QUEM PRECISA DE QUEM PARA EXISTIR? Comentários sobre a "manutenção dos deuses metafísicos
QUEM PRECISA DE QUEM PARA EXISTIR?
Comentários sobre a “manutenção” dos deuses metafísicos
*Por Antônio F. Bispo
Frases de impacto...Quem nunca ouviu ou falou alguma? Daquelas que fazem paralisar um pensamento, dando-se a entender, que por meio de uma única frase alguém disse uma verdade universal escondida, do tipo inquestionável, paralisando qualquer discursão inteligente, e dobrando ao meio seu opositor.
Pois bem, isso só ocorre, quando num debate, apesar das pessoas terem opiniões diferentes, manterem o mesmo ponto de partida sobre determinado assunto crucial aos dois, concordando no fim das contas com o ponto central da questão. Quem nunca ouviu, uma frase, que desarmou outra pessoa e a deixou “ciscando” sem saber mais o que dizer? Uma das frases de impacto nos círculos religiosos, ou citadas por pessoas depois de perderem todos os argumentos lógicos numa discursão religiosa é: “Deus sem você, continua sendo Deus, e você sem Ele é o que? Nada...! Essa frase é citada com veemência também em pregações e centenas de cânticos religiosos. É uma das frases que paralisa o pensamento de uma pessoa que tem medo do deus cristão, e deixa o opositor sem argumentos, caso esse apesar de possuir crenças diferentes, tenha em si o modelo de deus proferido por aquela pessoa.
Vamos pensar um pouco sobre a veracidade dessa fala e ver a quem realmente ela importa ou quem realmente é nada sem você.
Antes do surgimento da internet, nossa ideia de mundo e a maioria do conhecimento adquirido pelas pessoas vinha praticamente dos livros ou da frequência em uma sala de aula, além das conversas em roda de amigos ou grupos de família. Depois da internet, algumas experiências podem ser conferidas instantaneamente em várias fontes diferentes, algumas confiáveis e outras não.
Desde muito cedo, quando eu era criança quando ainda visitávamos comunidades católicas, foi me dito que nosso deus, o deus cristão, era o único e verdadeiro deus adorado em toda a terra. Depois que passei a frequentar a igreja evangélica, era repetido diariamente, que nosso deus era conhecido e temido em todos os cantos do mundo e que diante dele todo joelho se dobra diariamente para confessar sua grandeza e poder. Com o passar do tempo, fui vendo em livros de história cada vez mais que isso não era verdade, mas via apenas em livros, ou conversando com pessoas de mente aberta, que não eram defensores dessa ou daquela divindade em particular.
Em 2006 me ocorreu algo interessante, que foi o ponto de partida para dar início a uma pesquisa particular e uma série de buscas para descobrir o quanto a fé que eu defendia era “verdadeira” e o quanto nossas divindades cultuadas eram conhecido mundo a fora. Na época, eu estava deixando de dar aula de inglês para iniciar no meu próprio ramo de negócios e não queria deixar meu inglês “enferrujar”. Decidi usar as redes sociais existentes na época para praticar fluência. Fiz contato com pessoas de vários países nesse interesse, e troquei dialogo com várias pessoas do Brasil e do exterior. Conheci então uma jovem de uma província da china, que também estava estudando inglês, e resolvemos ajudar um ao outro, além disso ela me ensinaria algumas palavras em chinês e eu a ensinaria palavras em português, usando o inglês como ponte entre nós dois. Tínhamos sempre um dicionário as voltas, e quando não nos entendíamos na fala, íamos para a escrita, e conseguíamos nos entender na medida do possível. Falávamos sobre diversos assuntos no intuito de enriquecer nosso vocabulário. Na época eu era uma pessoa fiel aos princípios de “evangelização” segundo o modelo de minha igreja, e aproveitei pra falar sobre minha crença. Perguntei se essa moça já tinha ouvido falar de Jesus. Ela me perguntou se era alguma marca de refrigerante nova ou algum ator de cinema. Ela disse que conhecia Michael Jackson, Leo Dicapio, Jackie Chan, Mac Donald, Coca-Cola e outras marcas famosas, mas ainda não conhecia essa marca chamada Jesus. Achei que era brincadeira, mas depois percebi que ela falava sério.
