Entrevista - Ariel Palácios (Oficial - Jornalista Correspondente Globo News e SPORTV)

Hoje temos a honra de entrevistar o jornalista, comentarista do SPORTV e correspondente internacional da Globo News, Ariel Palácios, o qual vem conseguindo grande destaque em ambos os canais pelo seu talento e imparcialidade. Ariel é brasileiro e nasceu em Buenos Aires.

Ariel, antes de tudo é um prazer poder entrevistar você para o site recanto das letras.

1-Primeiramente obrigado pela entrevista Ariel, você nasceu em Buenos Aires? De onde vem a ligação entre Brasil e Argentina na sua vida?

R-Meus pais se casaram em 64, foram para o Brasil, ele era Engenheiro, minha mãe ficou grávida e preferiu se mudar para a Argentina para dar a luz em Buenos Aires. Sou brasileiro nascido no exterior.

2-Como foi sua passagem pelo jornal o Estado de São Paulo?

R-Eu virei correspondente do Estadão em 95, quando vim para cá e trabalhei lá até janeiro de 2015. Quase 20 anos no jornal como correspondente.

3-Como foi a cobertura da crise política da Argentina entre 2001 e 2003?

R-Foi tremendamente intensa, era notícia o dia todo, um cenário político e econômico que mudava a cada hora, ministro caindo, presidentes renunciando, eram muitas notícias diariamente, o país nunca havia tido uma crise tão grave, de tal magnitude, pessoas de classe alta e média ficaram pobres de uma hora para outra, não imaginávamos que seria de tal magnitude, e que teria uma consequência tão grave, pessoas de classes ricas e médias viraram pobre de uma hora para a outra. Nunca no Brasil teve uma crise assim nesse ponto. Foi muito intensa, não só político, econômico e social, houve enormes mudanças na cultura argentina.

4-Acha que a Argentina tem condições para sediar o Mundial de 2030 juntamente com o Uruguai? Como estão os preparativos para a candidatura?

R-Eu acho que não, este tipo de gasto é um absurdo em um país que não está financeiramente em ordem. Só se houver um milagre, um milagre econômico o qual eu não acredito, não acredito neste tipo de milagre. Qualquer país da região não está preparado economicamente para este tipo de evento, vimos como foram os gastos públicos no Brasil e como não teve o retorno necessário, já que foram gastos exorbitantes. O evento precisa de uma grande organização, se o país não tem condições de organizar um evento, paciência, organize outro tipo de evento. É um gasto público de uma magnitude que não cabe a estes países. Tem que colocar os gastos em ordem primeiro, o país precisa da saúde, estradas, ferrovias, investimentos na cultura.

5-Qual cobertura mais lhe marcou, o funeral de Pinochet ou o terremoto do Chile em 2010?

R-O terremoto foi impressionante, o de Pinochet teve suas peculiaridades, não digo que o de Pinochet foi marcante, não são equivalentes, são de diferentes contexto. O terremoto é mais marcante do que um funeral. O de Pinochet teve casos específicos.

6-Já faz um tempo que a Argentina não tem um GP de Fórmula 1, outro dia vi algumas reuniões e discursos de organizadores da FIA e Argentinos de que poderá voltar com o GP em breve, já que na Moto GP existe ainda o GP Argentina, o que o senhor sabe a respeito?

R-Não é um assunto que tem interessado aqui, a Fórmula 1 não teve mais o mesmo interesse de antes, o Reutermann que era o piloto dos anos 70 e 80 não surgiu como a figura de um grande ícone, ele hoje inclusive nem está na área do automobilismo. O interesse dos argentinos sobre isso é muito pequeno. Evidentemente os fanáticos do esporte estão sempre querendo, mas não é uma prioridade. Chama mais atenção o futebol, o tênis, o Rugby, o Hóquei, os esportes que tem tido mais argentinos com sucesso. Dependendo da circunstância até pode trazer prejuízos. Na realidade não e importante que algo fique na América do Sul. A Moto GP tem um interesse muito pequeno, existe até um interesse maior no Brasil do que na Argentina na parte motociclista. Não gera um grande entusiasmo, o que gera mais é o Rally Dakar, que gera um entusiasmo na Argentina. Até o basquete e o Vôlei não gera tanto interesse, o Ginóbili, ainda é um grande ídolo Argentino, ele que é do basquete, mas joga fora do país.

