Entrevista com o autor Jorge Nuno
Entrevista
ICE - O que é para si a poesia? E o que é para si um poeta?
Jorge Nuno- Sem entrar em questões filosóficas, de uma forma simples, digo que pouco me importa as definições de poesia ou o que é ser poeta. Sei que entrou cedo na minha vida e que, passadas várias décadas, ainda se mantém, sendo um sentir muito agradável.
ICE-Como foi o seu primeiro contacto com a poesia?
Jorge Nuno- Foi na dita “escola primária”, estendeu-se pela adolescência e teve um pico quando, na juventude, fiz parte de um grupo de jograis, com atuações em palco, e apercebi-me verdadeiramente de alguns “monstros” da poesia em Portugal e Brasil.
ICE-Escreve apenas poesia ou também tem interesse por outro género literário?
Jorge Nuno- Sim, escrevo poesia, mas também prosa, sob a forma de crónica, conto, romance e dramaturgia.
ICE-Prefere escrever quando está sozinho ou a vida que o/a rodeia é também a sua inspiração?
Jorge Nuno- Particularmente, na escrita de crónicas, é fundamental estar atento à realidade do mundo que me cerca. Mas a escrita é um ato solitário, e reconheço que é bem mais fácil escrever sem elementos de distração, pelo que a noite é ótima para trabalhar a escrita – não indo tanto pela inspiração, pois é preciso “arregaçar as mangas”.
ICE-A que autor(es) escreveria um poema em agradecimento ou homenagem pela inspiração que lhe transmitiu?
Jorge Nuno- Nunca senti essa necessidade ou vontade. “Apenas” tenho feito a referência a vários autores que li (compulsivamente?) nos meus 14, 15, 16 anos, em que já lia clássicos da literatura, como: “Os Irmãos Karamazov”, de Dostoievski; ”Guerra e Paz”, de Tolstoi; “Grandes Esperanças”, de Charles Dickens; “O Vermelho e o Preto”, de Stendhal; “Os Miseráveis”, de Victor Hugo; “O Crime do Padre Amaro”, de Eça de Queiroz [que li durante uma noite]; “Esplendores e Misérias das Cortesãs”, de Honoré de Balzac; “Doutor Jivago”, de Boris Pasternak, entre muitos outros. Não tenho dúvidas da importância destes autores na minha forma de encarar o mundo, de crescer como pessoa e mais tarde como escritor.
ICE-Alguma vez quis ou sentiu a necessidade de frequentar um curso de escrita criativa?
Jorge Nuno- Nunca, pois admito que possa haver uma formatação… com o qual em não quero sentir-me “alinhado”. Tenho uma enorme vontade de aprender… aprender… mas quero ser eu mesmo, daí ter sido sempre um autodidata, a ponto de, ao iniciar um conto que viria a desenvolver e transformar num romance, sentir uma enorme vontade de comprar e ler o livro “Como não escrever um romance”, que aborda “200 erros clássicos e como evitá-los”, fi-lo e senti que me foi útil.
ICE- Gosta mais de livros físicos ou os livros digitais (e-books)?
Jorge Nuno- Claramente, os livros físicos. Gosto de manusear o papel, colocar um marcador, levá-lo na mão para qualquer lado ou manuseá-lo em casa… Todos os dias o faço!
ICE-Quando começa a escrever, já sabe como vai terminar o seu poema? Ou vai criando à medida que escreve?
Jorge Nuno- Escrever um poema, um conto, uma crónica… é um pouco como pintar uma tela (outra das minhas paixões, em que exponho pintura, acompanhada de poesia!), em que nos colocámos à frente da tela branca, com os materiais adequados, com vontade de fazer algo interessante, e é só deixar fluir!... No poema que escrevi propositadamente para a antologia de poesia “Natureza à Escuta”, só tinha a temática. Quando iniciei o poema, estava bem longe de me “sair na rifa” um poema escrito em quatro oitavas líricas decassilábicas, e fiquei-me por ali, já que ainda tinha "mais pano para mangas", pois é uma temática que dá para desenvolver, só que poemas longos serão de evitar.
ICE-Quais são os seus autores preferidos (nacionais ou estrangeiros)?
Jorge Nuno- Sem saber da existência desta pergunta, já respondi anteriormente, a que poderia juntar muitos mais autores.
ICE- Tem alguma obra publicada ou que gostasse de vir a publicar? Quer falar-nos desses projetos?
Jorge Nuno- Sim, tenho publicado: três livros técnicos de apoio a formação; um manual para apoio ao utilizadores de software criado por mim; um romance. Participei em cinco dezenas de coletâneas de poesia, contos, crónicas… em suporte de papel e digital. Quanto a vir a publicar: tenho vários trabalhos compilados com essa finalidade, mas que tenho adiado, tanto de poesia, contos, crónicas, romances ou dramaturgia; em quase todos estará implícita a ideia “Amanhecer ao Entardecer”, como se desse, aos outros, estímulos para um envelhecimento ativo, tal como a ideia lançada por mim numa Universidade Sénior em Portugal, durante os seus primeiros quatro anos de vida, onde fui professor; o conteúdo da poesia, vai apontando para “Espiritualidades”, “Leveza de Escrita”; “Causa Maldita” e “Toque de Humor”, com mensagens variadas. Vários desses poemas, após declamação por convidad@s, converti-os em pequenos vídeos e disponibilizei-os no YouTube.