois, o amor supera tudo.

Diria à elas para serem perseverantes em sua fé quando

pedirem a Deus proteção aos seus filhos.

Para as mães que foram por Deus escolhidas para serem

genitoras de crianças excepcionais eu diria: Se o Pai celeste

as escolheu para essa missão, é porque Ele sabe do amor que

existe em seus corações. Razão pela qual confiou aos seus

cuidados essas criaturinhas que Ele tanto ama.

Àquelas mulheres que ainda não constituíram família eu

tenho o seguinte recado:

Unam se através do matrimônio à uma pessoa que vocês

amem e sintam se amadas por ele. Saibam que a base de uma

família está no amor recíproco do casal.

FIM

Antônio Oliveira
Enviado por Antônio Oliveira em 15/03/2008
Reeditado em 16/03/2008
Código do texto: T902619