O ESPIRITUOSO QUINTINO CUNHA
Entrevista realizada em 19.abr.2020, domingo, pelo poeta Jandeilson Fernandes de Moraes. Entrevistada: professora Ana Paula Gomes – cadeira 87 da AMCL, cujo patrono é Quintino Cunha.
1) Abertura – poeta Jandeilson: é uma felicidade conhecer esse gênio cearense. Professora, inicialmente, fale ao público sobre essa academia literária da qual faz parte.
PROFESSORA ANA PAULA: Academia Mundial de Cultura e Letras. Propus minha candidatura no início deste ano (2020). Para grata surpresa, meu currículo foi aceito. AMCL é uma academia literária a desenvolver trabalhos mediante recursos da tecnologia da informação. As interações ocorrem via “Facebook”, o que encurta distâncias. Trabalhamos lá em prol da divulgação das artes em múltiplas formas. Deixo aqui a página da rede mundial de computadores para quem desejar conhecê-la melhor: https://academia-mundial-de-cultura-e-literatura3.webnode.com/a-academia/
2) Jandeilson. Agora, fale um pouco do seu perfil, professora. Aca
PROFESSORA ANA PAULA: sou pesquisadora, escritora e professora cearense. Doutora em Filosofia - Estudos da Paz. Mestra em Direito Constitucional. Graduações em Ciências Jurídicas e Ciências Contábeis (esta "cum laude"). Especializações em Comércio Exterior, Direito Imobiliário e Educação de Jovens e Adultos. Acadêmica de Artes Visuais. Possuo experiência com o magistério superior em nível de graduação e pós-graduação. "Expertise" em preparatórios para concursos públicos (ambientes presenciais e virtuais). Autora de livros e ensaios científicos publicados no Brasil e em Portugal. Doadora de sangue, órgãos e tecidos. Presto serviços voluntários, como professora, em comunidades carentes. Canal no "You Tube": Engenho de Letras Devagar e Sempre. Administradora do "blog": engenhodeletras.blogspot.com (academia literária). Membro da Academia Mundial de Cultura e Letras. Ocupo a cadeira 87, cujo patrono é Quintino Cunha.
3) Jandeilson: quem foi Quintino Cunha?
PROFESSORA ANA PAULA: filho de Itapajé/CE, nasceu em 1875 e desencarnou em 1943. Foi e é uma lenda literária cearense. Orador nato e mestre do improviso, sua língua era afiada navalha. Frequentador dos cafés da Praça do Ferreira da Fortaleza dos idos de 1920 e 1930, apreciava as coisas simples da vida. Pensava o pensar.
4) Jandeilson: pensar o pensar, de fato, até hoje, como isso incomoda! Ao ler seus poemas, professora, vi que a senhora escreveu um intitulado Ceará-Saara. Tem algo a ver com Quintino?
PROFESSORA ANA PAULA: por certo! Quintino: “patrimônio” imaterial e atemporal do Ceará-Saara! Eternizou que “o cearense é como passarinho: tem que voar para fazer o ninho”. De fato, somos sim “judeus brasileiros” com imensa honra!
5) Jandeilson. É verdade que Quintino Cunha é considerado o “Pai do Humor” no Ceará?
PROFESSORA ANA PAULA: sim. Porém, Quintino não foi só anedota. Respeitável poeta, em “Pelo Solimões”, temos um cearense na região amazônica a compor com os rigores parnasianos. Ademais, são conhecidas e celebradas suas vitórias no tribunal popular do júri com eloquência e poder de persuasão.
6) Jandeilson: ouvi dizer que, certa vez, ele saiu ovacionado e carregado nos braços de um júri. Procede?
PROFESSORA ANA PAULA: sim. Ele foi muito mais que um grande jurista. Intelectual dos velhos tempos. Coisa rara nessa modernidade (nada) reflexiva. Amava o que fazia. Falava um “cearensês” dos bons. Certas cousas transcendem o jurídico! Caridoso, há depoimentos que atestam ter advogado pro bono reiteradas vezes e, em certas absolvições, chegou a sair do tribunal carregado nos braços rumo à boemia.
7) Jandeilson: saindo das Ciências Jurídicas e chegando à política, é verdade que ele apoiou um bode para vereador em Fortaleza?
PROFESSORA ANA PAULA: como não?! A titulo de protesto, interessante dizer que Quintino capitaneou campanha pitoresca: foi cabo eleitoral do “Bode Ioiô” para Vereador na capital alencarina. Resultado: o semovente foi eleito em 1922! Ode eterna à molecagem cearense!!!
8) Jandeilson. Por que, professora, a senhora vive dizendo que o cearense é judeu brasileiro? Inclusive, no seu currículo, apresenta-se como “judia brasileira”?
