Cissa de Oliveira entrevista Belvedere Bruno

Cissa de Oliveira



entrevista Belvedere Bruno,
escritora



Cissa: Na poesia, quais são os seus autores preferidos na literatura nacional e internacional?
Belvedere - Adélia Prado, Thiago de Mello, Mario Quintana, García Lorca, Fernando Pessoa, Pablo Neruda.


Existe algum autor em particular que você poderia citar como sendo aquele que influenciou na sua poesia ou na sua prosa?
- Não. Logo que retomei a escrita, após vinte anos de silêncio, recordo-me que tive uma ligeira influência de dois ou três poetas, em pouquíssimos poemas. Logo me desvencilhei em busca de meu caminho, o que faço até hoje.


E então, em termos de opção literária você é mais poeta ou mais cronista?
- Sou cronista, mas percorro outros caminhos; escrevo cartas, poemas, contos, e adoro fazer entrevistas.


Você gosta ou tem alguma restrição em escrever sobre um tema pré-determinado?
- É algo que não me traz satisfação. Não sinto que o texto flua tão bem.


Como é o seu processo de criação na prosa?
- Nas crônicas, sempre relato fatos do cotidiano, refletindo sobre o comportamento humano, e, no processo, pode haver humor, crítica, ironia e poesia.


Já aconteceu mudar o seu estilo, e isso foi proposital ou aconteceu naturalmente?
- O que ocorre é evolução. Através de estudos, leituras, você vai aprendendo a concatenar melhor as idéias, e a elaborar um texto que diga realmente a que veio. Ouvir críticas de quem realmente tem uma bagagem respeitável é também um excelente caminho. A crítica nunca deve melindrar, pois é fator decisivo para o crescimento de quem escreve.


Existem na Internet vários grupos de poesia e uma grande discussão a respeito do que é produzido nesses grupos. O que você diria sobre isso?
Sobre os grupos de poesias na net, são pouquíssimos os que têm como objetivo o aprimoramento de seus integrantes. Há grupos onde se posta até o famigerado autor desconhecido. Não há nenhum compromisso com a cultura. Há também os grupos fechados, onde bons poetas postam seus trabalhos e sente-se frieza no espaço, onde você pode permanecer um ano sem que alguém lhe dirija uma palavra.


A Internet permite que os escritos ganhem o mundo rapidamente, e eu sei que você publica em vários "sites". Já aconteceu de "furtarem" um texto seu?
– Atualmente, procuro evitar a superexposição em sites e listas na internet. Ela cansa o leitor. Nunca tive problemas de furtos, mas sei que infelizmente o fato ocorre.


Evolução na escrita - Você acha que essa evolução está relacionada mais com a leitura, com o treino ou com um posicionamento em relação ao que o autor quer para a sua escrita?
- A evolução na escrita depende de muito esforço, incluindo-se, nesse esforço, estudo e leituras variadas. Sem isso você estaciona, não evolui.


Sei que você já participou de Antologias, e então, quando é que a Belvedere Bruno pensa em lançar um livro solo?
- Quando me sentir madura, para levar ao leitor uma obra consistente.


Dizem por aqui que "poesia não vende", embora eu já tenha ouvido isso em pelo menos mais dois países. No nosso caso específico, você pensa que isso estaria mais relacionado com a questão da cultura, da sensibilidade ou da economia?
- Livros de poemas são difíceis de vender, sem dúvida. Há uma grande crise no mercado editorial também, e , por outro lado, os livros são caros, e o povo tem outras prioridades.


Até onde a autora Belvedere Bruno pensa em chegar na Literatura, melhor dizendo, quais são os seus planos para o futuro? Ou isso não é uma preocupação pra você? Como você imagina que será enquanto escritora, daqui a, digamos, 5, 6 anos?
- O que tenho é um objetivo. Escrever bem. Não me preocupo com o tempo, mas acredito que daqui a seis anos estarei escrevendo relativamente bem.


Você acha que ler Belvedere é um caminho acertado para conhecer a pessoa que você é?
- Conhecer alguém é muito difícil. Em minhas crônicas coloco algo de mim, o que pode dar uma leve idéia sobre minha pessoa, mas conhecer, na verdadeira acepção da palavra, de jeito nenhum!


Fale o que quiser sobre você.
- Sou simples! Mostro a simplicidade através do que escrevo. Gosto de narrar fatos do cotidiano misturados com doses de fantasias... Ler é a minha terapia maior. Podem me tirar tudo, menos os livros. Sou solidária. Através da solidariedade, busco racionalmente meu crescimento espiritual. Abomino dogmas e imposições. Sou livre por natureza. Adoro voar! Amo apaixonadamente minhas asas... Sou vaidosa na medida exata. Faço exercícios físicos, dietas balanceadas e me sinto uma pessoa saudável, bonita e feliz. Gosto de cinema, teatro, música e viagens. Mais um pouquinho? Adoro ouvir, ouvir, ouvir....


Deixe mensagem sua para quem pensa em se lançar na escrita de uma forma séria:
- Estudem. Leiam muito. Tracem objetivos e levem adiante. Clareza e precisão de idéias, contra rebuscamentos estéreis. Tenham em mente que estamos no século XXI e é importante escrever de acordo com a linguagem atual.


Por fim eu gostaria de dizer que admiro muito a sua escrita pelo que ela é hoje, mas, principalmente, pelo que eu "assisti" em termos de evolução.
- Obrigada. A evolução ocorre justamente por eu ter traçado uma meta e estar cumprindo.



(22 de outubro/2005)




Cissa de Oliveira é bióloga, doutora em Genética e Biologia Molecular e escreve desde o ano de 2000. Refere já ter descartado boa parte da sua produção literária do começo. Tem participação em três Antologias de Grupos de Poesia na Internet (Pax_Poesis Encantada e Encontro de Escritas) e em outras duas por destaque em concursos. Conheça a autora visitando o seu blogue: www.cissadeoliveira.weblogger.com.br