ENTREVISTA COM A ESCRITORA SHERY DUQUE PINHEIRO
 

Bicho-preguiça é destaque na literatura brasileira

 


Por Shirley M. Cavalcante (SMC)

 
Shery Duque Pinheiro é bióloga e Mestre em Biologia e Comportamento Animal pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). É presidente do Programa de Estudo, Manejo e Conservação do Bicho-preguiça , uma associação que há 21 anos trabalha pela conservação de preguiças que ocorrem no Brasil. Além de trabalhar como professora e pesquisadora, a escritora vem atuando em diferentes meios para divulgar a ciência e a importância de conhecer e preservar os animais. Além de autora de artigos e capítulos de livros científicos, no segmento da literatura infanto juvenil publicou o artigo Destros ou canhotos, isso vale para os animais?!? Na Revista Ciência Hoje das Crianças, em seguida o livro Mário, um bicho sem preguiça A aventura de Margarete: a preguiça-de-coleira ambos para a série de contos infantis do Programa de Estudo, Manejo e Conservação do Bicho-preguiça. Participou das Antologias No meio do Caminho Tinha um professor  e Resenhando (Editora Clube de autores), Animais em foco pelo GAIA- Grupo de Atividades Interdisciplinares sobre os Animais (no prelo), Elementos da Natureza pela Literart kids (no prelo). É membro imortal correspondente da Academia de Letras do Brasil – Seccional Campos dos Goytacazes e do Coletivo Mulheres Artistas.
 
“É urgente dar visibilidade para a causa animal, e usar a literatura, o elemento lúdico para conscientizar e popularizar.”
 
Boa leitura!
 
Escritora Shery Duque Pinheiro, é um prazer contarmos com a sua participação na revista Divulga Escritor. Conte-nos, como começou o seu gosto pelos animais, em especial, a preguiça?
Shery Duque - O amor pelos animais começou na infância, porque minha mãe sempre gostou muito de animais e estávamos sempre rodeados por eles em casa. Na adolescência fiz um curso técnico em agropecuária que me aproximou do universo dos animais explorados para alimentação humana e me despertou para a vontade de seguir trabalhando pelo seu bem-estar. Na faculdade de Biologia tive meu primeiro contato com diferentes espécies de animais silvestres e em especial com as preguiças. Iniciei o trabalho em prol de sua preservação naquela época desenvolvendo inúmeros projetos, até consolidarmos a associação Programa de Estudo, Manejo e Conservação do Bicho-preguiça.
 
O que a inspirou a escrever “A aventura de Margarete: a preguiça-de-coleira”?
Shery Duque - Toda a coleção de contos infantis prevista para o Programa de Estudo, Manejo e Conservação do Bicho-preguiça visa abordar as questões mais impactantes para cada uma das espécies. No caso da preguiça-de-coleira (Bradypus torquatus), a intenção era chamar atenção para as pressões ambientais como o desmatamento causado pela expansão agropecuária, indústria de móveis e pressão imobiliária sobre a Mata Atlântica (bioma no qual esse animal ocorre), fatores que estão levando essa espécies à extinção e torna-la conhecida do público.
 
Apresente-nos a obra
Shery Duque - Na obra A aventura Margarete narra a história da preguicinha Margarete, uma preguiça-de-coleira que vai comemorar seu aniversário de cinco anos junto com seus pais e todos os parentes que moravam na floresta. Com sua amiga Lili, uma mariposa que vive em seus pelos, e os primos Tutu, um tatu canastra, e Tatá, um tamanduá de colete, saem a procurar os pais da Margarete floresta a fora.
Encontram a coruja Chuvisco, que os acompanha. Descobrem árvores cortadas, muitos animais assustados, outros desaparecidos, áreas de desmatamentos, rodovias, máquinas barulhentas, carros, casas, humanos … e a civilização. Agora eles precisam encontrar os outros animais que sumiram e os pais de Margarete, mas a única pista vem de um pica-pau meio maluco. Com muita coragem e determinação eles irão em busca de repostas e viverão uma grande aventura com um final surpreendente!
 
O que mais a atrai nesta obra literária?
Shery Duque - A possibilidade de tornar a preguiça-de-coleira conhecida dos brasileiros. É uma lastima que nossas crianças estejam mais familiarizadas com os animais da fauna exótica do que com as espécies que ocorrem aqui no Brasil. É urgente dar visibilidade para a causa animal, e usar a literatura, o elemento lúdico para conscientizar e popularizar.
 
Além de “A aventura de Margarete: a preguiça-de-coleira”, você tem outro livro, direcionado ao público infantil, publicado, “Mário, um bicho sem preguiça”. Apresente-nos a obra
Shery Duque - Mário um bicho sem preguiça é uma história voltada para o público infantil, indicada para faixa etária de 3 a 8 anos. O livro narra a história de Mário, um filhote de bicho-preguiça que nasceu em um parque na cidade e procura demonstrar o modo de vida das preguiças. O que comem, por que eles são lentos, por que eles costumam descer ao chão para defecar, como chegaram aos parques urbanos e quais são os principais problemas que enfrentam vivendo nesses lugares.
Em formato brochura, a produção da obra foi desenvolvida com um forte conceito ambiental e didático que possibilita a associação entre o conhecimento técnico e o lúdico. Com uma linguagem totalmente adaptada para o público infantil.
 