PROFESSORA ANA PAULA: poeta Jandeilson, meu parceiro de poesia, sei que você apreciou o poema que compus intitulado JUDEU BRASILEIRO. Todas as razões lá expostas definem o que é ser cearense. Peço vênia para recordar esse trabalho, tá?!
JUDEU BRASILEIRO
O maxixe em todo canto brota
Não necessita plantar
Do seio da terra, o fruto é patriota
Assim como o maxixe, o Ceará
Exporta filhos do Brasil ao mundo
Do Rio Moa, à Ponta do Seixas
Do Oiapoque ao Chuí.. Ao além-mundo...
Ceará, não raras vezes, à própria sorte, teus filhos deixas!
E mais forte os torna
O cearense é o judeu brasileiro
O bom filho à casa retorna
De quando em vez - ou por derradeiro
Cearense, no Brasil, foste o primeiro
A obter cidadania portuguesa
Cearense, judeu e brasileiro
O “cearensês” é a grandeza
Ser de guerra e paz
Pelicano no ninho
Ao alimentar os filhotes de jeito mordaz
Com a própria carne devagarinho
Ceará de Rachel de Queiroz
Primeira mulher da Academia Brasileira de Letras
O Quinze retrata o inumano, o atroz
Mestra das mestras...
Pioneira ao conquistar o Prêmio Camões de Literatura
Com o Memorial de Maria Moura
Sua vida e escrita: atos de bravura
Ceará, essa filha tua terra doura
Ceará de Quintino Cunha
O grande jurista, comediante brilhante
Pleno em alcunha
Vitórias no júri, ricas anedotas não obstante!
Terra de Belchior,
Filho de Sobral, letrista singular
Da divina comédia humana, canção maior
Agora no céu a emular
A misericórdia de Deus
A dialogar com Bilac sobre estrela
À Via Láctea aplausos e um adeus
Pois só os olhos do amor permite vê-la...
De Sobral a Maranguape,
Outro filho no céu está
Chico Anysio, humorista sem backup
A anjos alegrar
De Viçosa do Ceará, ao Brasil:
Clóvis Beviláqua - magistrado, jornalista, professor, historiador e crítico
Em 1916, patrono do Código Civil
Por mais de 80 anos, surtiu efeitos o nobre trabalho jurídico
Outro jurista de destaque, eis José de Alencar – do romance Iracema
Romancista, dramaturgo, jornalista, advogado e político nacional
Iracema – mais que romance é um poema
Esperança de amor e futuro incondicional
José de Alencar, aclamado por Machado de Assis
Moacir - fruto de Iracema e Martim
Ceará, de tantos filhos e filhas, és a gênesis
Do sofrimento ao poder do sim
Para tua prole em terras alencarinas ficar
E ser o judeu brasileiro se assim aprouver
Ser cearense é estar sempre disposto a lutar
Já que a vida nada mais é que uma profissão de fé!
E como professou vida e fé Bezerra de Menezes
Ser de luz, médico dos pobres
De Jaguaretama ao Rio de Janeiro, não pensou duas vezes
Ao doar seu anel de médico em favor de causas nobres
Portanto, o cearense em muito lembra o maxixe, resiste
Pelo poder cintilante do perseverar
Do seio da terra, pense em uma brasilidade que insiste
“Macho véeeeei”... Sou do Ceará!
9) Jandeilson: belo poema. Onde os interessados poderia comprar os livros publicados pela senhora?
PROFESSORA ANA PAULA: no portal Recanto das Letras ===> https://professorapaulagomes.recantodasletras.com.br/
10) Jandeilson: para findar em grande estilo, por bondade, cite algo do próprio Quintino Cunha!
PROFESSORA: na hora! Do livro “Pelo Solimões”, ao versar sobre a origem do Solimões, gosto muito do verso “Tu serás prisioneiro de ti mesmo!”. Essa metáfora é divina! Dos discursos de Quintino em praça pública ou na tribuna do júri, aprecio duas proverbiais frases: “A fome não respeita virtudes, quanto mais fronteiras”; “O pé mede a distância; e a cabeça, distancia...”. Por fim, eis uma anedota ímpar dele extraída do livro “Verve cearense” (1969), de Renato Sóldon:
REGRESSANDO de uma viagem ao Cariri, Quintino trazia à mão, mal embrulhado, enorme chifre bovino para ofertar, como curiosidade, ao Museu Rocha de Fortaleza. Ao descer do trem, alguém lhe perguntou mordazmente:
-Êi, Quintino! É ‘seu’, esse chifre?!…
-Sim… é meu! Você está desejando possuir dois iguais?…
Quintino não foi o máximo?! Sua memória não pode ser perdida. Viva Quintino Cunha!!!
