ENTREVISTA COM GENAURA TORMIN - Publicada no Jornal da Imprensa de Goiânia-Go.
A volta da sensibilidade
Uma advogada deixou apenas uma anotação para a Analista Judiciário, Genaura Tormin, em seu local de trabalho, no Tribunal Regional do Trabalho, em Goiânia, sem fazer propagandas, sem tentar convencer de qualquer importância. Na mensagem estava escrito: “Entra no Google e pesquisa auto-hemoterapia – trabalho do Dr. Luiz Moura”. Sem nunca ter escutado falar sobre tal procedimento, Dra. Genaura pesquisou na internet e gostou do que leu sobre o assunto. E claro, depois, adquiriu o DVD com a entrevista com o médico Luiz Moura, com a própria advogada. Ficou mais impressionada ainda, como quase todos os que assistem ao vídeo com o médico simpático explicando minuciosamente, e de maneira fidedigna, o que é a auto-hemoterapia.
Mais uma sementinha estava plantada. Mais uma pessoa queria experimentar os métodos terapêuticos do exímio médico, Clínico Geral, Dr. LUIZ MOURA, descritos numa entrevista gravada em DVD. Os frutos, como todos os outros, são os melhores possíveis. Embora se repute cética, Dra. Genaura acreditou e se prontificou a experimentar. Como Delegada de Polícia, hoje aposentada, aprendeu a duvidar e conhecer as pessoas, detectando suas mentiras. Além disso, seu marido é um profissional de saúde. É odontólogo. Ele também ficou impressionado com a técnica e seus benefícios, bem exemplificados pelo médico, cuja dignidade e respeito estampavam-se a cada palavra.
Assim, ela quis experimentar, mais somente para prevenção, tendo em vista a idade e uma trombose na perna esquerda. Não cogitava melhoras para a paralisia, com quem convive há 25 anos, o que a faz usar sonda vesical, além de estar banida da sensibilidade tátil e da locomoção. Ela deambula de cadeira de rodas. Sua lesão é medular e está localizada em nível da 4ª vértebra torácica (T-4).
As duas primeiras aplicações da auto-hemoterapia, ela tomou de 5ml, com o objetivo exclusivo de prevenção. Por causa de um grande cisto no ovário, constatado através de ultra-sonografia, ela aumentou a dose para 10ml.
Já com vistas a uma intervenção cirúrgica, ficou assustada ao fazer outra ultra-sonografia, 4 dias depois do primeiro exame, e constatar que o cisto havia desaparecido. Ela mostra ambos os exames.
Críticas médicas
O médico teve que dar o braço a torcer e a contragosto afirmar que poderia ter sido a auto-hemoterapia a causadora do desaparecimento do cisto, já que tinha sido a única coisa diferente que ela havia feito nos últimos dias. Mas antes disso ele havia rebatido a técnica. Procedimento que a medicina não faz. Não é aceito pelo Conselho, dissera ele. Tanto ele como os outros médicos amigos com quem ela conversou sobre a auto-hemoterapia, mostraram-se contrários, reticentes. Muitos desconheciam, enquanto outros afirmaram que a técnica não fazia sentido.
Após o desaparecimento do cisto (que não era pequeno), ela não parou mais de fazer as aplicações. Já são seis meses ininterruptos. E as melhoras também surgiram e continuam surgindo. Um outro grande passo e incentivo para a continuidade das aplicações da Auto-hemoterapia foi a confirmação de que o inchaço de sua perna esquerda, acometida há anos por uma trombose, havia praticamente desaparecido. Embora não lhe causasse dores, porque ela não tem sensibilidade, provocava-lhe um grande problema postural, forçando-a a usar um calço grande na cadeira para propiciar equilíbrio, uma vez que a nádega esquerda também continha o inchaço. Não há mais necessidade do calço. Também a pressão arterial, mesmo controlada por remédios, era muito alta. Muitas vezes ela fora trabalhar com a pressão verificada em 18 por 10. Ela se nega a faltar ao trabalho. “Nunca faltei ao meu trabalho.” Hoje a pressão arterial não tem apresentado alterações significativas.