Quais os principais objetivos a serem alcançados por meio da leitura desta obra literária?
Shery Duque - Tornar a preguiça-de-coleira conhecida dos brasileiros em primeiro lugar. Com sequência ter uma instrumento legítimo de educação que promova de fato uma conscientização. É uma lástima que nossas crianças estejam mais familiarizadas com os animais da fauna exótica do que com as espécies que ocorrem aqui no Brasil.
Eu costumo dizer que falhamos terrivelmente na divulgação científica  quando o conhecimento não consegue  atravessar os muros da universidade e falar a língua das pessoas não acadêmicas. Não podemos preservar aquilo que não conhecemos! Toda mudança requer primeiro por uma expansão de consciência e em seguida ações efetivas. O povo precisa conhecer e se apropriar de suas riquezas para que possa defendê-la e lutar pela sua preservação.
 
O valor arrecadado das vendas dos livros será doado a uma associação.  Comente sobre esta ação.
Shery Duque - Como escritora diretamente envolvida na causa da preservação animal, todos os livros sobre as preguiças, eu abro mão dos direitos autorais. Assim todo valor arrecadado com a venda dos exemplares é doado integralmente para a associação Programa de Estudo, Manejo e Conservação do bicho-preguiça. É uma associação sem fins lucrativos constituída por profissionais altamente qualificados, todos voluntários, o dinheiro ajuda a manter os projetos de pesquisas e reabilitação em diversos lugares com diferentes espécies.
 
Onde podemos comprar os seus livros
Shery Duque - Os livros podem ser adquiridos no site da associação: www.projetopreguica.org.br
Ou diretamente comigo através das minhas páginas nas redes sociais:

E-mail: sheryduque@gmail.com /tel whatsapp comercial (24) 99276-1963
 
Quais os seus próximos projetos literários?
Shery Duque - Estou trabalhando em outros dois livros infantis que devem ser lançados para o Natal: ABC dos animais – contos da fauna brasileira e A vida secreta das preguiças. Ambos estão fase de edição. Há ainda outras duas Antologias em que estou participando e que estão em via de serem lançadas: Animais em Foco pelo Grupo Gaia, prevista para Outubro de 2020 e Elementos da Natureza pela Literart Kids que seria em Abril mas foi adiado devido a pandemia.
 
Que desafios você encontra no mercado literário brasileiro?
Shery Duque - Acredito que os desafios são diferentes quando olhamos para os distintos setores do mercado literário. As editoras de modo geral, precisaram fortalecer o e-commerce buscando novos nichos para chegar aos consumidores em tempos de distanciamento social.
Os autores independentes como eu, sempre tiveram as feiras regionais e canais da internet como principal forma de divulgar nosso trabalho, sentimos ainda mais a situação e a recessão advinda da pandemia. É possível perceber nas redes sociais, que são um termômetro e uma vitrine, que há um esforço coletivo para seguirmos produzindo e viabilizando nossas publicações através de academias, associações, coletivos de literatura, antologias, editais e sites que imprimem sob demanda para manter o valor competitivo do livro, sem perda de conteúdo e qualidade gráfica.
 
Conte-nos em sua opinião o que cada leitor pode fazer para ajudar a vencermos os desafios encontrados no mercado literário brasileiro?
Shery Duque - Existem muitas formas de contribuir com o trabalho novos autores independentes e pequenas editoras. Um forma de contribuição direta é comprar seus livros, contribuir com financiamentos coletivos, e dar livros de presente. No entanto, as formas de contribuição virtuais ou indiretas também são muito importantes no contexto atual. Você pode seguir as páginas dos autores nas redes sociais, curtir os conteúdos postados, interagir com comentários e sugestões, recomendar e sugerir as obras para os amigos e participar dos eventos e lançamentos.
 
Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista. Muito bom conhecer melhor a escritora Shery Duque Pinheiro. Agradecemos sua participação na Revista Divulga Escritor. Que mensagem você deixa para nossos leitores?
Shery Duque - Eu sou  grata a Revista Divulga Escritor pelo espaço e oportunidade de mostrar um pouco do meu trabalho e da causa ambiental por trás dele. Eu costumo dizer que quando o livro é honesto, ele encontra seu público e assim tem sido com minhas obras. Espero contribuir para o engrandecimento da sociedade levando aos pequenos leitores, suas famílias e professores um conteúdo com qualidade técnica, estética e pedagógica. Pois compartilhar nosso saber, falar sobre o amamos é sempre um prazer e um grande privilégio.
 
 
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Revista Literária da Lusofonia
Enviado por Revista Literária da Lusofonia em 30/04/2021
Reeditado em 06/03/2023
Código do texto: T7245063
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