1) Abertura – poeta Jandeilson: é uma felicidade conhecer esse gênio cearense. Professora, inicialmente, fale ao público sobre essa academia literária da qual faz parte.
PROFESSORA ANA PAULA: Academia Mundial de Cultura e Letras. Propus minha candidatura no início deste ano (2020). Para grata surpresa, meu currículo foi aceito. AMCL é uma academia literária a desenvolver trabalhos mediante recursos da tecnologia da informação. As interações ocorrem via “Facebook”, o que encurta distâncias. Trabalhamos lá em prol da divulgação das artes em múltiplas formas. Deixo aqui a página da rede mundial de computadores para quem desejar conhecê-la melhor: https://academia-mundial-de-cultura-e-literatura3.webnode.com/a-academia/
2) Jandeilson. Agora, fale um pouco do seu perfil, professora. Aca
PROFESSORA ANA PAULA: sou pesquisadora, escritora e professora cearense. Doutora em Filosofia - Estudos da Paz. Mestra em Direito Constitucional. Graduações em Ciências Jurídicas e Ciências Contábeis (esta "cum laude"). Especializações em Comércio Exterior, Direito Imobiliário e Educação de Jovens e Adultos. Acadêmica de Artes Visuais. Possuo experiência com o magistério superior em nível de graduação e pós-graduação. "Expertise" em preparatórios para concursos públicos (ambientes presenciais e virtuais). Autora de livros e ensaios científicos publicados no Brasil e em Portugal. Doadora de sangue, órgãos e tecidos. Presto serviços voluntários, como professora, em comunidades carentes. Canal no "You Tube": Engenho de Letras Devagar e Sempre. Administradora do "blog": engenhodeletras.blogspot.com (academia literária). Membro da Academia Mundial de Cultura e Letras. Ocupo a cadeira 87, cujo patrono é Quintino Cunha.
3) Jandeilson: quem foi Quintino Cunha?
PROFESSORA ANA PAULA: filho de Itapajé/CE, nasceu em 1875 e desencarnou em 1943. Foi e é uma lenda literária cearense. Orador nato e mestre do improviso, sua língua era afiada navalha. Frequentador dos cafés da Praça do Ferreira da Fortaleza dos idos de 1920 e 1930, apreciava as coisas simples da vida. Pensava o pensar.
4) Jandeilson: pensar o pensar, de fato, até hoje, como isso incomoda! Ao ler seus poemas, professora, vi que a senhora escreveu um intitulado Ceará-Saara. Tem algo a ver com Quintino?
PROFESSORA ANA PAULA: por certo! Quintino: “patrimônio” imaterial e atemporal do Ceará-Saara! Eternizou que “o cearense é como passarinho: tem que voar para fazer o ninho”. De fato, somos sim “judeus brasileiros” com imensa honra!
5) Jandeilson. É verdade que Quintino Cunha é considerado o “Pai do Humor” no Ceará?
PROFESSORA ANA PAULA: sim. Porém, Quintino não foi só anedota. Respeitável poeta, em “Pelo Solimões”, temos um cearense na região amazônica a compor com os rigores parnasianos. Ademais, são conhecidas e celebradas suas vitórias no tribunal popular do júri com eloquência e poder de persuasão.
6) Jandeilson: ouvi dizer que, certa vez, ele saiu ovacionado e carregado nos braços de um júri. Procede?
PROFESSORA ANA PAULA: sim. Ele foi muito mais que um grande jurista. Intelectual dos velhos tempos. Coisa rara nessa modernidade (nada) reflexiva. Amava o que fazia. Falava um “cearensês” dos bons. Certas cousas transcendem o jurídico! Caridoso, há depoimentos que atestam ter advogado pro bono reiteradas vezes e, em certas absolvições, chegou a sair do tribunal carregado nos braços rumo à boemia.
7) Jandeilson: saindo das Ciências Jurídicas e chegando à política, é verdade que ele apoiou um bode para vereador em Fortaleza?
PROFESSORA ANA PAULA: como não?! A titulo de protesto, interessante dizer que Quintino capitaneou campanha pitoresca: foi cabo eleitoral do “Bode Ioiô” para Vereador na capital alencarina. Resultado: o semovente foi eleito em 1922! Ode eterna à molecagem cearense!!!
8) Jandeilson. Por que, professora, a senhora vive dizendo que o cearense é judeu brasileiro? Inclusive, no seu currículo, apresenta-se como “judia brasileira”?
