Minha mãe borderline
O amor da minha mãe por mim era condicional.
Quando eu não fazia o que pretendia fazer – pequenas tarefas ou tanto faz – ela costumava enfurecer-se, derrubar-me e dizia que eu era uma criança horrível que nunca teria qualquer amigo.
Mas quando ela precisava de amor, ela costumava ficar carinhosa e abraçava-me e falava sobre como éramos próximos.
Nesse respeito nunca teve qualquer modo de predizer com qual humor ela estaria.
Minha mãe parecia ofender-se quando uma pessoa qualquer parecia ocupar muito do meu tempo e da minha energia.
Ela era igualmente ciumenta em relação ao nosso cachorro, Snoopy, que eu amava mais do que qualquer pessoa.
Um dia eu estava abraçado com Snoopy e ela veio em nossa direção e começou a gritar que eu não tinha vida porque tudo que eu fazia era sentar dentro de casa e mimar o cachorro.
Eu sempre pensei que eu era o único que tinha feito alguma coisa errada – ou eu pensava que eu era uma pessoa má.
Ela tomava a si mesma para corrigir-me por dizer constantemente a mim como eu precisava mudar. Ela procurava alguma coisa errada com meu cabelo, meus amigos, meus modos à mesa, e minha atitude.
Ela parecia exagerar e mentir para justificar suas afirmações.
Quando meu pai reclamava, ela rejeitava-o por fazer um simples sinal com a mão.
Mas ela sempre tinha o direito.
Através dos anos, eu tentei satisfazer suas expectativas.
Mas quando finalmente conseguia, elas mudavam.
Apesar dos anos de ardentes críticas, eu nunca cheguei a acostumar com isso.
Eu me torno insensível por dentro quando alguém – especialmente uma mulher – começa a criticar-me.
Hoje, tenho problemas em me aproximar das pessoas. E não consigo acreditar em ninguém completamente – nem mesmo em minha esposa.
Quando eu me sinto especialmente próximo dela, eu reforço a mim mesmo para a inevitável rejeição que eu sei que virá.
Se ela não faz nada que eu possa classificar como rejeição, eu irei rejeitá-la de algum modo – tipo ficando furioso com ela por qualquer coisa estúpida.
No fundo, eu sei o que está acontecendo.
Mas me sinto impotente para mudar isso.
(fonte: trecho extraído do livro Stop Walking on Eggshells)