7-Recentemente o presidente do COI, esteve na Argentina, e demonstrou bastante interesse em trazer novamente as Olimpíadas para o continente Sul Americano entre 2026 e 2034, existe algum projeto do comitê argentino para este grande passo?

R-O Comitê argentino tenta desde o final dos anos 90, sempre tenta ser candidato as olimpíadas, mas pela situação do país, é muito difícil, não é um país que desperte um interesse grande ao comitê olímpico. Tem suas belezas, um povo simpático, mas não traz aquele interesse para o COI. O argentino é muito cético, se você perguntar as pessoas, eles não vão ter interesse, se houver eles até irão prestigiar, mas as pessoas não vão as ruas aqui atrás de reconhecer um atleta que fora campeão. Eles não tem tido entusiasmo, até o desempenho nas olimpíadas não é de um todo o bom, falta investimento.

8-Qual cidade e país sonha em conhecer?

R-Viena e Budapeste. Estas duas capitais eu queria muito, o interior da França, algumas partes da Itália. Conheço vários outros países. Tem algumas como Moscow, São Petersburgo, Lisboa (Que eu viajaria sem dúvida), Pequim, que com certeza eu queria voltar, o problema são as 33 horas de viagem que não tem coluna que aguente na classe mais econômica.

9-Luis Maria Argaña foi assassinado em 1999, você esteve na cobertura do ex vice presidente Paraguaio, o que mais te chocou nesta cobertura?

R-O assassinato de Argana foi muito peculiar, metralharam o cara, o corpo virou um acoador, o corpo não havia sangue, o que é muito estranho. Outro ponto é que ninguém sabe o autor do assassinato, existem várias teorias, tanto pode ter sido o governo ou oposição, tanto inimigos ou aliados. Passados uma década e meia e até hoje não se sabe quem foi. Esta morte gerou manifestações que gerou a renúncia do presidente. Foi muito interessante a cobertura. Foi uma das mais esquisitas que já cobri. O Paraguai é um país muito interessante de se cobrir, mas este caso foi muito estranho, tudo é possível neste caso, existem várias possibilidades, espero que algum dia possa ser feita uma investigação séria para que possamos saber.

10-Como surgiu a ideia do livro "Os Argentinos"?

R-Logo quando cheguei em Buenos Aires. A ideia era explicar a Argentina para o público brasileiro. Qual o peso deste sócio comercial e parceiro geopolítico. Fui juntando material e levei anos.

11-Defina o Brasil e a Argentina neste momento em uma única frase.

R-Dois países do terceiro mundo de futuro indefinido, o Brasil com mais chances de deixar o terceiro mundo do que a argentina.

12-Quais os 5 maiores jogadores que você viu jogar?

R-É difícil fazer um ranking de jogadores, é como cantores de ópera, não dá para dizer que um é primeiro, outro segundo ou terceiro. Eu vi o Pelé no Cosmos. Cinco..... posso responder da seguinte forma, eu ainda peguei, ainda me fascinavam as bicicletas que o Pelé dava. Vi o Messi jogar e me impressiona e acho incomparável a forma com que o Messi trabalha em conjunto. O Maradona, não é um estilo que gosto, exceto o gol do século, não o da mão, ali era Handebol, ele driblou o time todo contra a Inglaterra. Gostava do estilo elegante do Beckenbauer. Fico com estes quatro.

13-Vejo um alto potencial de cidades como Mendoza, Rosário e Córdoba, porém no futebol em termos de títulos internacionais somente as equipes de Buenos Aires e Avellaneda se destacam na Argentina, a que se deve essa monopolização da região de Buenos Aires?