No meu nível de consciência na época eu disse: “Ele é o filho do Deus todo poderoso, universal, que morreu na cruz por nós, pra salvar o homem dos seus pecados”. Ela disse que nunca ouviu falar nesse nome, nem do pai e nem do filho, que não entendia o que era pecado, e nem entendia por que uma pessoa que morreu pendurada numa cruz há tanto tempo, poderia trazer qualquer benefício para alguém hoje. Você sabe o que diz todo bom cristão quando se ver acuado não e sem respostas não é? Tenta convencer os outros pela fé e diz: apenas creia, pois a salvação é pela fé...(risos). Ela não tinha intenção nenhuma de me por contra a parede, ou não estava desafiando meus princípios, apenas nunca tinha ouvido falar nos seres que cultuamos e nem tão pouco entendia essa ideia de pecado, salvação, sacrifício, frequência numa igreja etc.. Conhecia Confúcio, Lao Tse e outros grandes influenciadores do pensamento oriental. Nada sobre Jesus, Deus, Maria ou nenhum dos santos católicos. Eles prestavam honras aos seus ancestrais e não aos deuses. Quantos aos sábios que passou aqui na terra, era pra se aproveitar o que eles disseram ou fizeram de bom, e não para que cultuássemos, disse ela. Esse foi nosso elo de ligação, pois eu também sempre concordei com esse ponto, apesar de não ter ousadia suficiente para me expor naquela época com medo do ridículo.
Aquele dialogo foi um estopim para que eu viesse a questionar um grande número de pessoas diferentes na época. Entrevistei pessoas de diferentes pontos do globo para saber o quanto elas sabiam de minha fé, e o quanto o “meu Deus” era conhecido. Para minha surpresa, depois de várias pesquisas percebi que menos da metade das pessoas do planeta tinham ouvido falar em meu modelo de crença e que a crença que eu achava ser universal não passava de uma crença local, pois mesmo as que acreditavam no deus que eu acreditava, tinha um modelo diferente, e que na parte ocidental do globo, apesar de Judeus, Cristãos e mulçumanos, verbalmente assumir que servem ao mesmo “deus raiz” que surgiu com Abraão, descobri que em cada uma dessas crenças, haviam divisões e subdivisões aos milhares e que todos os grupos se dividiam entre si, e que cada novo grupo recém surgido afirmava ser mais verdadeiro que o grupo qual se dividiu. Percebi que minha religião não era homogênea e que cada pessoa tem um desenho particular de deus, e que éramos unidos apenas pelo medo dele e por isso o adorávamos. O medo, era o elo que nos unia aquilo que chamávamos de ser amoroso. Percebi que praticamente, meu deus era um deus tribal, levando-se em conta que apesar de eu morar em uma cidade pequena, com menos de 20 mil habitantes, havia cerca de 15 denominações evangélicas brigando entre si, pela aquisição de novos membros, e cada uma delas, dizendo estar servindo ao deus verdadeiro, enquanto as outras eram todas mentirosas. Algumas diziam isso de modo aberto. Outros de modo oculto, mas todas se alfinetavam entre si, pela defesa do deus verdadeiro. Uma deus tribal e não universal! Esse era o modelo de deus que constatei por conta própria. Tinha pouco mais de 20 anos na época, e não tinha dado início ainda a nenhum curso de teologia, filosofia ou ciência da religião. O desejo de pesquisa surgiu quando fui “desmontado” em minha crença “verdadeira” por uma pessoa que nem sequer tinha essa intenção.
