Entrevista com a autora Paula Jorge

Entrevista

ICE- O que é para si a poesia? E o que é para si um poeta?

PJ - A poesia é poder escrever aquilo que me vai na alma, sem regras demasiado impostas e entraves que nos bloqueiam. Simplesmente libertar os vocábulos e ampará-los com os sentimentos. Um poeta é alguém que se solta das palavras de forma a passar uma mensagem. De preferência sem a arrogância de se intitular “rei e senhor” da escrita. Estamos sempre a aprender e isto de escrever bem tem muito que se lhe diga.

ICE-Como foi o seu primeiro contacto com a poesia?

PJ – Já em miúda, lia e escrevia muito. Os textos em quadras fascinavam-me. Devorava os textos dos manuais da escola primária. Sempre tive muito à vontade com as palavras, já com os números…

ICE-Escreve apenas poesia ou também tem interesse por outro género literário?

PJ - Adoro escrever. Seja prosa ou poesia. Fascina-me escrever romances, tal como contos, lendas, crónicas ou outros géneros literários.

ICE-Prefere escrever quando está sozinho ou a vida que o/a rodeia é também a sua inspiração?

PJ – Como tenho duas filhas, isto de estar sozinha quase nunca acontece, por isso tenho mesmo de me adaptar a qualquer circunstância. Quem gosta de escrever, escreve, independentemente de estar só ou acompanhado. Temos de gerir o tempo de modo a fazer o que gostamos. Se arranjamos desculpas por isto ou por aquilo, iremos sempre encontrá-las para ficarmos sentados no sofá. A vida que me rodeia serve de inspiração, tal como o mar, a terra, a serra e as gentes. Tudo poderá ser um ponto de partida, até uma simples pedra.

ICE-A que autor(es) escreveria um poema em agradecimento ou homenagem pela inspiração que lhe transmitiu?

PJ – Há um poeta que me inspira diariamente pela intensidade e excelência que emprega nos seus textos poéticos e nas reflexões que partilha, é o poeta Vítor Costeira. Acho que as homenagens devem ser feitas enquanto as pessoas estão vivas.

ICE-Alguma vez quis ou sentiu a necessidade de frequentar um curso de escrita criativa?

PJ – Como professora, a formação no meu dia a dia é uma constante. No entanto, essa é uma formação que gostaria muito de tirar.

ICE- Gosta mais de livros físicos ou os livros digitais (e-books)?

PJ – Prefiro os livros físicos, sem dúvida. O folhear, o cheiro do papel, os dois ou três livros na mesinha de cabeceira – estes são aspetos que nos envolvem numa magia insubstituível.

ICE-Quando começa a escrever, já sabe como vai terminar o seu poema? Ou vai criando à medida que escreve?

PJ – Raramente sei como termina. A não ser que seja algo muito específico. A magia da poesia também é isso – deixar fluir livremente até onde as palavras nos levarem.

ICE-Quais são os seus autores preferidos (nacionais ou estrangeiros)?

PJ – Florbela Espanca, Isabel Allende, Danielle Steel e Paulo Coelho.

ICE- Tem alguma obra publicada ou que gostasse de vir a publicar? Quer falar-nos desses projetos?

PJ – Tenho o “Paula” da Chiado Editora lançado em 2018. O livro, para além das histórias, peripécias e inquietudes de uma mulher atual, fala de diversos locais típicos da região de Lafões, com as suas lendas, etnografia, usos, costumes e cultura popular. Há quem o considere um bom cartão de visita para mostrar a bela região de Lafões.