Entrevista com o autor Adriano Rodrigues
Entrevista
ICE- O que é para si a poesia? E o que é para si um poeta?
Adriano Rodrigues- A POESIA é a magia das palavras na observação do mundo que rodeia o autor. A vida sem poesia, seria desprovida de sentimentos e de emoções, seria apenas a vivência de meros acontecimentos desfalcada de emotividade e da fantasia da beleza da vida. Seriamos meros figurantes neste teatro da vida, sem inspirações, sem ambições. A vida seria um enorme vazio, não existiria o sorriso, não existiria o brilho no olhar, não existira a magia da vida, não existira o verbo amar.
O POETA é o pintor das palavras, porque as palavras também se pintam, desde que interiormente se sintam. O poeta no que escreve dá-lhe vida e cor para dar magia á vida e ao amor. O poeta, é amante do sentir, deixa as palavras pelo coração verter, o poeta escreve o seu sorriso e a sua dor, ele sorri, ele chora, para escrever, não tem hora.
O poeta é como um jardineiro, segue a sua inspiração, com a caneta na mão coloca as palavras num canteiro.
ICE-Como foi o seu primeiro contacto com a poesia?
Adriano Rodrigues- Desde que me lembro que a poesia vive em mim; primeiramente, com manifestações orais, sem que eu tivesse a perceção de que no meu diálogo saíam frases com conteúdo rimado. Aos poucos fui sendo alertado para esse efeito da minha comunicação e aos poucos fui despertando para a escrita dando continuidade ao meu pensar e ao meu sentir, sentindo hoje grande nostalgia de esses conteúdos não terem sido por mim guardados.
Quando no tempo cresci, e para a escrita despertei e evolui, os pensamentos e sentimentos começaram aos poucos a serem passados a escritos. Depois numa outra fase de evolução pessoal, passei a guardar esses pensamentos e sentimentos num conceito mais organizado, e desta forma passei a guardar o meu EU autor em livros.
Hoje por vezes até me apetecia parar de escrever, mas há algo maior em mim que não me obedece, a escrita continua de mim a verter, sem se importar se escrever me apetece. Por vezes até queria a escrita em mim parar, e ficar interiormente a me escutar, sentindo a escrita de mim se libertar; mas sinto-me aprisionado, com uma caneta agarrado, a escrita sai-me em rebeldia, querendo dar continuidade á poesia, a escrita não me obedece,
POESIA EM MIM
Um dia,
Eu escrevia,
Sem saber porque o fazia,
Dava luz, ao que interiormente sentia,
Então, alguém me dizia,
Que escrevia eu poesia.
Pensei, o que em mim acontecia,
Questionei-me se assim seria,
O porquê deste escrever que me invadia,
E do bem estar que dentro de mim cabia.
Senti que palavra a palavra, em mim chovia,
O sentido de cada frase eu absorvia,
Senti das palavras alegria,
Passei a trata-las com cortesia,
Voltar a atrás já eu não voltaria,
Mesmo que o quisesse, não o saberia,
Perder este meu escrever, não queria,
Que eu escrevia Poesia, nem eu, diria….
ICE-Escreve apenas poesia ou também tem interesse por outro género literário?
Adriano Rodrigues- A minha escrita é maioritariamente dedicada á poesia, mas também vou escrevendo alguns textos em prosa. A escrita em prosa estou a guardar para um tempo mais tarde, numa altura em que tenha em mim mais disponibilidade de tempo, por considerar que as ideias já delineadas vão exigir-me uma maior dedicação e alguma investigação para levar a cabo a sua concretização desses meus projetos.
A poesia é sem dúvida a minha rainha na escrita, é por ela que maioritariamente deixo fluir de mim pensamentos e sentimentos, e é por ela que maioritariamente se me abre a torneira da inspiração, sem que maioritariamente exista pensamento prévio ou premeditação.
ICE-Prefere escrever quando está sozinho ou a vida que o/a rodeia é também a sua inspiração?
Adriano Rodrigues- Para escrever preciso de estar comigo mesmo, sentir uma paz de espírito interna muitas vezes em contradição com a rebeldia interna num desassossego de pensamentos travando por vezes com o meu “eu “pequenos solilóquios.
Para a escrita ser gerada em mim, existe anteriormente um momento mesmo que seja mnemónico de cativação que me leva a despertar pelo meu observar e pelo meu sentir, algo que faz mexer a minha sensibilidade interior. É como um encantamento por algo que os meus olhos observam ou o coração sente. Não tenho um mote só como inspiração para o meu escrever, tudo um pouco serve de inspiração para alimentação da minha alma, vou beber inspiração ás mais diversas fontes.