A grande surpresa
O que ela não esperava começou a acontecer. Sua sensibilidade está voltando. Muita coisa tem mudado. Sempre há alguma novidade: a sensibilidade que era na altura dos mamilos (T-4), hoje se encontra pouco acima do umbigo. Sente a região lombar encostada no encosto da cadeira de rodas. Consegue contrair o abdome, o que não fazia antes, pois o diafragma não obedecia ao seu comando. Para tossir tinha que dobrar o tronco sobre os joelhos para conseguir forças para tal.
Hoje, ela consegue mexer a "bunda" voluntariamente, quando está em decúbito ventral, direcionando-a para a esquerda ou direita, cuja velocidade se soma a cada dia. Ela até filmou esse movimento e se sente feliz em mostrá-lo às pessoas do seu círculo social ou a quem queira ver. O equilíbrio melhorou muito, e conseqüentemente a qualidade de vida. Se continuar assim, ela acredita que vai recuperar o controle natural das necessidades fisiológicas.
No seu livro Pássaro Sem Asas ela fala sobre a perda da sensação de fome e de sede. Isso, também está sendo recuperado.
Hoje, ao se aproximar da hora do almoço, ela conta que sente uma fome danada. Porém, o que mais lhe agrada é não ter mais que usar fraldas, procedimento que fizera durante esses 25 anos, em que está paraplégica, vítima de uma Mielite Transversa. Usar fraldas era uma grande dificuldade. Agora, sem ela, a vida ficou mais fácil, principalmente quanto a ida ao banheiro. Diminuiu o tempo e o trabalho de ter que ajustá-la. Essa é a melhor parte, conta ela. A sensibilidade tátil continua em ascensão e ela se sente muito entusiasmada. Diz já sentir algum controle dos esfíncteres, o que significa uma grande conquista.
Todos tiveram que se curvar aos benéficos e significativos efeitos da auto-hemoterapia. Seu fisioterapeuta, sua família, e seus amigos médicos. Há ainda quem diga, para justificar, que pode ser uma melhora natural, devido a decorrência do tempo, o que ela rebate veementemente: _ “Fiquei 25 anos sem nenhuma melhora, nenhuma alteração no quadro locomotor ou na sensibilidade! E olha que lutei com unhas e dentes para conseguir alguma independência física. Tive que me contentar com o otimismo e a vontade ferrenha de continuar vivendo,” conta ela.
Uma escritora otimista, uma delegada atriz
Ao comentar a reportagem do programa da Rede Globo, Fantástico, sobre a auto-hemoterapia, cita a existência do quarto poder, que é o dinheiro. Refere-se aos malefícios do cigarro, cuja apologia tácita estampa-se em filmes e novelas, num convite silencioso aos mais incautos, bem como a Coca-Cola, que dissolve até ossos. No entanto, estão aí alardeados por propagandas homéricas na mídia escrita e televisionada, provocando muitas doenças, incluindo o câncer. O homem é mesmo o exterminador do próprio homem, completa ela. Assim, após uma análise consciente, resolveu fazer a auto-hemoterapia, uma vez tratar-se de uma técnica simples, sem nada químico. Com certeza não lhe faria mal. Os mestres tibetanos costumavam dizer: “Cura o teu corpo com o teu próprio corpo”, finalizou ela, tentando respaldar a inocência da conduta.
A auto-hemoterapia não mudou completamente a sua vida. Ela alega não ter pretensões de um dia voltar a andar. Se acontecer, será surpresa, pois a sua lesão está (ou estava) localizada logo abaixo dos seios.
“Tenho uma lesão grave, que não significa doença, mas uma seqüela que me trouxe grandes amarras físicas”, diz ela. Porém, para uma pessoa que não sabia o que era ter sensibilidade dos seios para baixo, não sentia fome, tinha que usar fraldas constantemente, o ganho foi incrível.
