Deusa d´Africa

Opinando e Transformando

1.Nome: Deusa d´Africa

2.Breve Curriculum:

Deusa d´Africa é uma menina, é um rapaz, é uma mulher e é um homem com a alegria de ser o que a imaginação permite por via da criação literária, nascida aos 05 de Julho de 1988 em Moçambique, na Cidade de Xai-Xai, fez o ensino Primário na Escola Primária Unidade 11, e o segundo grau na Escola EP2 de Tavene, tendo passado pela Escola Secundária e Pré-Universitária Joaquim Chissano onde fez o ensino médio até 2006, de 2007 a 2010 fez licenciatura em Contabilidade e Auditoria pela Universidade Pedagógica em Maputo, de 2014 a 2017 fez o mestrado em Contabilidade e Auditoria pela Universidade São Tomás de Moçambique.

Em epítome, Deusa d´Africa é Coordenadora Geral da Associação Cultural Xitende, tem publicado textos na imprensa nacional e internacional, é autora de três obras editadas a destacar o primeiro livro em poesia “A Voz das Minhas Entranhas” produzido pelo FUNDAC e dois últimos livros, em poesia “Ao Encontro da Vida ou da Morte” e o romance “Equidade no Reino Celestial” produzidos pela Editora de Letras de Angola. É Coordenadora Geral da Associação Cultural Xitende, foi vencedora absoluta na modalidade de poesia e foi vencedora do segundo lugar em contos nos Concursos Literários Internacionais lançados em Brasil por Alpas XXI em 2012. Distinguida pelo Governo Provincial de Gaza como Personalidade do ano 2016 nas artes. Em Março de 2017 representou Moçambique no Festival Literário de Macau e escreveu a letra cantada como hino da XIII edição do Festival dos Jogos Escolares em Moçambique.

3.Em sua opinião o que é cultura?

D.A: Cultura são as diferentes formas de convivência humana no tempo e no espaço.

Cultura são as manhãs de cetim que anunciam o dia, são os dias sem pão que fervilham na boca de cada cidadão até ao estômago, são os dias de colheita que unem etnias e dias de girassol crepusculando numa sociedade.

Cultura é a liberdade, é o povo, é o sorriso com que um povo saúda outro irmão na aurora, é a chuva escorrendo sobre uma mulher colhendo o pão para seus filhos na machamba, é o rio em que nos banhamos mesmo havendo nele crocodilos que nunca tomam os nativos, o povo que dança e canta foclores, executa xingombela, a forma como o povo sepulta os seus ente-queridos e eterniza-os, o povo que faz a bebida tradicional que consterna famílias superando a morte de um parente familiar.

Cultura é uma ave que deve ser lavada pela chuva para que suas plumas resplandeçam a vida duma sociedade inteira.

4.Você se considera uma difusora cultural?

D.A: Obviamente, através das intervenções feitas por via de festivais, workshops, palestras, concursos interescolares de poesia, crítica de moda, crítica musical e entre outras formas de comunicação social, se difunde a cultura. Onde por via da linguagem humana se veicula o objectivo comum que partilhamos com outros povos, propalando a nossa identidade cultural mediante a construção e desconstrução de paradigmas em prol de uma cultura que seja transmissora dos traços comuns que reunimos como um povo, fazendo viver o homem no tempo e espaço para que seus feitos e vivências sejam reconhecidos através das manifestações culturais que perfazem a era da humanidade e a emoção de viver.

5.Qual é o seu papel neste vasto campo de transformação mental, intelectual e filosófica?

D.A: o meu papel essencial é de operar como interventora social, fazendo com que os folclores moçambicanos sejam difundidos e preservados, bem como destruindo o negativismo que se preserva para contribuir na edificação de algo profícuo para o meu povo, fazendo com que o espírito de incumbir aos artistas a tarefa de construção cultural seja feito envolvendo toda a sociedade na filosofia de viver para mim e para o outro, tornando-se ainda mais empolgante a ciência de viver para os outros acima do que se vive para mim mesma, matando os narcisos e narcisistas que há em cada homem.

Aprendo a ser açúcar para os que em mim, palavras de alento encontram, sal para os que palavras rudes mesmo que construtivas, bem como azeda quão o limão para os que comigo se desagradam, entretanto o limão nunca falta na mesa das nossas casas por mais azedo que seja, só há uma boa salada quando há condimentos que temperam e destemperam as nossas emoções.

A experiência de viver em diversas vidas e ser em vários espíritos torna-me uma ave que sobrevoa em todas as manhãs para estar em cada família do meu povo e viver os sabores e dissabores que lhes são proporcionados e esgrimir a ferro e fogo o exercício da cidadania dos meus na impetuosidade de fazer de mim um instrumento da paz, do amor e da fraternidade.