Escrever, é o esvaziar de mim o “copo da inspiração” que me vai enchendo a mente. Sentindo em mim, a necessidade de materializar na escrita os meus pensamentos e sentimentos, de determinado momento, querendo-os preservar pelo tempo
ICE-A que autor(es) escreveria um poema em agradecimento ou homenagem pela inspiração que lhe transmitiu?
Adriano Rodrigues- Há vários autores que mexem com a minha motivação literária ou na expressão artística dentro deles Fernando Pessoa, é para mim o expoente superior das motivações e inspirações, considerando o seu vasto legado literário e de grande pensador. Nesse sentido, e sempre em consideração aos seus escritos e pensamentos, tenho-lhe dedicado a minha homenagem pessoal na forma escrita e artística na elaboração de pequenas obras de arte manuais da minha autoria que poderão ser observadas na minha página pessoal de artesanato:
https://www.facebook.com/Madroarte-526049884083103/
Existem outros autores que me inspiram na minha motivação na escrita tais como:
Miguel Torga, Bocage e António Aleixo.
Alguns exemplos das minhas homenagens a alguns autores:
Fernando Pessoa:
https://www.facebook.com/photo?fbid=1777019669145209&set=pcb.1777019762478533
https://www.facebook.com/photo?fbid=1777019722478537&set=pcb.1777019762478533
https://www.facebook.com/photo?fbid=1546482442198934&set=pcb.1546484065532105
https://www.facebook.com/photo?fbid=1428851397295373&set=a.122702904576902
https://www.facebook.com/photo?fbid=1428848187295694&set=pcb.1428849153962264
https://www.facebook.com/photo?fbid=1339351232912057&set=a.122702904576902
Miguel Torga:
https://www.facebook.com/photo?fbid=1523052854541893&set=pcb.1523055634541615
António Aleixo:
https://www.facebook.com/photo?fbid=1514004202113425&set=pcb.1514004945446684
Bocage:
https://www.facebook.com/photo?fbid=1513982668782245&set=pcb.1513983998782112
ICE-Alguma vez quis ou sentiu a necessidade de frequentar um curso de escrita criativa?
~
Adriano Rodrigues- O apreender ou o aperfeiçoar os conhecimentos, deve ser sempre uma constante, porque não somos conhecedores de tudo, existe sempre mais algum conhecimento a aprender e interiorizar. Nesse sentido claro que sinto muitas vezes essa necessidade de saber algo mais sobre aquilo que me cativa, neste caso a escrita.
ICE- Gosta mais de livros físicos ou os livros digitais (e-books)?
Adriano Rodrigues- Tenho uma maior apetência por ler os livros na forma física, tenho que tocar e sentir o livro no seu conteúdo numa relação de proximidade, sendo mais fácil sentir que de alguma forma me sinto envolvido física e mentalmente como parte integrante do mesmo.
ICE-Quando começa a escrever, já sabe como vai terminar o seu poema? Ou vai criando à medida que escreve?
Adriano Rodrigues- Quando começo a escrever tenho já em mim as ideias delineadas sobre o que me proponho colocar em escrita, mas nunca como um todo. Acontece-me sempre que ao colocar no papel as ideias, elas no seu caminho vão tomando um outro sentido alterar o final que tinha anteriormente delineado.
ICE-Quais são os seus autores preferidos (nacionais ou estrangeiros)?
Adriano Rodrigues- Das minhas referências literárias posso citar algumas, tais como: Eça de Queirós, Camilo Castelo Branco, Miguel Torga, Luís de Camões, Bocage, Fernando Pessoa e António Aleixo, entre outros.
ICE- Tem alguma obra publicada ou que gostasse de vir a publicar? Quer falar-nos desses projetos?
Adriano Rodrigues- Tenho várias obras publicadas as quais cito:
Ondas o Mar, Espelhar do Meu Ser, Saudades de Ti Mariana, Viagem ao Planalto, Lembrar as origens, Mar de Palavras, Rascunhos do Pensamento, Capicuas, e Lembrar Carviçais.
Tendo outras obras publicadas em livro, mas na forma de edição autor, quase na totalidade da minha responsabilidade, indo da escrita, á correção, á paginação, ao grafismo, até à encadernação. Que passo a citar:
Toma lá Quinhentas, Pensamentos á Meia-Noite, Voz do Coração e Entre o Sol e a Chuva.
Como a escrita em mim não para, nem tudo que escrevo o tenho dado a conhecimento público, os projetos de escrita de uma forma atempada vão nascendo uns a seguir aos outros. Neste momento estou a ultimar um livro de poemas totalmente inéditos dedicados á memória da minha Mãe.