Voltei então meu campo de pesquisa para o meu país, meu estado e minha cidade e entrevistei de modo particular mais de 200 pessoas evangélicas e católicas de igrejas diferentes, e de modo neutro perguntava: Quem é Deus? Qual a vontade de Deus para a vida do homem? O que é servir a Deus? Como é os céus? Como é o inferno? O que o seu líder significa pra você? Etc.,. Percebi então, que cada uma dessas pessoas, apesar de todas se dizerem cristãs, cada uma delas tinha um deus particular, que ele nunca era o mesmo para duas pessoas diferentes. Percebi que duas pessoas numa escala de 1 a 100, elas poderiam concordar com 99% sobre como, quem, ou o que deus quer de nós, mas jamais encontrei em grupo ou seguidor nenhum, quem concorde 100% com a ideia de deus representado pelo outro mesmo estando dentro do mesmo círculo religioso. Cada um descreverá Deus de acordo com suas experiências de dor, sofrimento e ganancia que tiveram, por isso ele é descrito de modo diferente por pessoas diferentes, mesmo afirmando servirem a um mesmo ser sobrenatural.
Sobre a personalidade de Deus, a grande maioria dos que entrevistei, concordou ainda que de modo imperceptível e indireto, que ele era um ser iracundo, aborrecido, mal humorado, e que estava o tempo inteiro nos vigiando para nos punir, mais do que para nos abençoar. Percebi que mais de 90% das pessoas nos grupos religiosos não amam esse ser chamado de Deus, ao contrário, as pessoas tem medo dele e para disfarçar confessam seu amor incondicional a essa ser, não por que o ame de verdade, mas por que tem medo de suas maldiçoes e ameaças nessa e em outra vida. Tais ameaças estão inseridas num livro dito sagrado, e elevadas em dez ao quadrado pelos líderes religiosos. Os que passam a servir esse modelo de deus nessas igrejas, são como animais adestrados, que viram, deitam e rolam perante o treinador, não por que realmente se importe com ele, mas por que teme o seu chicote ou almeja ganhar um tostão de comida cada vez que faz uma acrobacia perfeita...
Sobre a vontade de Deus, pessoas diferentes de grupos diferentes, tinham também visões diferentes sobre o que fazer para agradá-lo. O interesse em agradá-lo estava acima de tudo, é exatamente pelo fato dele se irar facilmente e punir de modo muito severo as pessoas que cometessem o menor vacilo, pois o mínimo erro cometido, era punição na certa. Algumas pessoas cristãs que entrevistei, então diziam que fazer a vontade de Deus era por um véu na cabeça, tocar um instrumento musical, casar e ficar o tempo inteiro submissa ao conjugue e as lideranças eclesiásticas dentro e fora da igreja e jamais questioná-los em nada. Outras pessoas me disseram que fazer a vontade de Deus era entregar panfletos com conteúdo religiosos sempre que tivesse oportunidade, principalmente em finais de semana. Outros disseram que fazer sua vontade era não beber, fumar, jogar e reprimir qualquer impulso sexual era a sua vontade. Também disseram que não cortar o cabelo, não se depilar, não usar shampoo ou nenhum produto de beleza, não ver o corpo nu do conjugue, apenas fazer sexo com o intuito de procriar, cantar no grupo da igreja, orar pelos enfermos, etc, também estavam no rol de coisas a se fazer para agradar a esse deus. Não achei em nenhum grupo uma conciliação completa sobre o que é agradar a deus ou fazer sua vontade. As únicas coisas que achei semelhante em todos eles foram: não questionar jamais as lideranças pois eles são representantes diretos de deus na terra; a necessidade de manter frequência dentro do grupo; e necessidade de contribuir para crescimentos do grupo, seja trazendo novos membros, seja trabalhando de graça em alguma função na igreja, seja contribuindo initerruptamente com dízimos, ofertas ou campanhas financeiras quase que diariamente. Nesse ponto a maioria concordou, principalmente no que diz respeito a não questionar as lideranças. Do mesmo modo que notei um comportamento de animal adestrado no que se refere ao “amor a deus”, também notei o mesmo comportamento em relação ao “amor as lideranças”. Quando os líderes dizem senta, deita, rola, vira ou anda as pessoas que os veneram, o fazem por medo de um castigo, já que considera este como um representante legal de deus, ou por que almeja posições de destaque, já que esse pode enaltecer ou humilhar uma pessoa publicamente e todos dirão amem. Mais uma vez notei medo e ganancia no comportamento coletivo que comumente confundem com amor e iluminação divina.
