CONVERSANDO COM A 'ANSIEDADE'
DIÁLOGO – LUIZ X ANSIEDADE.
Antes de começar esta tarefa que me foi solicitada por minha psicóloga, quero dizer que, durante grande parte de minha vida, convivi e ainda convivo, com a ansiedade. Nós, humanos, claro que nem todos, mesmo que já tenhamos passado por muitas experiências, sofremos com situações diversas. Problemas que nos afligem no dia a dia e temos que resolver. Tenho me esforçado para reduzir o meu sofrimento diante dos desafios que me são impostos. Já consegui desvencilhar-me de embaraços, de batalhas duras. Nem sempre são batalhas tão duras, mas acabo aumentando, sem necessidade, o tamanho delas. Depois de resolvido um ou outro problema, acabo concluindo que não se tratava de situação tão complicada. E o medo de que eles fossem...?
Estou realizando, uma conversa franca com uma personagem que se chama “ANSIEDADE" − companheira dolorosa − esclarecendo um pouco sobre o desafio que enfrento na companhia dessa inoportuna figura.
Luiz – Oi, ansiedade! Preciso falar com você. Peço que pare de me perseguir. Queria ficar livre de suas investidas.
Ansiedade – Você já demonstrou estar ansioso, só porque tem que falar comigo? Acalme-se.
Luiz – Cotidianamente, fico pensando no futuro, o que vou fazer, como resolver isso ou aquilo... Costumo até escrever em um papel algumas tarefas para não me esquecer. Uma coisa: se tenho que ir ao psicólogo ou a um médico, na segunda-feira, um dia antes, já fico pensando que horas tenho que sair de casa... Chego cedo à porta do consultório. Quando estou esperando a visita de alguém em minha casa, fico ansioso quando a pessoa não cumpre o horário marcado. Estes são pequenos exemplos. Quero que chegue a hora e faça rapidamente o que se tem de fazer.
Ansiedade – Por que você não se acalma, preencha seu tempo, fique lendo um livro, assistindo a um filme e deixa o tempo correr sem preocupações?
Luiz – Às vezes consigo me desligar, fazendo isso. Mas há coisas que eu fico querendo que se resolvam rapidamente. Quando peço a alguém para fazer algo para mim e ela demora um pouco... Ih! Às vezes, eu prefiro fazer a ter que pedir. Essa forma de comportamento acaba me consumindo. O nervosismo, sendo grande, me atrapalha até para resolver outras coisas. Acho até que você, ansiedade, pode ser confundida com impaciência. Quando alguém me diz ao telefone que precisa falar alguma coisa comigo, aí eu já fico querendo saber de imediato o que seria e fico nervoso. Enquanto não consigo a informação não sossego.
Ansiedade – Olha, Luiz, você tem todo tempo para solucionar ou conviver com seus problemas. Procure ficar calmo e faça uma coisa de cada vez. Não fique imaginando que o mundo vai acabar daqui a pouco, e não perca o sono porque não vai adiantar.
Luiz – No filme “O TRIUNFO”, o protagonista, Ron Clark, um vitorioso, apesar de todos os embaraços, em poucos momentos ele se desesperou com as dificuldades que estava encontrando como professor de uma escola de periferia. Foi para mim a mensagem deste filme muito significativa, trazendo-me um pouco de aprendizagem para a solução de problemas que me afligem desde o passado, muitas vezes distante, como dificuldades que ainda estejam por vir. Outra coisa: por ter exercido as funções de professor durante muitos anos, até me emocionei com situações vividas pelo protagonista.
Luiz – Acrescentando, já me aconteceu que tinha um problema mais sério para resolver no dia seguinte: ir ao médico para levar o resultado de um exame laboratorial cujos resultados já tinham sido lidos por mim e que me teriam trazido grande preocupação. Além de dormir mal, veio-me um suor pelo medo de ser alguma coisa grave. E, na verdade, no outro dia, o médico me tranquilizou dizendo que não era para se preocupar. Isso já aconteceu várias vezes. Buscar informações no “Google” acaba, muitas vezes, em vez de ajudar, me coloca mais apreensivo ou preocupado.
Ansiedade – Pode-se perceber, através dos exemplos citados, que não devemos sofrer por antecipação. Aliás, é o que me define muito bem. Sei que eu estou presente na cabeça de muita gente e apavoro muitos corações.
Luiz – Apesar de ter conversado comigo, com calma, sem atrito, espero que você não apareça em minha vida com tanta frequência. Não gosto de você, mas tenho que aguentá-la em vários momentos.