Entrevista com Maria Mineira: Autora do livro:
Ao Pé da Serra- Contos e Causos da Canastra.


1- Quando e como surgiu seu interesse pela leitura e escrita?
R: Desde menina eu amava ouvir histórias, lidar com livros, mesmo antes de ser alfabetizada. Primeiro, tive contato com a coleção: "As mais Belas Histórias" de Lúcia Casasanta. Em cada página imaginava tudo, criava um mundo diante das ilustrações. Folheava revistas de fotonovelas da minha tia. Adorava a coleção do "Almanaque Fontoura" do meu avô. Quando entrei na escola, descobri Monteiro Lobato. Fui uma criança tímida e os livros sempre foram uma espécie de refúgio na minha vida. Apesar de ter tido notas boas nas redações que escrevia na escola, o interesse pela escrita surgiu muito tempo depois, como uma consequência do gosto pela leitura.

2- Quais foram seus livros preferidos quando era criança e os livros favoritos atualmente?
R: Os livros de Monteiro Lobato, na infância. Na adolescência, Machado de Assis, Jorge Amado, Raquel de Queiroz, Érico Veríssimo, José Lins do Rego, Sidney Sheldon, José de Alencar. Na fase adulta eu gosto de Gabriel Garcia Marquez, Dostoievski, Rubem Alves, Eça de Queirós, Florbela Espanca, José Saramago, Clarice Lispector, Adélia Prado. Desde sempre, em todas as fases: Guimarães Rosa.

3 - Quais escritores são suas fontes de inspiração?
R: Apesar de ter escritores que adoro, a minha maior influência, principalmente para escrever causos, foi o meio em que cresci, as histórias que ouvi dos avós quando criança.  Talvez um conjunto de tudo que vivi, ouvi e li. A minha maior motivação é a vida. Estou sempre alerta e atenta a uma boa história.

4- Segundo o escritor Rubem Fonseca, “a leitura, a palavra oral é extremamente polissêmica. Cada leitor lê de uma maneira diferente. Então cada um de nós recria o que está lendo, esta é a vantagem da leitura". É isso mesmo? Concorda com essa proposição?
R: O ato de ler alcança múltiplas dimensões e significados. Toda leitura apresenta-se como uma estrutura possível, aberta às inúmeras possibilidades de atribuição de sentidos.

5- Ainda segundo o Escritor Rubem Fonseca: “um escritor tem de ser louco, alfabetizado, imaginativo, motivado e paciente.” É o suficiente para ser um bom escritor?
R: Responderei estas com uma frase de Pablo Neruda: Escrever é fácil. Você começa com uma letra maiúscula e termina com um ponto final. No meio você coloca ideias. Para mim é assim e desse modo incentivo meus alunos a se embrenharem nos caminhos da escrita.

6- Para qual público se destina sua criação?
R: Escrevo para adultos e crianças. Não acredito na fala de quem diz: Escrevo só para mim! Quem escreve gosta de ser lido. Penso que escrever é desnudar a sua alma para que todos possam julgar e isso assusta um pouco. Eu escrevo porque muitas pessoas me dizem gostar de ler as minhas histórias. Leio isso nos comentários e quando os leitores me dão esse tipo de feedback, eu me sinto feliz, aprendo com eles e me animo a continuar, pois escrever é transformador.

7- Como funciona o seu processo de criação? Quais sãos suas manias (ritual da escrita)?
R: Creio que não tenho nenhum. Às vezes, começo pelo final, outras vezes alguém me conta um fato que enche apenas algumas linhas, e inventar um meio ou um final para isso me diverte muito.

8 - Em geral, os seus personagens são baseados em pessoas que você conhece, ou são ficcionais?
R: A maioria dos causos que escrevi são de personagens reais. Mudei apenas os nomes, mas tenho boa parcela de ficção também.

9- Você tem outra atividade, além de escrever?
R: Eu fui dona de casa a maior parte de minha vida. Faz apenas cinco anos que concluí a faculdade de Letras/ Literatura. Hoje em dia, sou professora de Redação do Sexto Ano ao Ensino Médio, de Artes e Literatura Brasileira no Ensino Médio. Em outro período, sou bibliotecária e dou aulas de Contos para Ensino Fundamental 1.  Escrever ficou para as "horinhas de descuido".

