Entrevista com Leandro Diniz

Entrevista com Leandro Diniz, estudante de Desenho Industrial, escritor. Mora em Niterói, RJ, escreve no Blog.

www.leandrodiniz.blogspot.com , e no site literário www.recantodasletras.com.br

Tema: Leitura e Escrita - Sua História de Leitura

Arteiros de Plantão (Tânia Barros): Quando você percebeu que livros seriam parte fundamental na sua vida e, livros são parte fundamental na sua vida?

Resp. Leandro Diniz: Primeiro dizer que livros fazem parte da minha vida é redundância. Quem me conhece sabe que livros e Leandro formam um ser só. Hehe. Não tenho uma data determinada, nem uma marca em minha vida que me lembre dessa consciência. Os livros foram conquistando seu devido espaço (hoje monstruoso) na minha vida com calma e cuidado.

Comecei a ler por causa dos livros de RPG. O RPG é visto como jogo de pessoas reclusas, que gostam de coisas down, tipo rock pesado, ler livros de matérias ocultas e tal, grande parte devido à notícias indevidamente associadas ao RPG de que em Ouro Preto mataram uma garota durante um jogo do tipo.

Comecei a ler os livros de RPG, e fui me apaixonando pelo jogo, comprando mais livros e tendo mais curiosidades. Depois percebi que os livros de fantasia, atuais, de vampiros eram baseados em obras literárias. Mais especificamente O Dungeons & Dragons foi inspirado pelo fantástico O Senhor dos Anéis, e o RPG Vampiro: A Máscara veio de uma inspiração trazida dos livros da Anne Rice. O mais famoso, por ter sido transformado brilhantemente para o cinema, é o Entrevista com Vampiro.

Depois que comecei a ler tais obras parti para livros que eram parecidos, como Stephen King (em seu horror contagiante), livros infanto-juvenis (os quais ainda adoro ler). Logo fui percebendo a importância dos clássicos e fui me apegando a eles, daí pra cá eu leio de tudo, tudo mesmo.

A.P: Houve algum tipo de incentivo para a leitura em casa, na infância? A escola foi decisiva na sua história de leitor?

Resp. L.D.: Olha, aqui em casa eu não tive influencia nenhuma para a leitura. Tinha lá meus livrinhos daqueles de criança que todas têm, mas nem meu pai, nem minha mãe lêem com freqüência. Pelo menos não durante minha infância e adolescência. Eram raras as vezes que via alguém lendo. A escola, tampouco foi uma determinante para minha vida de leituras. Tomei conhecimento dos RPGs na escola, se podemos considerar esse contato com meu amigo uma influência da escola tudo bem. A instituição em si não me ajudou em nada no ramo da leitura. Comecei por mim mesmo, desbravando o desconhecido em busca do que me fazia falta.

A.P.: Como se sente quando entra numa livraria?

Resp.L.D. Caramba! Isso é inquestionavelmente estupendo. Quando eu entro em qualquer livraria eu me defronto com todas aquelas palavras, todo o conhecimento acumulado que ali está, fechado entre capas. Sinto-me impotente. Sempre humilde defrontado com tudo que pode-se conhecer, digo sempre a mim mesmo, quando estou em uma livraria “Acalme-se, aqui você sabe que nada sabe” E com isso vou procurando saber sempre um pouco mais.

A.P.: Gosta de ganhar ou dar livros?

Resp.L.D.: Quem não gosta de ganhar livros? Mas eu gosto de ganhar livros que me façam falta. Lógico que qualquer livro bem escolhido me apetecerá. Mas, melhor ainda se a pessoa que me dá o livro sabe das minhas áreas de leitura e arruma um volume dentro delas.

Agora, eu adoro dar livros para pessoas que sei que lêem, gostam de ler. Dar livros para pessoas que não apreciam leituras é como dar carne a um vegetariano. Pode até ter-se esperança de que um dia a pessoa que não lê comece a ler. Mas nunca por pressão ou influencia dos outros, isso tem que partir delas mesmas.

A.P.: O que é mais difícil e/ou toma mais seu tempo, a leitura ou a escrita? Por quê?

Resp. L.D.: Depende do que leio e do que escrevo. Ler atualmente está sendo rápido quando pego romances e livros de contos. Mas muito demorado com os livros teóricos e específicos. Existe a leitura de entretenimento, a qual gosto muito, a leitura de obras literárias, a qual me dedico, pois são essencialmente mais densas que as de entretenimento, e a leitura especializada, sobre assuntos teóricos, práticos, que envolvem um estudo. Mas realmente escrever me toma algum tempo, tempo esse de preparo, eu posso passar dias sem escrever nada, ruminando essas coisas, daí sento e escrevo que nem um louco. Mas o tempo de escrita para mim é aquele tanto do pensamento do que se vai escrever tanto do da escrita propriamente dita. Esse tempo é considerável também.

A.P.: Já participou de algum tipo de roda de leituras? O Brasil carece desse tipo de iniciativa: feiras literárias em mais cidades, rodas de leituras nas escolas fundamentais, bibliotecas mais equipadas e atualizadas, para se tornar um país de leitores? Que tem a dizer sobre o fomento à leitura nos países mais pobres, na América Latina, em especial o Brasil?

Resp. L.D.: Nunca participei de uma roda de leituras, digo que pela falta delas mesmo, pois agora estou organizando uma! O Brasil carece de muitas coisas, e primeiro devemos nos focar para melhorar a nossa infra-estrutura. Ler é bom, mas dar comida, casa e estrutura básica a todos os cidadãos vem primeiro.

Nossas escolas são as primeiras a tornar o caminho para a leitura mais árduo. Como que alguém que começa a ler vai começar pelos clássicos da literatura brasileira e portuguesa? Até hoje eu nem li um centésimo dessas obras. É-se preciso estar preparado e ter alguma bagagem para se ler tais obras. E quanto as matérias de literatura nas escolas? Como que pode-se querer que os alunos comecem pela poesia? Um tipo tão especifico de leitura, em que requer toda uma energia mental para completar o texto e colocar ali o pedaço de si mesmo.

A.P.: Quais seus gêneros literários preferidos?

Resp. L.D.: Adoro os livros da Anne Rice. Para escrever sobre os vampiros ela entende como ninguém a alma humana, os anseios e tudo o que ronda nossa sociedade. Os livros do Stephen King são bastante agradáveis e nos dão uma surpresa na qualidade da escrita e como ele trabalha o suspense e o horror dentro de nós mesmos. Mas gosto muito de livros de contos e crônicas. Principalmente antigos, onde estavam ainda desenvolvendo essas artes, hoje tão banalizadas.

A.P.: No momento tem projetos para um livro seja em papel, ou virtual?

Resp. L.D.: Sempre tive vontade de rescrever um livro. Mas é uma tarefa de extremo cuidado e para isso tenho demorado a engrenar num projeto, mas tenho sim um pensamento de escrever um livro, dois, e quantos mais conseguir. Por hora eu tenho pensado em organizar meus contos e crônicas e juntá-los em um livro virtual.

By Tânia Barros, em 30 de agosto, de 2005.

(publicada no meu blog em 30 de setembro de 2005)