Bate-Papo Com Artista Cultural - Episódio 3
Dhiogo Caetano - Um aprendiz de navegante no oceano existencial
Professor, jornalista e ator fala sobre o seu trabalho, a sua filosofia de vida e da personagem Matilde Caetano.
O nosso terceiro bate-papo com artista cultural é com...
Dhiogo Caetano - Humano, professor, jornalista, ator... Quero dizer que não sou nada diante da vastidão que me circunda. Nada é meu, nada me pertence! Sou só um navegante, ou melhor, um aprendiz de navegante que neste oceano existencial procura ser simplesmente mais uma gotícula em meio à infinitude líquida que compõe o vasto mar. Nada sou, sou nada, nada é meu, meu é nada, simplesmente nada, nada simplesmente estou!
Confira a entrevista com Dhiogo J. Caetano
Você é um multiartista. Além de jornalista e escritor de reflexões bem contundentes, é ator e criador de uma carismática personagem, a Matilde Caetano. Como é passear por tantas artes assim?
A vida sempre me inspirou a transver os múltiplos contextos. Procuro abordar em meus singelos trabalhos a voz dos bestializados, aqueles esquecidos pelo sistema. Enfatizando sempre uma arte que liberta e conscientiza. Espero levar a mensagem a todos os campos da arte. Fazendo uma arte além da arte. Promovendo rupturas no patológico sistema. As artes me mantêm vivo. Avante!
Como escritor, quais obras já lançou? Como foram as experiências com a literatura por onde passou e viu a repercussão dos leitores?
A vida (literatura) me utiliza como um singelo instrumento. Não sou proprietário de nada (mero instrumento), quero servir em prol dos direitos da humanidade. Lancei as obras: “O Medo da Morte na Idade Média: Uma Visão Coletiva do Ocidente”; “As Mães dos que Não Nasceram de Mim”; “Transolhando as Transvicções”; “O Eu que se Abriga em Você”; “Romãs Proibidas”; “Walppher”; com participação em 60 antologias nacionais e internacionais. Felizmente o nosso trabalho foi reconhecido por personalidades e instituições mundiais, tais como o Papa Francisco; Rainha Elizabeth II; Leonardo Boff; Organização das Nações Unidas (ONU); Biblioteca do Congresso Americano (Library Of Congress - African, Latin American & Western European Division Iberia/Rio Section). Vivenciei momentos inesquecíveis ao longo da minha trajetória literária, encontros iluminados, parcerias enriquecedoras, porém, não espero nada, preocupo-me em aprender, entender, saber. A missão é promover a coerência e ética; se os meus rabiscos tocarem uma pessoa, concluirei que a missão foi cumprida. A literatura é um terreno do saber, uma fórmula onde se mistura educação, arte, “liberdade” e expressão; importantes armas que podem mudar o rumo do nosso país e do mundo, rompendo com as mazelas e com a excessiva manipulação e exploração da massa. Nas margens da sociedade estão os “bestializados”, os esquecidos, os excluídos pelo sistema; aqueles que não leem, porque não têm acesso a este mundo mágico e transformador que é a literatura.
E como jornalista, escreve a coluna do portal OLHO VIVO, sob o título “Conflitos Sociais”. Seu objetivo é debater o que acontece com a sociedade?
Ler é uma arte que liberta. A leitura nos alforria da patológica ignorância. Lamentavelmente os homens se aprisionam no essencialismo. Cláudio Alcântara, obrigado por acreditar no meu talento, pela oportunidade de corroborar e fazer parte da família OLHO VIVO. Busco fazer uma miscelânea de temáticas do cotidiano, adoro escrever com alma e expressar a verdade vivenciada no meu dia a dia. Acredito que o escritor é o “senhor do tempo”, ele tem o poder de eternizar fatos, momentos, amores, e salvar vidas através da sua arte de transcrever o mundo a partir de versos, prosas, crônicas e belos poemas. A coluna “Conflitos Sociais” busca trazer os ecos de uma realidade “injusta e densamente corrupta” que perpassa na atmosfera que envolve o micro e o macro; reflexões necessárias para a reconstrução consciente da nossa sociedade. Sou instrumento da vida, deixar uma mensagem de amor é a minha busca diária. Cooperatividade é o caminho para o progresso da humanidade. Esqueçamos o Eu, trabalhemos o Nós!
Além de escritor, é ator e criador de uma personagem carismática. Como e quando a criou? O que ela fala ou representa de alguma forma é seu “alter ego”?
“A Matilde Caetano, bem-humorada e alegre, gosta de semear carinho e compreensão. Mas tem um pouquinho de vaidade. Quem não tem? Com firmeza ela repete: “Falem bem ou falem mal, mas falem de mim!”. Sim, a Matilde gosta de ser paparicada. É espontânea, alegre, mas não é fútil. Não gosta de fofocas. Ela gosta também de analisar o mundo e, algumas vezes, de dar orientações. Matilde quer promover a gentileza, pois sabe que as pessoas precisam de atenção, de carinho. Ela quer garantir risadas, mas risadas ingênuas… Essas que alegram o coração e não machucam ninguém. No fundo, Matilde é uma pessoa muito sensível, e deseja que o mundo seja melhor. Sonha com um mundo sem preconceitos, sem medo, menos egoísta, e com mais solidariedade e amor. Essas são características de “Matilde Caetano”, personagem criado por Dhiogo Caetano. Trata-se de uma mulher curiosa, que gosta de analisar pessoas e situações da vida cotidiana. Sem ostentação, Matilde nos leva pelo mundo da reflexão. Alerta-nos sobre atitudes humanas. Seu objetivo é nos ajudar a ver e compreender o mundo”. (Isabel Furini)
Uma personagem humorada que nasceu na construção de uma peça teatral, transcendendo a mesma e ganhando espaço no dia a dia de mulheres que encontram na Dona Matilde a representatividade da mulher periférica, preta, viúva, mãe solteira, independente, revolucionária; que lamentavelmente vivencia a solidão da mulher preta, opressões, violências, racismo, sexismo e a brutal desigualdade social. A Matilde é o fluxo do feminino que reside no masculino que compõe a essência do Dhiogo (Somos Unos).
A Matilde Caetano tem te acompanhado em peças teatrais e vídeos na internet? O que ela diria a respeito da sociedade atual e sua própria aceitação como uma artista que poderia ter mais espaço na mídia, TV, streaming?
O amor supera absolutamente tudo! O planeta está em colapso e a humanidade segue afogando-se na ignorância. O preconceito ficou escancarado, o respeito se esvai e o desrespeito obscurece o cotidiano. O prazer em ver o outro sofrer extravasa todos os limites, a difusão das ações belicosas vem tornando-se prática do agora. Precisamos refletir o que estamos falando para o próximo mais próximo de nós. Expor um artista não é agredir, denegrir, coagir, violar... O artista é um ser sensível que utiliza dos seus talentos para apresentar o belo, trazendo alegria, leveza, paz, reflexões, ordem e progresso. Que a sabedoria seja o nosso ponto de partida e o amor o resultado do nosso trabalho. Não vou desistir! Com o coração cheio de esperança, e confiante no amor que sustenta a humanidade, não hesitarei em realizar o meu trabalho. Eu sou o movimento de resistência, o grito contra os preconceitos, a motivação de seguir acreditando na humanidade, na esperança de dias melhores. Com amor venci: o ódio gratuito, a pedofilia mascarada, a frieza do bullying, a hostilidade do preconceito social, religioso, racial, sexista, xenofóbico... O egoísmo do outro despertou a arte de amar que reside em mim. Que o melhor se manifeste!