10- Você faz parte das Coletâneas Gandavos. Qual a sensação de participar ao lado de escritores de várias regiões do país?
R: Uma grande honra estar ao lado de gente que sabe escrever bonito. Sem dúvida nenhuma, participar das Coletâneas Gandavos foi um divisor de águas na minha vida. Eu comecei em 2011 no  Recanto das Letras e o apoio recebido dos colegas foi fundamental. Quando conheci o blog Gandavos e seu projeto, realmente acreditei que podia publicar um livro em papel,  ver meu trabalho em uma coletânea Gandavos foi muito gratificante.
 

11 - O financiamento coletivo e a publicação independente têm se mostrado a opção das publicações Gandavos.  Quais são os pontos positivos e negativos desse tipo de publicação?
R: Não vejo pontos negativos, pois dividindo as despesas fica bom para todos e, além disso, um autor desconhecido tem oportunidade de apresentar seu trabalho a leitores de todo o país.

12- Você acabou de publicar seu primeiro livro, qual a sensação de ver o seu primeiro livro publicado?
R: Foi uma sensação imensa de felicidade que pude sentir na noite do lançamento, quando mostrei o livro à família e aos amigos. Eu vi no olhar de cada pessoa presente um grande apoio. Foi uma noite inesquecível!  É uma grande  emoção  ver seu nome estampado na capa. Foi uma chuva de  lágrimas felizes,  então  compreendi que uma nova estrada  surgia  em minha vida.

13- Como foi a receptividade do seu livro pelo público nesses primeiros dias?
R: Foi excelente! É uma alegria conversar com as pessoas, tanto crianças quanto adultos  e vê-las comentando sobre as histórias. Perguntando sobre os personagens, reconhecendo parentes nos causos.  Todo dia vendo livros, pela internet, em casa e alguns lugares que coloquei a venda aqui na minha cidade. É tudo muito gratificante!

14- De que fala seu livro?
R: O livro fala essencialmente da vida, dos costumes e tradições do povo que viveu e ainda vive na região da Serra da Canastra. São 52 histórias,  entre contos e causos. Alguns escritos em linguagem formal, mas grande parte  deles  em linguagem coloquial, ou seja, o "Mineirês", a fala caipira, pois era assim que falavam meus antepassados. Desta maneira  fiz uma homenagem a eles.

15- Qual mensagem você deixaria para autores iniciantes, com base em suas próprias experiências?
R: Gosto da resposta de Rubem Fonseca a esta pergunta: “Gostar de ler e digitar palavras, seria suficiente para a pessoa se tornar um escritor"? Creio que o mais importante requisito e a motivação, pois se não tiver uma motivação forte, fará algumas tentativas  e logo desistirá. A escrita  está essencialmente ligada à  experiência de cada pessoa, à sua vida, desejos e seus sonhos. A escrita é uma grande aliada, pois através dos textos  compartilhados podemos levar alegria, esperança e tentar  tocar a alma do leitor.

16- Com até 08 (oito) linhas digite o seu perfil?
R: Uma Maria, uma mulher mineira, amante da vida, da Serra da Canastra, das cachoeiras, do canto dos pássaros, do cheiro do mato, do caminhar na chuva, da prosa-poesia de Guimarães Rosa.
Alguém que Acredita na  esperança, pois  tudo é possível quando vamos em busca dos sonhos. Acredito na leitura  como algo  libertador. Creio  na importância   da solidariedade, da família, do amor ao próximo.


17- Como o leitor pode adquirir seu livro?
R: Para adquirir um exemplar, entre em contato no e-mail: mariamineira2011@yahoo.com.br ou via mensagem in box em meu perfil no Face book “ Maria Mineira”. O pagamento pode ser realizado por depósito bancário ou por cartão de crédito/boleto.
 

Algumas fotos do dia do lançamento do livro:

              
                
               

               
             
Maria Mineira
Enviado por Maria Mineira em 18/08/2016
Reeditado em 06/11/2017
Código do texto: T5732751
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