Sobre a questão do céu, vi muita diferença de descrição desse lugar sagrado também. Para alguns, será um lugar de gozo eterno, brincando com carneirinhos o dia todo, abraçando infinitamente seus antepassados que morreram, e vivendo um sentimento de saudade que nunca terá fim apesar de viverem por toda eternidade juntos, se abraçando, se beijando, felizes por se encontrarem depois de tanto tempo e assim mesmo chorando de tanta saudade; Para outros, de linha pentecostal por exemplo, o céu será um lugar de muita balburdia, algazarra, e desordem total, onde todos passarão os milênios sem fim, falando em línguas estranhas, batendo cabelo, rolando pelo chão, num eterno estado de transe, sem fazer mais nada a não ser “falar em mistério” na presença do pai; Para os que seguem a linha da teologia da prosperidade, o céu será um lugar de riquezas. Vão pisar em outro, andar sobre ouro, tocar em ouro, tudo será de ouro e todos serão ricos eternamente, apesar de se esquecerem que o ouro só é atualmente caro devido a sua escassez, e quando há um produto em abundancia, esse mesmo objeto perde o valor, por mais precioso que seja; Os que seguem a linha dos monastérios medievais dos monges gregorianos, acreditam que sua estadia no céu, será cantar eternamente num coral, num coro sem fim, ora olhando para a face do cordeiro, ora beijando suas mãos e pés furados, ora apenas calado, fitando seus olhos meigos e sua doce face do cristo europeu, que fora pintando no século XV, ou então, cantando, adorando, beijando, fitando e se ajoelhando, tudo ao mesmo tempo; Para os que tem no ventre sua principal fonte de prazer, percebi que eles descrevem os céus como um lugar cheios de comidas, onde você poderá comer de tudo, o tempo inteiro, sem jamais ter problemas digestivos ou engordar e caso você venha a ter tais problemas, terá a arvore da vida na margem dos rios, que servirá para a saúde das nações; Tem ainda, a linha cristã que aceita a poligamia como natural, e assim como se comportam na terra, lá no céu acham que vão viver em eterno deleite sexual, a vida inteira, como se o céu fosse um gigantesco bordel, onde você usa quantas mulheres quiser, quantas vezes quiser, sem nada pagar; Um dos pontos que mais me preocupa é com a visão monásticas das irmãs enclausuradas em relação ao céus: todas elas, de todas as épocas, em mais de 1600 anos desse modelo de cristianismo que temos, acreditam que serão esposas de Jesus, todas elas ao mesmo tempo! Elas são instruídas aqui na terra a não possuírem homem algum, pois todas elas guardam sua virgindade e castidade somente para serem esposas de Jesus. Que baita confusão vai ser naquele dia! Já pensou dezenas de milhares de mulheres de todas as idades disputando a atenção do mesmo homem e sua virilidade? A menos que sua força viril seja como a de um muçulmano no paraíso, que terá a força coletiva de 70 homens cada vez que possui uma mulher, haverá uma necessidade de um gigantesco estoque de pílulas azuis para o desempenho dessa função marital no paraíso. Nesse ponto, alerto aos que pretendem passar o dia inteiro a contemplar a face do mestre sem cessar, que ele estará muito ocupado prestando serviços maritais as irmãs que para ele se resguardaram durante toda a vida. Nada mais justo que cumprir as obrigações de esposo.
