Entrevista com a autora Ruth Collaço

Entrevista

ICE- O que é para si a poesia?

Ruth Colaço- Com palavras se vestem dores, saudades. São as palavras as que refletem no espelho o que sentimos na pele.

Quando se dança com a saudade e se passeia com a sombra. É imperativo que a alma transborde e se cure.

A cura está na origem da ferida.

A poesia é ferida, é cura, é terapia é alma e sangue de quem sente.

ICE-E o que é para si um poeta?

Ruth Colaço- Um poeta é uma alma viva

Ávida de sentimentos e de os traduzir

Desembrulha as palavas em versos,

é como noite é para a lua

de mistérios e de amores

para amantes escondidos

e segredos bem vividos

saboreia olhares

imagina tocares

a noite escura vem vestida

de paixão e de luxuria

e o poeta, por sua

serve magoas e mentiras

e verdades encobertas

cria loucos e curandeiros

mente a anjos e a profetas

Tudo porque ousa dizer

O que todos querem dizer.

https://www.youtube.com/watch?v=dUbEmZp3-CkICE-Como foi o seu primeiro contacto com a poesia? No colo da minha mãe, com quem aprendi as primeiras rimas, e as primeiras letras.

ICE-Escreve apenas poesia ou também tem interesse por outro género literário?

Ruth Colaço- Poesia, prosa, contos, prosa petica, ensaios, aforismos e pensamentos.

ICE-Prefere escrever quando está sozinho ou a vida que o/a rodeia é também a sua inspiração?

Ruth Colaço- Escrevo em qualquer circunstância. Não tenho hora nem rotina para escrever.

ICE-A que autor(es) escreveria um poema em agradecimento ou homenagem pela inspiração que lhe transmitiu?

Ruth Colaço- Judite Teixeira, entre muitos outros outros.

Nascimento: 25 de janeiro de 1880, Viseu

Falecimento: 17 de maio de 1959, Lisboa

Escritora e poetisa portuguesa. Publicou três livros de poesia e um livro de contos, entre outros escritos. Em 1925 lançou a revista Europa, de que saíram três números (Abril, Maio e Junho). Exemplares do seu livro Decadência (1923) foram apreendidos, juntamente com os livros de António Botto (Canções) e Raul Leal (Sodoma Divinizada), e mandados queimar pelo Governo Civil de Lisboa na sequência de uma campanha, liderada pela conservadora Liga de Acção dos Estudantes de Lisboa, contra "os artistas decadentes, os poetas de Sodoma, os editores, autores e vendedores de livros imorais".[1]

ICE-Alguma vez quis ou sentiu a necessidade de frequentar um curso de escrita criativa?

Ruth Colaço- Como professora e formadora, era eu que preparei e inspecionei os conteúdos dos mesmos. Frequentei um por mera curiosidade, e frequentei apenas o primeiro módulo quando percebi que era para principiantes, sem métodos ou técnica. Não por presunção, mas procurava na altura algo mais consistente e trabalhado.

ICE- Gosta mais de livros físicos ou os livros digitais (e-books)?

Ruth Colaço- Todos, mas um livro físico è um livro físico. O contacto com o papel, o formato, o peso do livro é todo um relacionamento íntimo e secreto entre livro, escritor e leitor.

ICE-Quando começa a escrever, já sabe como vai terminar o seu poema? Ou vai criando à medida que escreve?

Ruth Colaço- Penso que difere muito da “voz” que sinto.

Há alturas em que o poema/escrita vem de rajada, à cascata.

Outras que anda um sentimento comigo dias a fio ate de repente eu ter que parar tudo para registar.

Acordo para escrever, escrevo para adormecer.

Nem sempre sei como vai terminar o poema.

Deixo que flua e nunca volto atrás, o que fica é que fica.

ICE-Quais são os seus autores preferidos (nacionais ou estrangeiros)?

Ruth Colaço- Quantos posso nomear?

Judite Teixeira, Mia Couto, Maya Angelou, Agualusa, Sepulveda, Pablo Neruda, Dostoyevski, Oscar Wilde, Florbela Espanca, Fernando Pessoa ( e Cª Ldª …. Hehehe), Shakespeare, Hemmingway, Drumond, Walt Witman, Francis Harper, a lista poderia continuar….

ICE- Tem alguma obra publicada ou que gostasse de vir a publicar?

Ruth Colaço- Sem dúvida que sim!

Quer falar-nos desses projetos?

Ruth Colaço- Tenho a decorrer vários projetos, que gostaria de publicar, partilhar, divulgar e expandir, para além dos que caem “dentro da caixa”

O que eu tenho mesmo como projeto de vida é incendiar corações e inquietar ideias, solicitar a criatividade e partilha em cada um que comigo cruza. Atualmente alguns desse projetos e ideias já estão a ser postos em prática.

Quem sabe depois do Covid desistir, começamos a trocar ideias 😉

Grata a atenção e tempo que comigo foi partilhado.

Ruth Collaço

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