Entrevista com a autora Cátia Martins

Entrevista

ICE- O que é para si a poesia? E o que é para si um poeta?

Cátia Martins- Para mim a poesia é um simples libertar de alma, tirar a agonia do quotidiano em palavras bonitas e que, por mais drástico que seja a temática, é a melhor forma de amenizar os assuntos. O poeta é o libertador. É aquele que chega ao coração dos outros. Se não atinge pelo tema, atinge pela música que o poema faz soar.

ICE-Como foi o seu primeiro contacto com a poesia?

Cátia Martins- Foi na escola, acho que aí é onde começamos sempre. Mas enraíza em uns e em outros não. Prendeu-me. Li muitos poemas feitos por um tio meu. O engraçado é que ele era romântico e divertido, assim como os seus poemas. Para além de me fazer rir, fazia-me sonhar com o amor. Aprendi que poema é amor, poema é diversão, poema pode ser tristeza, mas conforta o coração.

ICE-Escreve apenas poesia ou também tem interesse por outro género literário?

Cátia Martins- Eu escrevo crónicas, romances, policiais, prosa, letras de música, contos. A escrita faz e sempre fará parte de mim. Desassociar-me da escrita é perder metade de mim.

ICE-Prefere escrever quando está sozinho ou a vida que o/a rodeia é também a sua inspiração?

Cátia Martins- Eu busco inspiração em tudo, mas principalmente quando reflito sobre a vida a inspiração aumenta. A vida é tão complexa, todos os temas do mundo acabam por pertencer à vida. Então, estando sozinha ou rodeada de tantos estímulos traz sempre inspiração de diferentes maneiras.

ICE-A que autor(es) escreveria um poema em agradecimento ou homenagem pela inspiração que lhe transmitiu?

Cátia Martins- Sinceramente tenho uma rede de autores a quem agradeceria, mas engraçado é que fico muito presa em Camões! Adoro história e ele consegue contar a história com a sua perspetiva, acrescentando ou não narrativas próprias. Inspira-me.

ICE-Alguma vez quis ou sentiu a necessidade de frequentar um curso de escrita criativa?

Cátia Martins- Senti muita vez esta necessidade. Principalmente em uma altura em que me sentia menos inspirada, criativa e talentosa. Parecia que já nem sabia escrever. Cheguei a procurar para escrever bem português. Mas a solução foi simples, voltar a escrever e (re)aumentar o meu vocabulário.

ICE- Gosta mais de livros físicos ou os livros digitais (e-books)?

Cátia Martins- Livros físicos sem duvida, sou uma grande colecionadora de livros.

ICE-Quando começa a escrever, já sabe como vai terminar o seu poema? Ou vai criando à medida que escreve?

Cátia Martins- Nunca sei como irá terminar. Não faço planos. Vai sendo criado. E tenho grande dificuldade em terminar qualquer livro que escrevo, exatamente por não os planear. Muitas vezes deambulo na escrita sem uma rota.

ICE-Quais são os seus autores preferidos (nacionais ou estrangeiros)?

Cátia Martins- Os autores internacionais que admiro e de uma era mais recente são: David Safier pelas gargalhadas que provoca; Nicholas Sparks por todo o seu romantismo e; E L James também me agrada. Existem muitos mais.

Os portugueses que gosto de ler são: Pedro Paulo Câmara que, foi meu professor, e que me inspirou a escrever histórias com mistério envolvidas de crime e contos; Margarida Rebelo Pinto e; Pedro Chagas Freitas

ICE- Tem alguma obra publicada ou que gostasse de vir a publicar? Quer falar-nos desses projetos?

Cátia Martins- Eu publiquei em 2015 o meu primeiro livro – Amor no Meio do Cãos – depois de participar em um concurso de escrita onde me incentivaram a publicá-lo. Em suma são quatro contos, onde são retratadas problemáticas como o racismo e o preconceito. Foi uma primeira aventura. Neste momento estou a escrever oito em simultâneo, mas com a falta de tempo está a ser difícil terminar. Um dele é uma comédia romântica que me está a dar muito gosto de escrever, porque retrata as trapalhadas de uma mulher que se desajusta à sociedade. Vive muitas peripécias sempre com humor e consegue representar, também, estados de tristeza, mas dá a volta por cima com a sua frustração e crença de que as coisas para ela são assim e não poderá mudar. Outro dos livros trata a história de uma empresaria que se vê envolvida em tráfico de droga e negócios familiares obscuros. Esta mulher tem de lidar com uma psicopatologia limitadora e que, na sociedade, poderá ser considerada um grande constrangimento. Este será dará frutos para uma trilogia. Os outros livros estão menos concretizados, tive de optar por ir terminado esses dois. Afinal, tenho de reorganizar-me e talvez, finalmente, começar a planear o final deles e a sua publicação.

Estou também a escrever letras de músicas para bandas Açorianas e a tentar a minha sorte com fadistas nacionais. Comecei muito cedo, aos 14 anos, a escrever letras de música em inglês, a maioria especificas para bandas de rock. É o que faz escrever letras na altura da adolescência.