Em minhas pesquisas, o ponto que mais me deixou chocado, foi em relação a visão do inferno, não por que a grande maioria concorde que o inferno será cheio de fogo, enxofre e vários capetinhas recebendo ordem de um capeta mestre, te ferroando o tempo inteiro e passando em sua cara o tempo todo que você só estar ali por que não aceitou jesus, mas o que mais me comoveu, foi o fato de que cada grupo, de modo isolado , confessar que o modelo de crença deles é que está certo, desse modo o outro grupo estar errado, e se o outro estar errado...entendeu não é? O céu é sempre feito para o meu grupo, e o inferno para os demais grupos. Meu grupo sempre estar certo, por isso saímos de lá e fundamos nosso grupo, entende? Lá eles estavam fora da palavra e quando Jesus voltar não queremos ficar... Muitos poucos chegam a dizer isso verbalmente de modo direto, mas de modo indireto, todos dizem que o caminho que eles seguem, é o caminho verdadeiro e fora daquele caminho não há salvação. Quando se referem a caminho, estão se referindo indiretamente ao grupo religioso. Percebi que a grande maioria deles, independente da igreja, se sentem ofendidos e ultrajados quando saem para converter os outros ao seu modo de fé e encontram resistência. A maioria deles dizem: “já fiz minha parte, eu lavo as minhas mãos, no dia do juízo não serei condenado por não ter pregado pra ti. Será entre você e Deus” ...Sabe o que isso quer dizer não é? Em outras palavras, eles querem dizer que vai para o céu e você não, por que eles estão no caminho certo e você não, e se isso não fosse verdade, eles te deixariam em paz e não estariam procurando tirar gente de uma igreja para outra igreja o tempo, mesmo morando todos em um pais cristão. Se cada cristão concordassem que servem ao mesmo Deus, ninguém ficaria flertando para trazer membros de outras para sua igreja. Na teoria todos são filhos legítimos de Deus. Na pratica, alguns são legítimos e outros são bastardos, e os legítimos, segundo a lei de Moises é quem fica com a herança.
Qualquer pessoa pode fazer uma pesquisa ou entrevista como essa que fiz e obter os mesmo resultados, desde que entreviste mais de uma pessoa da mesma fé em ocasiões distintas. Você só conseguirá obter informações precisas de qualquer pessoa se for neutra enquanto estiver conversando. Não deve ser contra, por que senão a pessoa vai se retrair e se fecha contigo, nem deve ser a favor, pois desse modo irá por palavras na boca do outro e assim você vai ouvir suas próprias respostas e não as do entrevistado. Respeito as diferenças é fundamental nessas horas. Jamais criticar, julgar ou condenar a pessoa por sua crença naquele momento. Certo ou errado é o nível de consciência delas naquele momento. Tudo pode mudar. Um dia eles podem evoluir ou regredir mais ainda se for o caso. Você não precisa concordar, mas deve respeitar a pessoa, inclusive não expondo-a de modo pessoal por seu ponto de vista depois da entrevista. É o único jeito de obter respostas sinceras e espontâneas.
Então voltando ao ponto de partida, considerando que para que as divindades já cultuadas pelo homem, precisa da tradição oral, escrita, litúrgica ou de algum historiador para poder existir, eu refaço a mesma pergunta: o que seria os deuses sem você? Seriam lendas? Historias? Fábulas? Mitos? Invenções? Vale lembrar que o seu deus verdadeiro, conhecido, venerado e temido em sua cultura, não passa de mito, ou objeto de escárnio em culturas diferentes e vice versa. Pergunte-se quantas vezes você já não se pegou ridicularizando as divindades de outros países e nem por isso foi castigado, e aceite que do mesmo modo, outras pessoas estão nesse exato momento fazendo o mesmo com os deuses que você cultua e estão vivinhas da silva. Não estou incentivando ninguém a ridicularizar ou endeusar divindade algum. Quando você ofende uma divindade na frente de um fiel, você estar ofendendo o fiel, e declarando guerra pessoal a ele, já que a divindade não estar ali para se defender e nem iria se fosse o caso. O servo daquela divindade, deveria não se ofender, já que a crítica não foi a sua pessoa, mas se ofende por ser esse seu representante e encarnar a personalidade do deus venerado (já falei isso em outro texto).
