Entrevista com o autor António MR Martins

Entrevista

ICE- O que é para si a poesia? E o que é para si um poeta?

António MR Martins- A poesia é, sobretudo, um estado de alma, um sentir expelido pelo observar contínuo, o traçar sentidos imbuídos de veracidade e ficção, em simultâneo, o saber escrever nas entrelinhas e reunir sentido metafórico em toda a criação escrita. A poesia é o enlevo do poeta e a dinâmica com que ultrapassa toda a timidez e todos os possíveis constrangimentos. A poesia é a bandeira desfraldada, o chão que acolhe todas as folhas que caem da árvore pela estação outonal e a árvore a casa que inspira o poeta e a vida o seio de toda a profundidade poética.

O poeta será o peão que alberga todos os sentidos que a poesia alberga e os expõe na “folha de papel”, para que todos os possam ler e os levem consigo para os sentir a seu modo.

ICE-Como foi o seu primeiro contacto com a poesia?

António MR Martins- Eu já escrevo desde muito jovem, poesia em particular. Talvez, com uma qualidade inferior (isto se actualmente tenha alguma qualidade), mas sempre com os sentidos apurados, a meu modo, no sentido em que sempre observei o que me rodeava. Escrevi muito e guardei na gaveta, em caixas. Em 2008 inscrevi-me num sítio online Luso-Poemas e comecei a escrever com mais intensidade e a publicar diariamente nesse local virtual. Mais tarde convidaram-me para escrever um livro, em 2009. Aí começou a minha andança com os livros.

ICE-Escreve apenas poesia ou também tem interesse por outro género literário?

António MR Martins- Tenho escritos outras coisas, mas sem estrutura final. Às vezes percorro outros trâmites sem saber o caminho. Aliás já recebi um prémio literário pela criação de um conto, mas escrevo fundamentalmente poesia, com todo o gosto e prazer a poesia para mim é imenso, para não dizer tudo. Gosto muito de escrever, mas também de ler poesia.

ICE-Prefere escrever quando está sozinho ou a vida que o/a rodeia é também a sua inspiração?

António MR Martins- A maior parte das vezes, quando estou só.

ICE-A que autor(es) escreveria um poema em agradecimento ou homenagem pela inspiração que lhe transmitiu?

António MR Martins- A diversos, e nesse âmbito só vou indicar alguns, que permanecem vivos nesta caminhada: Edgardo Xavier, Lília Tavares, Joaquim Pessoa, Xavier Zarco, Lurdes Breda, Alvaro Giesta, João Rasteiro, José Luís Peixoto, Sara F. Costa, Sara Timóteo, Vera Sousa Silva, mas há mais… muitos mais!

ICE-Alguma vez quis ou sentiu a necessidade de frequentar um curso de escrita criativa?

António MR Martins- Não, nunca.

ICE- Gosta mais de livros físicos ou os livros digitais (e-books)?

António MR Martins- Sem qualquer margem de dúvida, livros físicos. É-me muito difícil ler um livro online, até porque me disperso um pouco, fico algo desatento e começa a doer-me a cabeça, ao fazê-lo.

ICE-Quando começa a escrever, já sabe como vai terminar o seu poema? Ou vai criando à medida que escreve?

António MR Martins- Acontece uma multiplicidade de situações, entre elas essas que a pergunta refere.

ICE-Quais são os seus autores preferidos (nacionais ou estrangeiros)?

António MR Martins- Eugénio de Andrade, Carlos Drummond de Andrade, Manuel Maria Barbosa du Bocage (nos sonetos), Vinicius de Moraes, José Carlos Ary dos Santos, Fernando Pessoa (no pseudónimo Alberto Caeiro), nos consagrados (entre outos) e Joaquim Pessoa, Edgardo Xavier, Lília Tavares, Sara F. Costa, Xavier Zarco, nos contemporâneos (entre muitos outros).

ICE- Tem alguma obra publicada ou que gostasse de vir a publicar? Quer falar-nos desses projetos?

António MR Martins- Já tenho treze livros publicados. A 8 de Novembro foi lançado o meu último trabalho “Colisão”, sob a chancela Emporium Editora e o meu desejo é conseguir editar a 14.º obra, e por aí ficar. Depois poderei entrar em colectâneas, antologias, diversos trabalhos colectivos, mas a convite.