Manejo sustentável de jacarés é tema de capacitação para instituições do Amazonas
Curso realizado pelo Instituto Mamirauá mostra como funciona o sistema de manejo de jacarés.
Conhecer o sistema de manejo sustentável de determinada região é fundamental para a aplicação de políticas públicas para melhoria da qualidade de vida da população presente ali. Entre os dias 25 de novembro e 1º de dezembro, instituições com iniciativas sustentáveis no Amazonas participam de uma capacitação sobre legislação, licenciamento e assessoria de desenvolvimento do manejo sustentável de jacarés.
O objetivo do curso é estreitar relações entre organizações interessadas em realizar o manejo e o Instituto Mamirauá, responsável pela elaboração do primeiro Plano de Manejo Sustentável de Jacarés no estado e do Protocolo de Manejo de Recursos Naturais, Construindo as bases para um Sistema de Manejo Participativo dos Jacarés Amazônicos.
A capacitação surgiu após demanda do grupo de trabalho do Amazonas sobre manejo de jacarés. O grupo é composto por diversas instituições que trabalham com o desenvolvimento sustentável, como Secretaria do Meio Ambiente (Sema), de Produção (Sepror), Especial de Pesca (Sepa), Instituto Mamirauá, Instituto de Proteção Ambiental da Amazônia (Ipaam) e Fundação Amazonas Sustentável (FAS).
O curso funciona em duas etapas. Nos dias 25, 26 e 27 de novembro acontece a parte teórica na sede do Instituto Mamirauá. Já as atividades práticas serão realizadas nos dias 28, 29, 30 de novembro na comunidade Jarauá, localizada na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá. A comunidade deverá ser a primeira a realizar o manejo de jacarés, provavelmente em 2020.
A capacitação encerra-se domingo, 1º, com entrega do selo do Serviço de Inspeção Estadual (SIE), que é um laudo sanitário que autoriza a comercialização estadual do produto. A emissão do selo é feita pela Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Amazonas (ADAF).
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A expectativa da organização do evento é que os técnicos conheçam o sistema de manejo sustentável do jacaré na prática e entendam como o processo deve acontecer dentro das unidades de conservação.
“A aproximação da realidade das comunidades envolvidas no sistema de manejo com certeza é uma coisa que vai acrescentar nos momentos que a gente precisar desse contato maior das organizações, em licenciamento, em assessoria e em avaliação de documentos. Com os técnicos cientes do processo podem também auxiliar nas questões futuras de adequação ou na modificação de políticas públicas”, destaca Diogo Lima, analista de pesquisa e responsável pelo Programa de Manejo e Conservação de Jacarés do Instituto Mamirauá, organização social fomentada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC).
Robinson Botero, especialista em manejo e conservação de jacarés, é o principal palestrante do evento que aborda temáticas como biologia do animal e metodologias de coleta e análise de dados. Além disso, Robinson será o responsável pelas atividades de monitoramento de ninho e captura desses animais na parte prática do curso.
“A ideia das aulas práticas é que eles entendam como se coletam os dados no campo, como se conta jacaré, quais as diferenças entre as espécies de jacarés que temos, por exemplo”, explica Robinson.
Ana Cláudia Torres, coordenadora do Programa de Manejo de Pesca (PMP), foi uma das palestrantes da programação, onde falou sobre gestão comunitária e gestão das associações envolvidas no sistema de manejo. Já Diogo abordou a análise de cadeia produtiva do manejo de jacaré.
O encerramento da etapa teórica das atividades está marcado para quarta-feira, 27, com a palestra de Augusto Kluczkovski, médico veterinário da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS/AM) e pesquisador especialista em cadeia produtiva de jacarés amazônicos e na qualidade e toxicologia de alimentos.
Parceria
Jamilson da Rocha Lima, assistente de mobilização da FAS, que financiou o curso, afirma que o curso é fundamental, pois vai capacitar quem trabalha diretamente com os comunitários em áreas de proteção ambiental.
“É bem importante aprender esse tipo de atividade para repassar e multiplicar esse tipo de conhecimento até para outros lugares dentro dessas unidades de conservação que são bastante ricas em diversas espécies, como o jacaré”, destaca o representante da FAS.