Quantos deuses já foram adorados, esquecidos, substituídos e ou adaptados pela raça humana em culturas diferentes? Milhares de deuses já caíram no esquecimentos ou “morreram”. Se há deuses que faz trazer os mortos a vida, existe alguns tipos de profissionais capazes de ressuscitar os mais variados deuses do passado e do presente. São antropólogos, historiadores, arqueólogos e pesquisadores em geral. Associado a arqueologia moderna e historiadores antigos, esses profissionais, fazem ressurgir das cinzas os mais poderosos deuses que já “pisaram nesse planeta”. Só que quando os trazem, ficam apenas registrados nos livros ou documentários para quem interesse de conhecimento. Para quem usa apenas a fé, não precisa saber de nada disso, pois ter fé é simplesmente acreditar em algo apesar das circunstâncias, não precisa de provas cientificas ou coisas do tipo.
Com a ajuda desses profissionais, alguns deuses chegam a ser lendas. Sem a ajuda deles, estes deuses não seriam nada, pois só acreditamos naquilo que ouvimos falar. Se nunca ouvimos falar, o ser de quem se fala, não foi gerado no campo das ideias como dizia os sábios gregos, e nesse modo nunca existiu. É no campo das ideias onde tudo nasce. É pela falta conhecimento de algo, que no campo das ideias esse algo nunca existiu. O passado, o presente, e o futuro não é estático, tudo muda a medida que o observador toma conhecimento dos fatos. Um marido que viveu 50 anos feliz ao lado de sua esposa e filho queridos por exemplo, pode se tornar uma pessoa triste e amargurada de repente, quando descobrir que aquele filho não é seu e que sua esposa o traiu bem no início do casamento, desse modo, a informação sobre o passado, afeta todo o presente e o futuro dessa pessoa também além das pessoas que se relacionarem com ele. No mundo das pesquisas, para cada novo conhecimento adquirido, um universo de novas possibilidades surge ao que fez a descoberta e a todos quanto esse venha receber e compartilhar tais conhecimentos. Toda descoberta não compartilhada, continua não influenciando a sociedade como um todo, apenas os que descobriram certas verdades irão tirar vantagens sobre outros. Esse é o motivo, de o vaticano, manter em suas bibliotecas, incontáveis livros que podem mudar de uma vez por toda a cara de nosso planeta e nos tirar da escuridão e da ignorância em que vivemos, dominado pelo medo dos deuses e seus representantes. Intocáveis, guardados a sete chaves, e inacessíveis ao público estão os maiores segredos da humanidade nesse e em outros locais secretos. Quando alguém consegue juntar o quebra cabeça vem um “menino malvado” e bagunça tudo, fazendo voltarmos ao ponto zero das pesquisas e o pesquisador é quem fica na descrença popular.
Uma coisa que notei em todos os grupos religiosos, é que todos os membros são treinados para ter respostas prontas pra tudo mesmo sem saber de quase nada, pois ter fé não é saber, é acreditar! Isso não muda o mundo! Ter respostas pra tudo deixa a pessoa em estado letárgico, não evolutivo, pois acreditam ter em suas repostas a verdade universal e por isso não buscam a evolução. Todo fiel religioso, principalmente os fanáticos, confundem saber com acreditar. Todos eles decoram versículos chaves da bíblia para calar algum tipo de “predador” (sempre pensando em outro grupo religioso, pois todo grupo religiosos tem um predador ou é predador de alguém), e acreditam com essas respostas possuir a verdade universal. A capacidade de decorar textos e citá-los em sequência, não significa dizer que uma pessoa é inteligente. É igual a uma criança que aprende o alfabeto cantando, cita todas as letras na ordem, mas quando você as embaralhas e pede para juntar palavras, elas não sabem. Assim são os que tem um arquivo de respostas prontas para todos os infiéis e “inimigos de deus”! Se você pedir pra ele ligar os pontos de sua própria fé e “juntar as palavras”, eles vão partir pra violência física ou verbal. Ensinar a repetir, é diferente de ensinar a pensar. Nesses recintos, muitos dizem se cheios do espirito santo. Às vezes eu sou levado a acreditar, que o que baixa em alguns deles é um “espirito de papagaio”.