R-Mais de um terço da população se concentra em Buenos Aires, então é natural que os times de sucesso se concentrem nas regiões mais populosas e mais bem sucedidas economicamente. Isto acontece em países que se concentram em capitais, como o Uruguai em Montevidéu, Chile em Santiago, França em Paris e não acontecem em países como Itália, Espanha, Brasil e Alemanha que tem várias metrópoles espalhadas.

14-Como os Argentinos estão encarando esta série de vice campeonatos ?

R-As pessoas tem perdido bastante entusiasmo desde a conquista da Copa de 86, como já passou muito tempo e as pessoas se acostumaram e não criaram expectativas tão elevadas de uma vitória gloriosa. Seria mais frustrante se eles tivessem ganho a Copa em 2014 e na próxima perdesse, você ganha uma e perde a outra de imediato, dai choca mais. Nas próprias ruas eu peguei um dado na Polícia Federal e praticamente um terço do trânsito continuava normalmente, o país não ficou paralisado. ao contrário do Brasil que em dia de jogo o país para, você pode deitar na Avenina Paulista e nada acontece. O Entusiasmo não é o mesmo de décadas passadas na argentina.

15-Uma libertadores unindo equipes da CONCACAF e CONMEBOL daria certo?

R-Pode ser. Não sei. Não parei para pensar nisso. Iria ser mais burocrático. Mas se a competição ficar mais divertida, seria melhor. Agora numa competição muito fácil que já se sabe os vencedores, fica tudo muito fácil e lógico. Um torneio que possam acontecer coisas diferentes é mais divertido. Por isso gosto quando ocorre de uma grande seleção fica fora rapidamente de uma Copa do Mundo, para mudar um pouco e esta seleção fazer uma reflexão. São coisas interessantes. Ficar sempre as mesmas coisas é um tédio. O Futebol é para se divertir. Não é um evento religioso nem político. A Espanha a 50 anos não tinha importância. A Coréia também nos anos 60.

16-Qual equipe Argentina tem mais chances de conquistar uma libertadores neste momento?

R-Tá difícil prever. Não costumo bater o martelo. Não dá para saber, tudo muito incerto. No futebol Argentino tá imprevisível. Vai que o Atlético Tucuman, Estudiantes, San Lorenzo resolve ganhar, estão todos muito parecidos. Acho que tudo pode acontecer. Definitivamente não sei.

17-Antigamente a Argentina brigava com o Brasil para ser a maior vencedora da América do Sul em termos de medalhas olímpicas, hoje a Argentina briga com a Colômbia no quadro de medalhas pelo segundo lugar, caiu bastante o investimento no esporte Argentino?

R-Eles não tem tido entusiasmo, até o desempenho nas olimpíadas não é de um todo o bom, falta investimento. A crise econômica, certos esportes não dão interesse e os governos não dão apoio devido, incentivo. Antes nos anos 30 a 70, havia o Ciclismo que era algo que os argentinos gostavam, era um frenesi, depende das épocas e da situação social. Naquela época as pessoas tinham mais dinheiro, e tempo para se dedicar a tais esportes. Há varias crises na Argentina desde 1975.

18-Macri é uma boa para a Argentina? Qual sua avaliação até o momento dele?

R-Um governo meia boca, algumas coisas boas, outras medíocres, é várias mancadas. A única vantagem é que ele consegue ser um pouco melhor do que o governo Kirchnner. Os argentinos estão aliviados pelo fim do governo Kirchnner, mas não estão entusiasmados com o governo Macri.

Agradeço de coração a Ariel Palácios, Jornalista e correspondente da Globo News e SPORTV.

Que Deus abençoe sua carreira.

Desejo sorte e sucesso a esta simpatia em pessoa..

Helládio Holanda
Enviado por Helládio Holanda em 08/03/2017
Reeditado em 08/03/2017
Código do texto: T5934835
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