Entrevista com o autor Paulo Galheto Miguel
Entrevista
ICE- O que é para si a Poesia? e o que é para si o Poeta?...
PGM - A Poesia para mim, mais do que um algo de belo, que se vai construindo com muito gosto, é sem dúvida desse "sorriso", que a minha alma sem dúvida precisa. Quanto ao que eu considero ser para mim, ser um Poeta ... tenho efetivamente para mim, que um Poeta, é de algum modo uma pessoa que vê a vida e tudo o mais em que assenta o seu olhar, numa outra perspetiva ... Porventura mais lírica, mais nostálgica ... Em suma: O Poeta vê BELEZA, onde todos os mais só veem coisas!...
ICE-Como foi o seu primeiro contacto com a Poesia?
PGM - Eu escrevo desde miúdo, desde garoto que me expresso por palavras, como um exercício de vontade expressa, particularmente na Poesia, área que sempre gostei e onde me senti sempre mais enquadrado, que se coaduna mais com a minha forma de estar e de ser... Partindo do princípio, que nós não conseguimos dissociar o que somos, daquilo que fazemos, bem como em particular, daquilo que escrevemos...
ICE-Escreve apenas Poesia ou também tem interesse por outro género literário?...
PGM - Foco-me particularmente na Poesia, pese embora e na sequência do que a dada altura mencionei, na BIBLIOGRAFIA que enviei, escrevo; tenho algumas coisas escritas noutros géneros literários, sobretudo em coletâneas de autores.
ICE-Prefere escrever quando está sozinho ou a vida que o rodeia, é também a sua inspiração?...
PGM - Escrevo por norma quando estou só... recatado e em silêncio!... Gosto muito de escrever, tendo como "som de fundo”: Música Celta, que em boa verdade; GOSTO MUITO !... Bem sei que é extremamente subjetivo, mas a Poesia para mim, é uma "forma de sorrir", que não mostrando os dentes, revela a alma!... Escrever Poesia, é efetivamente um estado de alma que se quer GENUÍNO e PURO DE CONSCIÊNCIA, isto no meu "modesto" entendimento!... Mas sim, a vida que nos rodeia, a realidade que nos "devora" e "por nós clama" diariamente, todo este quotidiano sedentário, está diretamente relacionado com uma boa parte de tudo aquilo que transcrevo para o papel...
ICE-A que autor(es) escreveria um Poema de agradecimento ou homenagem, pela inspiração que lhe transmitiu?...
PGM - Garantidamente que seriam dois, os eleitos!... Dois enormes "Baluartes da Poesia": Fernando Pessoa e Mia Couto, duas das maiores referências para mim ... Cada uma; no seu tempo ...
ICE-Alguma vez quis ou sentiu necessidade de frequentar um curso de escrita criativa?...
PGM - Não, em boa verdade, nunca senti essa necessidade, pois considero que aquilo que (subjetivamente) somos, revela-se por nós, não carece de "arestas buriladas”!... Acho que no caso particular da ESCRITA, assim como tudo o mais que entendemos por bem fazer, vai-se revelando com o decorrer dos anos, tão "fiel a nós", tão natural, quanto o é, a própria sede!...
No meu caso particular, no que concerne particularmente à ESCRITA, a vontade de o fazer chega até mim como uma vontade muito natural, como um SORRISO!...
ICE-Gosta mais de livros físicos ou dos livros digitais ( E - Books ) ?...
PGM - Assumidamente, gosto muito mais dos livros físicos do que da outra "alternativa informática"!... Pois os livros físicos, considero, são parte integrante de quem os escreve, assim como de quem os produz "logisticamente". São uma PRESENÇA constante nas prateleiras de quem os escreve e "adota" como parte e prova "palpável" do seu "crescimento" intelectual.
Enquanto ESCREVER for uma necessidade e contribuir para o meu equilíbrio emocional, é FANTÁSTICA a sensação, esta de, sem ter que recorrer a mais nada, a de poder "colher" os próprios escritos de uma estante e reler; e perceber a minha "evolução" enquanto autor, sobretudo, ter a noção dos passos que já dei!...
ICE-Quando começa a escrever, já sabe como vai terminar o seu poema?... Ou vai criando à medida que escreve?...
PGM - Sempre que escrevo, sobretudo Poesia ... O poema cresce por si, vai ganhando gradualmente "forma", como um "rebento" nosso, como um pedaço de barro que se "molda" às mãos de quem o faz; que vai "emergindo" às mãos de quem o escreve, sem saber como e onde acaba ... Sempre que se sonha sem limitações, sem algo a temer... Quando me refiro a este pormenor "temer", tem a ver com o "suposto" receio de quem lê particularmente, o que eu escrevo... Sem que queira magoar suscetibilidades, as interpretações são sempre tão diferentes, quanto subjetivas. Cada pessoa que o lê, no caso um poema, puxa para ela o que leu e tenta adaptar à sua realidade em consonância com as suas vivências pessoais, daí a MAGIA DA POESIA!... Escreve quem sabe, lê quem entende!...
ICE-Quais são os seus autores preferidos (Nacionais e Estrangeiros)?...
PGM - Em termos de autores nacionais, como atrás sublinhei, como previligio a Poesia, as minhas escolhas recaem em: Fernando Pessoa, Mia Couto, Florbela Espanca, noutra área: Miguel Sousa Tavares e José Rodrigues dos Santos. Quanto a autores estrangeiros: Umberto Eco e Dan Brown.
ICE- Tem alguma obra publicada ou que gostasse de vir a publicar?... Quer falar-nos desses projetos?...
PGM - Tenho até ao momento 3 livros publicados a solo. São eles: "Vozes que Sangram" (2015), "Eminentes Transparências" (2016) e "Viver na Sombra dos Dias" (2019). Tenho vastas participações (49) em coletâneas de autor. Quanto a projetos futuros: Vou continuar a participar em coletâneas de autor, em obras de cariz social, mas da maneira que a vida está, não me motiva muito, pelo menos por agora, publicar nos próximos tempos, nada mais a "solo" ... Com esta realidade que TODOS NÓS estamos a viver (?), sem que exista a paz, a alegria, bem como a serenidade tão necessárias; e que substância o nosso equilíbrio emocional, não tenho francamente, por agora, vontade de o fazer ...