Percebi, que o único modo de se livrar do círculo viciosos que prende qualquer um, não é querer dar todas as respostas aos outros, mas saber fazer várias perguntas a si mesmo. As pessoas que mais mudaram a face do nosso planeta, não eram pessoas cheias de respostas, e sim as pessoas cheias de perguntas.
Se é uma coisa que a religião cristã desestimula, condena e persegue, é o questionamento. Jamais questione nada, jamais pergunte nada, apenas aceite por que tudo é a vontade de deus e jamais podemos compreender os seus desígnios. Aceitar sem questionar é sinônimo de grandeza. Assim fez Abraão nosso pai...dizem eles de imediato. A lista dos “mistérios de deus” segundo o cristianismo e outras que seguem o mesmo modelo de deus é enorme! São todos pontos cegos, sem respostas, ou cujas respostas levem a aniquilação total de toda uma linha de pensamento qual foi montada a base anterior. Nesse caso, quando se diz ser mistério de deus, todo fiel foi instruído a se calar. Pio! Encerrou a questão!
Percebi em minhas pesquisas, que o pecado mais mortal que um fiel cristão pode cometer na vida é questionar seus líderes aqui na terra. Estupradores confessos, serial killers, molestadores de menores, assaltantes de bancos, pessoas adúlteras, caluniadores, difamadores...todos esses terão assento privilegiado ao lado de pastores ou dentro das igrejas, se simplesmente levantarem uma mão e dizer aceitar jesus (mesmo continuando com suas nefastas praticas). Mas não há perdão para quem questiona, mesmo se você foi um fiel que cumpriu todos os mandamentos 100% correto em toda sua vida. Uma única pergunta que você faça ao seu líder que o deixe constrangido, que faça transparecer sua “santidade” diante do povo, ou sobre os principais pontos de fé do grupo, é capaz de te mandar pra o inferno ainda em vida, junto com todos que apenas prestaram atenção a sua pergunta, inclusive parentes seus que vivem do outro lado do planeta. Era assim desde Moisés, continua sendo assim até hoje. Não questiones se tem medo de morrer. Leia sobre inquisição e veja o que acontece com questionadores.
Aprenda uma coisa: igreja é lugar de gente fiel, obediente, e submissa e que aceita viver uma vida desenhada por uma liderança local. Em época nenhuma da história, a igreja foi favorável a questionadores. A tortura física e emocional, perseguição e morte são as recompensas aos que fazem qualquer tipo de pergunta. Se não fosse assim, nenhuma igreja se manteria de pé, pois todas elas iriam ruir e desaparecer caso seus membros se tornassem seres pensantes. Não estou dizendo que é certo viver sem questionar, estou dizendo com as coisas funcionam. A base de um sistema religioso de crença cristã, islâmica ou judaica consiste em crer e obedecer, só isso! Você será feliz nesse lugar se for capaz de viver assim. Você poderá ter vários títulos sociais de destaque e construir fortuna se fores capazes viver desse modo. Se questionas... Se há questionamentos não e religião, é ciência! Se você deseja viver em eterna harmonia com o grupo em que frequenta, bom lembrar disso. Se não queres viver sem questionar não penses que vai mudar a mentalidade dessas pessoas por que não vai! No máximo você pode tirar uma meia dúzia do sistema, no demais, a grande maioria permanecerá estática e se voltará contra ti se tu tentares. Um líder religioso, sujo, imoral, caçado pela justiça, acusado dos mais diversos males, ainda terá “mais moral” nesses grupos do que uma pessoa integra, justa mas que procure de algum modo mexer no modo de pensar das pessoas e tirá-las da escravidão. Leia matérias jornalísticas sobre líderes religiosos que cometeram abuso e quem os denunciou, e me diga qual dos dois está de boa, pagando de santinho? Claro que é o líder, o que denunciou quando não é morto por algum “acidente”, é condenado ainda em vida. Para esse modelo de fé, melhor um sujo que os deixe no marasmo, do que um limpo que os leve a evolução. Pouquíssimas pessoas são capazes de ouvir um chamado a liberdade, mas todos respondem de prontidão ao chicote do carrasco e se sentem felizes em ser úteis defendendo tal causa. A fé é confortável, pois você cria mentalmente o mundo que mais lhe convém e se insere nele. Pronto! Como em um casulo de sonhos ou hibernação eterna num útero materno, com medo de ser parido, crescer e enfrentar a realidade da vida. Assim se comporta o fiel fanático.
