ENTREVISTADA POR THIAGO GONZAGA em seu Livro IMPRESSÕES DIGITAIS – Escritores Potiguares Contemporâneos Vol. III – 2015, Sebo Vermelho, Natal/RN.
Participação (Entrevista) no livro IMPRESSÕES DIGITAIS - Escritores Potiguares Contemporâneos Vol. III, Thiago Gonzaga – CJA Edições, 30 Anos SEBO VERMELHO Edições, Natal/RN
1 – Rosa Regis onde você nasceu? Fale-nos um pouco de como foi sua infância e juventude.
Nasci no Sítio Jerimum, na época – 1949 – município de Mamanguape, hoje, município de Jacaraú – Paraíba.
2 – E quais foram suas primeiras leituras literárias?
Minhas primeiras leituras foram em folhetos de cordel. Morando no Sítio Jerimum até os sete anos, minha irmã mais velha, Bernadete, a quem chamava Mamã, só começando a ir à escola aos 17 anos, pois além de não existir escola por perto da nossa casa, ela tomava conta dos irmãos pequenos, teve que levar-me junto, já que eu só tinha 4 aninhos e não tinha com quem ficar. A partir dos cinco ou seis anos, tendo facilidade com a leitura, já passei a ler os cordéis que meu pai (analfabeto) trazia da feira para minha mãe (autodidata) ler, o que ela fazia cantando, o que me encantava.
3 – Como surgiu especificamente seu interesse pela literatura de cordel?
No que se refere ao interesse pela leitura, como eu já falei, desde criança. Aos sete anos de idade eu já lia, cantando, os folhetos de cordel que meu pai comprava, para as pessoas de casa e para toda a vizinhança, deitada numa rede a me balançar. Era um imenso prazer!
Com relação à escrita do cordel, só aos 49 anos, após aposentar-me da COSERN, onde trabalhei por 21 anos e alguns meses, quando tive mais tempo para pensar livremente nas minhas caminhadas matutinas e, também, quando passei a cursar Filosofia na UFRN, quando conheci um Professor (poeta e músico/sambista), o Prof. Marcus Filgueira da Silva, que me incentivou a escrever em rima ao lhe mostrar a aula que ele acabara de nos dar escrita dessa forma.
Logo em seguida conheci alguns poetas cordelistas, Paulo Varela, no Encanto do Cordel, os poetas da Sociedade dos Poetas Vivos e Afins – SPVA/RN, Abaeté do Cordel, MC Garcia (meu colega de Filosofia)...
4 – E quando e como você estreia oficialmente nessa arte?
Não sei se oficialmente, mas sei que meu primeiro cordel, em livreto, lançado ao público, foi O DISTINO DE JUSÉ, FIO DE DONA SINHÁ. Porém esse não foi o primeiro escrito, já havia A FOFOQUEIRA DO BREJO E O CASTIGO DE DEUS, cordel (fora dos padrões requeridos que eu ainda não conhecia) para participar de um concurso pela Internet e, que, por não estar de acordo com o requerido, não foi classificado, cuja data de edição é de 2006, mas acho que foi um pouco antes. É que nos primeiros trabalhos eu não me preocupava em por data. Também teve o cordel O DESDITO DA SORTE, que ficou engavetado durante anos e mudou de título para UM GAROTO COMO QUALQUER OUTRO, saíndo, finalmente, sendo editado pela Editora Luzeiro Ltda., em 2013, sob o título de O GAROTO QUE O DESTINO TORNOU UM HOMEM SEM SORTE, que conta uma história real, a vida e morte de um dos meus filhos.
5 – Você publicou apenas cordéis, ou já lançou outros trabalhos em outra área?