PROFESSORA ANA PAULA: poeta Jandeilson, meu parceiro de poesia, sei que você apreciou o poema que compus intitulado JUDEU BRASILEIRO. Todas as razões lá expostas definem o que é ser cearense. Peço vênia para recordar esse trabalho, tá?!
JUDEU BRASILEIRO
O maxixe em todo canto brota
Não necessita plantar
Do seio da terra, o fruto é patriota
Assim como o maxixe, o Ceará
Exporta filhos do Brasil ao mundo
Do Rio Moa, à Ponta do Seixas
Do Oiapoque ao Chuí.. Ao além-mundo...
Ceará, não raras vezes, à própria sorte, teus filhos deixas!
E mais forte os torna
O cearense é o judeu brasileiro
O bom filho à casa retorna
De quando em vez - ou por derradeiro
Cearense, no Brasil, foste o primeiro
A obter cidadania portuguesa
Cearense, judeu e brasileiro
O “cearensês” é a grandeza
Ser de guerra e paz
Pelicano no ninho
Ao alimentar os filhotes de jeito mordaz
Com a própria carne devagarinho
Ceará de Rachel de Queiroz
Primeira mulher da Academia Brasileira de Letras
O Quinze retrata o inumano, o atroz
Mestra das mestras...
Pioneira ao conquistar o Prêmio Camões de Literatura
Com o Memorial de Maria Moura
Sua vida e escrita: atos de bravura
Ceará, essa filha tua terra doura
Ceará de Quintino Cunha
O grande jurista, comediante brilhante
Pleno em alcunha
Vitórias no júri, ricas anedotas não obstante!
Terra de Belchior,
Filho de Sobral, letrista singular
Da divina comédia humana, canção maior
Agora no céu a emular
A misericórdia de Deus
A dialogar com Bilac sobre estrela
À Via Láctea aplausos e um adeus
Pois só os olhos do amor permite vê-la...
De Sobral a Maranguape,
Outro filho no céu está
Chico Anysio, humorista sem backup
A anjos alegrar
De Viçosa do Ceará, ao Brasil:
Clóvis Beviláqua - magistrado, jornalista, professor, historiador e crítico
Em 1916, patrono do Código Civil
Por mais de 80 anos, surtiu efeitos o nobre trabalho jurídico
Outro jurista de destaque, eis José de Alencar – do romance Iracema
Romancista, dramaturgo, jornalista, advogado e político nacional
Iracema – mais que romance é um poema
Esperança de amor e futuro incondicional
José de Alencar, aclamado por Machado de Assis
Moacir - fruto de Iracema e Martim
Ceará, de tantos filhos e filhas, és a gênesis
Do sofrimento ao poder do sim
Para tua prole em terras alencarinas ficar
E ser o judeu brasileiro se assim aprouver
Ser cearense é estar sempre disposto a lutar
Já que a vida nada mais é que uma profissão de fé!
E como professou vida e fé Bezerra de Menezes
Ser de luz, médico dos pobres
De Jaguaretama ao Rio de Janeiro, não pensou duas vezes
Ao doar seu anel de médico em favor de causas nobres
Portanto, o cearense em muito lembra o maxixe, resiste
Pelo poder cintilante do perseverar
Do seio da terra, pense em uma brasilidade que insiste
“Macho véeeeei”... Sou do Ceará!
9) Jandeilson: belo poema. Onde os interessados poderia comprar os livros publicados pela senhora?
PROFESSORA ANA PAULA: no portal Recanto das Letras ===> https://professorapaulagomes.recantodasletras.com.br/
10) Jandeilson: para findar em grande estilo, por bondade, cite algo do próprio Quintino Cunha!
PROFESSORA: na hora! Do livro “Pelo Solimões”, ao versar sobre a origem do Solimões, gosto muito do verso “Tu serás prisioneiro de ti mesmo!”. Essa metáfora é divina! Dos discursos de Quintino em praça pública ou na tribuna do júri, aprecio duas proverbiais frases: “A fome não respeita virtudes, quanto mais fronteiras”; “O pé mede a distância; e a cabeça, distancia...”. Por fim, eis uma anedota ímpar dele extraída do livro “Verve cearense” (1969), de Renato Sóldon:
REGRESSANDO de uma viagem ao Cariri, Quintino trazia à mão, mal embrulhado, enorme chifre bovino para ofertar, como curiosidade, ao Museu Rocha de Fortaleza. Ao descer do trem, alguém lhe perguntou mordazmente:
-Êi, Quintino! É ‘seu’, esse chifre?!…
-Sim… é meu! Você está desejando possuir dois iguais?…
Quintino não foi o máximo?! Sua memória não pode ser perdida. Viva Quintino Cunha!!!
Contatos:
@jandeilson.fernandes.3
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