A busca pelo conhecimento é uma meta constante do que vive a procurar os tesouros preciosos da vida. A capacidade de recomeçar, reconsiderar, se despir, desfazer para depois refazer, são características de quem busca o conhecimento. As pessoas menos esclarecidas tem vergonha de assumir que estão andando em círculos, ou que já tiveram uma linha de pensamento que não conduzia a lugar nenhum, pelo simples fato de se preocuparem com o que os outros irão pensar. Melhor recomeçar do zero e viver uma vida plena ainda que lhe reste apenas poucos dias de vida, do que ser vencido pelo próprio orgulho, mentido para si mesmo sobre uma certeza incerta, cujas evidencias só provam considerações ilógicas. Pior que manter um fiel preso por algum tempo, é condenar e perseguir este mesmo fiel a vida inteira, quando esse intenta seguir seu próprio caminho. Que diga isso todos que conseguiram sair em vida das garras opressoras de líderes soberbos e maquiavélicos e se libertaram da ideia de um deus encolerizado e louco, feito apenas para domesticar as pessoas enquanto seus representantes sugam seus recursos.
Se não fosse pela pesquisa constante dos que fazem estudos aprofundados sobre o comportamento humano e suas origens, alguns deuses jamais seriam lembrados. Muitos desses deuses ainda continuam no esquecimento até hoje, devido a uma grande quantidade de línguas antigas sem uma chave de linguagem para decifração dos textos até o momento. Eles serão ressuscitados dessa vez com a ajuda dos linguistas, então poderão sair dos seus túmulos, para mais uma vez serem temidos ou reverenciados (ou ridicularizados). Até lá, nem se quer serão citados e sua existência permanece na inexistência.
Para os que querem ter uma ideia de como essa ideia de culto, deuses e super-homens começou em algum tempo atrás, sugiro a leituras de assuntos sobre antropologia, filosofia, teologia e teosofia. Sugiro também a leitura de alguns escritores ousados, que foram além dos livros de história comum, numa época que não existia internet, e partiram para a pesquisa de campo, visitando pessoalmente vários locais sagrados, para entender como tudo começou e como possivelmente os deuses surgiram aqui na terra. Zacarias sitcshin, David Icke, Erick Von Daniken e Annabel Sampaio (brasileira), são alguns dos escritores, que podem fazer entender como possivelmente tudo começou. Como esse tipo de escrito vai além de tudo que possivelmente você já viu ou ouviu, pode te causar repúdio, sacarmos, ou desprezo a princípio, mas quando as ideias amadurecem, a ficha cai e você junta os pontos. Há dezenas de outros também, da literatura acadêmica, capazes de esclarecer muitos fatos obscuros do passado e do presente. Ninguém que queria se libertar de um sistema, deve começar pesquisando material recomendado pelas lideranças locais. Todos eles costumam ser tendenciosos a uma visão apenas grupal.
A leitura desses livros podem inclusive fazer com que você pare de morrer de medo dos deuses, e deixe fluir o sentimento de amor pela humanidade. Se os deuses realmente amam sua criação, eles estarão mais satisfeito que ajudemos uns aos outros do que em lhes prestar homenagens.
Boa leitura!
Texto escrito em 19/3/17
*Antônio F. Bispo é Bacharel em Teologia, Estudante de Religião em Filosofia e Capelão Ev. Sem vínculo com denominações religiosas desde 2013.