RARA NORA ZILENNIAL FAZ ALMOÇO NA CASA DA SOGRA EM SUA AUSÊNCIA
MANHÃ DE DOMINGO, ALMOÇO DA NORA
Começara ela então, na casa da sogra...
Não!
Na cabeceira da cama, que não existe.
Mas sorrira satisfatoriamente com o sorriso dele,
que existe.
Beijara suas bochechas.
- Bicho tonto! Abra os olhos - talvez pensara ela. Ou
não. Tomada também de preocupações;
preocupando-se consigo mesma. Mas na mesmice
insistente de si.
Sabera sobre si: - Sou tão teimosa. Pra quê?
Teimara até no misticismo dos sinais, dos signos,
dos sonhos, do seu ser.
Taurina, enérgica tanto em vida, quanto taurina
juvenil dos energéticos.
- Eca! - Dissera então, o amado dela.
- Porque não gosta? - Indagara.
- Não me apetece. - Respondera.
Ora, pois queiram vocês ou não interagir nas
dimensões desses dois no momento escrito do
qual relatara ele.
Após a reflexão de vocês próprios, interessados
por até aqui continuarem, prossigam na coluna
existencial do ser, de ser, para saber se
identificam-se... (reticências, que ela não gosta, e
repetindo)...
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RARA NORA ZILENNIAL FAZ ALMOÇO NA CASA DA
SOGRA EM SUA AUSÊNCIA
Jovem nora arrisca cozimentos na ausência da
sogra após ter conhecimento de que a mesma não
estava em sua residência.
Tomada de emoções e necessidades de agrados ao
caçula do qual se envolvera, filho de sua sogra de
dois homens dos anos 80, agregada acorda na
manhã de domingo cheia de mimos e afetos com o
segundo filho, disposta a manifestar seus dotes
culinários.
Entre beijos e gestos carinhosos, seguiram em
direção a residência da matriarca que então visitava
a irmã acamada em decorrência da saúde debilitada.
Motivada então a nora, utilizando do que aprendeu
em sua criação - especialmente com a avó beata
revolucionária - separou os talos de salsinha e
cozinhou com esmero.
A ave, separada na noite anterior por sua sogra-
pioneira-feminista, foi honrada.
Entre afagos no pescoço oriundos da extrema
paixão verdadeira, os quais por muitas vezes são
realizados pela moça, já que majoritariamente o
cozinheiro é seu marido, Victoria (28) cozinhou em
pequenos mimos, no picar da cenourinha, sua
essência mais profunda: a matriz da família, a fartura.
As preocupações da jovem, as quais não eram
desconhecidas por seu companheiro - amor, marido,
parceiro - cessaram-se no mesmo momento em que
o homem, amostrado em tez radiante, provou de
pequeníssimas porções de sabor da mesmice, as
quais em seu complemento tornaram-se uníssono
a beleza da vida.
Deliciados, apreciaram a futilidade gostosa da voz
de Luciano Huck na televisão de tela lcd, que em
mesmo a outro tempo, salpicava a curiosidade da
inteligência desafiadora: será que as crianças do
quadro Soletrando ainda são incríveis?
Hugo, de trinta e oito anos recém completos, sorriu
ao afirmar que as crianças são ainda melhores!
Já a nora perguntou-se mentalmente: "Nossa, por
que eu nunca me candidatei ao soletrando?",
simplesmente por admirar tão apaixonadamente o
interesse infantil em língua portuguesa, a mesma
arte que Victoria mais admirou em toda vida. Real
em ser, expressou-se com convicção quão feliz
estava em toda experiência.
O casal, unidos em segredo íntimo da mais pura
harmonia, confidenciavam jogos de malandragem
diariamente; o moço então descreveu com brilho
em seus olhos o surrupiar de cédulas escondidas
no fundo do guarda-roupa da mãe.
A nora, mesmo atrelada à essência da luta de uma
mulher que admira profundamente, não repudiou o
ato do marido, e sim comemorou com dancinhas
remexendo os quadris.
Afinal, suas vidas eram uma -dentre todas as já vividas juntos, e nessa em conjunto acordo, o amor a cada instante brilhava mais do que qualquer lux descrita na Estória.
Estória, redigida nostalgicamente, de modo
apreciativo, vivida diariamente, para - como Aquilles
almejou - ser marcada.
Hugo e Victoria rolaram como bolas até sua
residência desgrenhosamente maravilhosa,
representação visual de tudo que acham belo; até
as crostas de limo no azulejo do banheiro tem um
charme - decorador não revelado.
Aconchegaram-se no lar construido em erupção do
amor que despertou como clique em comércio local
- Agosto de 2023 - e lustraram a língua do saber,
como nenhum programa de televisão brasileira
dominical jamais apresentou.
Victoria hoje, vestindo o casaco já-não-felpudo de
estampa de onças, gargalha ao contar esse
episódio, enquanto termina uma peça de tricot
esverdeado em agulhas largas.
Hugo encontra-se preparando um chá de capim-
cidreira para a jovem, que já não é mais tão jovem, e
senta-se rapidamente, ao chiar ainda baixo da
chaleira dedilha em seu Gianinni bege-areia notas
saudosas de músicas que a nora de Toninha do PT
carrega no peito.
O bem mais apreciado é a liberdade, devemos
defendê-la com fé e valor.
Repetia o caçula criado no bairro Campo Comprido,
na cidade de Curitiba no Paraná, e após o servir do
chá, concluiu: Sou do Atenas.