Entrevista com o autor António Silva

Entrevista

ICE- O que é para si a poesia? E o que é para si um poeta?

AAS- No sentido lato, poesia é tudo o que exprime o sentimento do belo.

No sentido individual, é a forma de exteriorizar todo um turbilhão de sentimentos, emoções ou frustrações, que a palavra falada se coíbe de exprimir por uma ou outra razão.

Um poeta é o agente dessa exteriorização. É um sonhador, um sofredor da saudade, um viajante do tempo e espaço, um insatisfeito na busca da perfeição, do amor, da felicidade… Na voz de Florbela, “é ser maior, ser mais alto…”.

ICE- Como foi o seu primeiro contacto com a poesia?

AAS- Foi natural e espontâneo, sem qualquer influência literária. Nasceu da necessidade de me exprimir e de gritar ao mundo tudo aquilo que eu sentia e que as palavras me proibiam de dizer.

ICE- Escreve apenas poesia ou também tem interesse por outro género literário?

AAS- Escrevo tanto poesia como prosa (Contos), onde ultimamente também tenho ganho alguns prémios em jogos florais.

ICE- Prefere escrever quando está sozinho ou a vida que o/a rodeia é também a sua inspiração?

AAS- Prefiro escrever quando estou sozinho, se bem que também consiga produzir algum trabalho quando estou rodeado por alguém.

ICE- A que autor(es) escreveria um poema em agradecimento ou homenagem pela inspiração que lhe transmitiu?

AAS- A nenhum em particular, e a todos em geral, pelo respeito que tenho por todos eles. De facto, nunca me senti inspirado ou influenciado por qualquer autor - embora a minha poesia e prosa por vezes se identifique com alguns deles - pela simples razão de que, quando comecei a escrever, ainda antes da adolescência, não tinha tido qualquer contacto com alguma corrente literária. Portanto a minha inspiração é inata.

ICE- Alguma vez quis ou sentiu a necessidade de frequentar um curso de escrita criativa?

AAS- Não, nunca senti essa necessidade

ICE- Gosta mais de livros físicos ou os livros digitais (e-books)?

AAS- Livros físicos.

ICE- Quando começa a escrever, já sabe como vai terminar o seu poema? Ou vai criando à medida que escreve?

AAS- A maior parte das vezes não sei como vai acabar; o final surge com naturalidade à medida que o poema vai evoluindo.

ICE- Quais são os seus autores preferidos (nacionais ou estrangeiros)?

AAS- Camões, Pessoa, Sophia de Mello Breyner, Homem de Melo, António Nobre, Botto, Cesário Verde, Antero do Quental, Herberto Helder, Eugénio de Andrade, Manuel Alegre, Ary dos Santos, David Mourão Ferreira, Alexandre Onneil, Florbela Espanca, António Gedeão, Vasco Graça Moura...(poesia). José Saramago, Lobo Antunes, José Luis Peixoto, Eça de Queiroz, Miguel Torga, José Régio, Júlio Dinis, Alves Redol, Miguel Sousa Tavares, Almeida Garrett… (Prosa).

ICE- Tem alguma obra publicada ou que gostasse de vir a publicar? Quer falar-nos desses projetos?

AAS- Não tenho nenhuma obra publicada, além de fazer parte de algumas antologias poéticas. Tentei uma vez publicar na Editora Caminho um livro de poesia, mas em vão. Mas como escrevo muita poesia e contos para concorrer aos Jogos Florais, e com o avançar da idade, fui-me “acomodando "e desinteressando por qualquer publicação.

No entanto, ainda gostaria de ver os meus poemas e contos publicados.