6.Como você descreve o processo de aculturação, ao longo da formação da sociedade brasileira?

DA: a aculturação é um processo de mudanças provocadas pelo constante contacto com a diversidade cultural. Com a facilidade de estabelecer-se o contacto entre os povos, aproximando povos independentemente das barreiras limítrofes, aprendemos a aceitar os outros e a influenciar aos outros para que aceitem-nos tal como somos.

Assumpção de um povo é reconhecer os seus padrões estabelecidos para regular o funcionamento da sua sociedade mediante os valores identitários que possuem.

A meu ver a sociedade brasileira é muita receptiva e acolhedora e que de forma subtil acolhe as diversas crenças sem se despir dos seus valores tradicionais que perfazem a diversidade cultural, contudo, tem uma peculiaridade que consiste em manter uma idiossincrasia cultural que mesmo convivendo com a diversidade aludida consegue manter uma personalidade única através da língua a prior, a fala, os costumes e manifestações tais como carnavais, o pagode, o samba, o funk, realizando a massificação da cultura brasileira até na diáspora.

7.Que problemática você destaca na prática da difusão cultural?

D. A: A maior problemática na prática da difusão cultural é a alienação cultural manifestada pela indiferença dos membros de um determinado grupo social para com os seus padrões de assimilação da vida, contudo, o desafio tem o seu momento primordial na transmissão gradual do direito à cultura e fazer compreender que as acções de todos os seres sejam animados ou inanimados contribuem na construção da cultura tornando-se personagens vivos ou presentes no que há por se propalar ao longo do tempo.

A facilidade com que se perde o povo se ocupando com futilidades e obscenidades.

É ainda mais difícil difundir a cultura pela escassez de apoios para projectos culturais, tais como os inerentes a criação de incentivo e gosto pela leitura nas escolas, a falta de apoio dos pais ou encarregados de educação da nossa juventude na promoção da literatura, pois se nenhum pai compra um livro para oferecer ao seu filho, em cada aniversário só se oferece um vídeo game, computador ou bicicleta e nunca um livro, que filho pode gostar de ler, se nunca vira seu pai lendo um livro em casa durante um fim-de-semana. Os folclores moçambicanos desenvolveram-se através da oralidade porque os pais transmitiam seus valores culturais para os filhos, o que fizera com que a tradição oral (danças, cânticos, provérbios…) se tornasse contínua e se endeusassem algumas figuras mitológicas como Nwamilambo (besta do mar), lendas como a do aparecimento de animais como o Pangolim, o anjo proclamador de mensagens divinas.

A educação de um filho não pode ser da responsabilidade da escola ou do professor que convive quarenta e cinco minutos com seu educando e isentar-se o encarregado que vive cerca de 24 horas diárias com seu filho. Tem que haver uma parcimónia na edificação de um homem.

8.Comente sobre o espaço digital, destacando sua importância no cenário cultural.

D. A: O espaço digital é um crânio onde se afloram inúmeros fios de cabelos que perfazem as subculturas que encontram neste espaço o local de sua difusão. Há uma riqueza bibliográfica, entretanto, precisamos de estar capacitados para aferir a diversidade de informações que o espaço oferece, permite-nos divulgar as realizações em tempo record. Nele encontramos e reencontramos diversos fazedores de arte, bem como associações culturais que através de suas acções, diferenças linguísticas e entre outras identificamo-nos uns aos outros pelas acções que engendramos. Contudo, o espaço digital não substitui o lugar do livro e ou da leitura, apenas facilita a comunicação e a circulação do livro através de publicações em formato digital permitindo que os artistas estejam cada vez mais próximos uns dos outros e criem intercâmbio cultural.

9.Qual mensagem você deixa para todos os fazedores culturais?

D.A: É preciso fazer a cultura tal como amamos a nós próprios, levantar pela manhã e lavá-la tal como nos lavamos, penteá-la e perfumá-la tal como nos penteamos e nos perfumamos, oferecê-la o café para que ela se robusteça e levá-la à rua para que ela saúde a vizinhança, mantenha amigos e amores e deixá-la edificar-se.

Contemplá-la como uma parede que necessita de uma tinta genuína para esbranquiçar o tenro cimento, descortinar os efeitos do desgaste que a parede sofre ao longo do tempo e abrir as portas para que a parede se torne porta, se torne janela e se torne sala ou quarto para a família nela habitar.

Dhiogo J Caetano
Enviado por Dhiogo J Caetano em 30/08/2018
Reeditado em 30/08/2018
Código do texto: T6434674
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