Entrevista com o Mestre Poeta Ferreira Estêvão
1 . Ferreira Estêvão por Ferreira Estêvão. O poeta e o homem.
FE – Sou um indivíduo discreto, nascido em finais de 1953. Desde tenra idade fui criado por uns tios que sempre me amaram como a um filho, embora tendo uma filha, a atual minha madrinha. Fiz cursos superiores, uma licenciatura em ensino e um bacharelato em engenharia, lecionando durante 37 anos até me aposentar há uns anos atrás.
Tenho um filho, arquiteto e um neto, lindo, de ano e meio de idade.
2 . Desde quando escrever te move?
FE – A minha profissão levou-me à imensa prática de escrita, ela sempre fez parte do meu quotidiano. Foi no Recanto que publiquei o meu primeiro poema, incipiente como todo aquilo que nasce do nada. Tento, aos poucos, aperfeiçoar-me, mas sou demasiado orgulhoso para imitar seja quem for.
Gosto, indistintamente, quer da poesia, quer da prosa, não insistindo demasiado em qualquer dos géneros.
3 . Porque a prevalência do tema amor em tuas obras?
FE – Isso tem a ver com as minhas caraterísticas pessoais. Sempre acarinhei os mais fracos, sempre me enterneci perante as pessoas carentes, fisicamente debilitadas, animais feridos, etc.
Sou um romântico inveterado, não há remédio.
O amor surge naturalmente quando o temos no coração.
4 .Você sabe desenhar maravilhosamente. Poderia falar sobre esse outro talento?
FE – Comecei a desenhar com apenas cinco anos de idade. Gostava mesmo de o fazer. Na adolescência e na terceira década da minha existência, fiz centenas de desenhos e algumas pinturas, a guache, pastel e aguarela. Fiz algumas tentativas na pintura a óleo, mas não gostei dos resultados e mudei de método, voltando ao desenho, que é a minha verdadeira praia.
5 . Observei que gosta de cinema, música, desenho, escrita... parece transitar pela arte de forma intensa. Cite alguns nomes que te influenciaram na tua própria forma de exercê- la.
FE – A música, o cinema e as artes visuais são a minha perdição em termos de hobbies.
Em termos musicais, aprecio os compositores clássicos, Tchaikovsky, Brahms, Mozart, Debussy, Beethoven, a lista é fastidiosa. Na modernidade, a escolha torna-se demasiado complexa.
No que se refere ao cinema, sou um viciado na sétima arte, já vi milhares de filmes, não é exagero, tenho quase quinhentos DVDs com clássicos, entre os quais muitos filmes de épocas distintas, acompanhando um pouco a história do cinema.
Em termos artísticos, estudei História da Arte e isso foi importante para compreender a evolução do Homem no domínio das várias artes, incluindo escultura (os mestres italianos são para mim o máximo em perfeição…).
Da primeira vez que visitei Paris, dividi a visita ao Louvre por três dias e num deles estive mais de cinco minutos embasbacado perante o retrato de um nobre, executado por Jean Louis David, pintor francês. A perfeição do traço, do pormenor, arrepiaram-me.
Por isso, tudo o que absorvi em termos de arte me influenciou.
As escolas francesa, flamenga, espanhola, holandesa, espanhola, inglesa e americana são para mim motivo de grande admiração, pelos inúmeros exemplos de qualidade que delas poderemos admirar, em museus espalhados pelo mundo. Esta citação não traz desprimor para ninguém, uma vez que tanto em Portugal como no Brasil existem ótimos exemplos de exímias pinturas.
Já dei a perceber que amo e sigo de forma intransigente a perfeição. Sou um perfeccionista que analisa tudo em termos de exigência, também o sou comigo próprio, ou não fosse escorpião…rsrs
6 . Descreva sua visão da espiritualidade, do que escapa aos sentidos.
FE – Cristão de batismo, mas de espírito aberto, tento entender as caraterísticas dos diferentes credos e religiões, mas ainda não constatei nada que me fizesse aderir a nenhum movimento religioso em especial. No entanto respeito-os a todos. Sinto especial curiosidade pelos cultos que são levados muito a sério pelos seus fiéis.
7. Noto um carinho seu pelo Brasil... Já esteve aqui? Como se formou este elo?
FE – A identidade e o carinho são naturais… À partida, o facto de a língua ser comum facilita a aproximação e embora existam algumas diferenças culturais, elas não são relevantes, não fazem a diferença.
Nunca estive aí, o meu filho sim, trabalhando como consultor durante alguns meses, não só no Brasil como também no Chile.
Tenho familiares algo afastados, em Santos e Guarujá.
Se Deus me permitir, um dia atravessarei o Atlântico, fisicamente, claro…rsrs
Agradeço à Maria Ventania a gentileza e carinho em me proporcionar esta entrevista, que deu ensejo a transmitir algo mais pessoal aos amigos recantistas. Bem hajam, todos.
Eu que agradeço , meu querido amigo à quem muito admiro, sua generosidade em me conceder esta maravilhosa entrevista. Uma oportunidade de conhecer um pouquinho mais de você e desta arte que o preenche e encanta todos nós. Beijão e obrigada!!!!!