Mesmo presa durante todos esses anos numa cadeira de rodas, Dra. Genaura sempre foi uma pessoa otimista, desbravadora, ousada. Além de trabalhar no Tribunal Regional do Trabalho, ela também é escritora e poetisa. Profere palestras no Estado e fora dele. Tem três livros publicados: “Pássaro Sem Asas”, uma auto-biografia; e mais dois de poesias, “Apenas Uma Flor” e “Nesgas de Saudade”. Como ela própria diz, “os poemas são para acalentar a alma, colorir os momentos desbotados e falar de amor”.
Ela também escreve artigos e crônicas e os publica em jornais ou em sites de literatura. Nos textos, ela debate tudo, como uma pessoa de mente aberta que é. Não existem temas proibidos ou tabus da sociedade em que deixe de discutir.
Questões, problemas, elogios, fatos acontecidos com ela mesma, são alguns dos temas, principalmente os vivenciados pelas pessoas com necessidades especiais, que é a sua “praia”. Como deficiente física, aborda todas as dificuldades. Reclama da falta de acessibilidade, principalmente aos banheiros, necessidade primária de um deficiente físico. Como mulher, reclama da opressão sofrida e fala da velada discriminação ao dito sexo frágil. E aos deficientes? E também como Delegada e advogada, discute as leis e o Judiciário. Todos nós temos de ser políticos, diz ela.
Em um texto, em fevereiro deste ano, ela falou sobre auto-hemoterapia e causou polêmica.
O número de leituras do texto “Incríveis Benefícios da Auto-Hemoterapia” já passa dos dezessete mil. Além dos muitos elogios recebidos, muitos testemunhos benfazejos foram deixados no rodapé do texto. Também houve pessoas que discordaram, duvidando da veracidade das informações contidas no artigo.
Delegacia de Polícia
Foram 30 anos de Polícia Civil, passando pelos cargos de Escrivão, Comissário e Delegado de Polícia, sendo este último conquistado depois de paraplégica, por meio de concurso. Uma Delegada que, além de mulher é paraplégica! Bandido nenhum ficaria com medo... Ainda mais que é muito simpática e está sempre com um sorriso aberto. “Eu fazia teatro! Sou uma boa atriz!”, revela a Delegada. Tudo que ela fazia ali era encenação. Quando chegava um marginal, ela olhava firme, falava sério e forte, para que a pessoa ficasse com medo. Um policial aconselhou-a a não se irritar, ao que ela respondera que era apenas “teatro, uma encenação para intimidar o cliente, infrator perigoso da Lei Penal”.
Ao ficar paraplégica aos 36 anos, casada e com quatro filhos ainda crianças, a sua reação foi de tristeza. Não poderia fazer quase nada do que costumava fazer. Perdeu praticamente o direito de ir e vir. Para chegar ao nível da auto-estima que possui hoje, teve que aceitar e se adaptar às muitas dificuldades. Para isso, contou muito com o apoio do marido, Alfredo, seu cúmplice em todas as batalhas, que está sempre ao seu lado ajudando-a a vencer barreiras, conquistar divisas. Uma família que vestiu a camisa. Uma ajuda mútua que inclui muito carinho dos filhos e das pessoas que os conhece e privam de sua amizade. Tudo em sua casa é adaptado para ela. O banheiro, as portas são mais largas, os armários e interruptores da luz são mais baixos.
No fim do livro “Pássaro Sem Asas” que já está em 5ª Edição, Dra. Genaura deixa uma mensagem para os leitores: “Que as minhas experiências o conduzam à reflexão e, de repente, você se descubra a pessoa mais feliz do mundo. Aprenda a encontrar a sua própria felicidade. Ela não é comprada, é conquistada. Deve ser desbravada de dentro para fora. E para isso, é preciso buscar, amando-se em primeiro lugar e repartindo com os demais o amor que lhe vai no peito. Se não amamos a nós mesmos, como poderemos amar aos outros ou permitir que sejamos amados? Dessa forma, você partirá de si para uma conquista global. É uma receita simplista, mas muito verdadeira. Basta querer. Cultive a sua auto-estima, arrume o seu interior e vá a luta!”.