Não. Também tenho livros editados: FOLHETO DE QUEM APRENDE VIVENDO – Sabedoria do Povo do Sertão – lançado com recursos do Ministério da Cultura, através do Prêmio Mais Cultura de Literatura de Cordel 2010 – Edição Patativa do Assaré; POVAREJO EM DOBRO (Contos de M.C. Garcia numa releitura em cordel) O TATU FILOSOFANTE e MIÚDA PENSA GRANDE (literatura infantil), contos de Rosângela Trajano numa releitura rimada e metrificada; sonetos, poesias livres e contos distribuídos em algumas antologias espalhadas pelo Brasil afora, inclusive nas antologias da nossa SPVA-RN; do MOVIMENTO POETAS DEL MUNDO; da Academia Feminina de Letras do RN; Entrelinhas Literárias da SCORTECCI Editora; da Vozes de Aço... Além disso, tenho alguns livros prontos para edição, só falta dinheiro para tal. Um livro de sonetos: CHEIRO DA TERRA; um de contos LEMBRANÇAS DO JERIMUM; um histórico (em rima) ORÍGEM DO CARNAVAL E MPB NO BRASIL.
Tenho também parte de um dos meus cordéis infantis, CHAPEUZINHO VERMELHO (recontado em cordel) integrando o CADERNO INTEGRADO LIVRO 4 da COLEÇÃO CRESCER EM SABEDORIA – ENSINO FUNDAMENTAL, do Sistema Mackenzie de Ensino, produção MACKENZIE, ao lado de escritores como: Ziraldo, O MENINO MALUQUINHO; Guilbert, Françoise Barros, EXERCÍCIOS DE SER CRIANÇA, dentre outros da mesma importância como escritores. E isso, para mim, é sumamente importante tendo em vista que sou apenas uma escritora em início de carreira.
6 – Fale-nos um pouco dos seus outros trabalhos escritos. Até hoje, no total, são quantos cordéis publicados?
Além do que já foi respondido na pergunta anterior, o que posso dizer sobre outros trabalhos escritos, é que tenho algumas centenas de poesias livres que estão esperando tempo e dinheiro para serem organizadas e editadas em livros.
Quanto aos cordéis publicados, tenho uns oitenta e tantos, não posso precisar agora a quantidade exata, e mais alguns iniciados ou já prontos para edição, em rascunho no papel, que não foram feitos diretamente no computador.
7 – Rosa, o seu processo de criação, como acontece? Como vem a ideia de escrever um cordel, e os temas, como nascem?
Não só cordel, mas, também, qualquer estilo de poesia, tais como: sonetos, poesia livre, quadras e trovas, décimas de sete pés, martelo agalopado, galope à beira-mar, etc., vêm a qualquer momento e em qualquer lugar. Carrego sempre comigo canetas e papel para não perder os pensamentos poéticos que possam vir-me à cabeça onde quer que eu esteja e à hora que for. Com relação aos temas, eles podem surgir de notícias, políticas, críticas, sentimentos de alegria ou de tristeza, ou um assunto qualquer sob encomenda. Aqui quem manda é o freguês!
8 – quais são suas principais influências literárias?
Como comecei a fazer poesia rimada quando cursava Filosofia, eu digo que meu primeiro padrinho poético foi “O Boca do Inferno”, Gregório de Matos, vindo, em seguida, autores diversos de literatura de cordel, dentre eles: Leandro Gomes de Barros, João Martins de Athayde, José Camelo de Melo Resende, José Pacheco, Manoel d’Almeida Filho, Patativa do Assaré, Zé da Luz, Silvino Pirauá, Antônio Francisco e muitos outros.
9 – Que outro tipo de arte desperta seu interesse, além da literatura?
A música, mesmo que eu não seja boa de canto, e o teatro – a encenação de modo geral.
10 – Qual a sua área de formação?
Eu sou Bacharel em Economia e Bacharel e Licenciada em Filosofia. Mas a profissão exercida, hoje, é de Professora de Filosofia do Ensino Médio.
11 – E como nasceu o seu amor pela educação?
Bom, não sei seu eu diria que tenho amor pela educação, talvez seja mesmo amor à cultura.
12 – A sua área de atuação profissional, influencia na sua escrita de alguma forma?
Acho que não muito. Eu comecei a escrever quando já estava aposentada por tempo de serviço, e, até aí, eu não era professora, não tinha sequer uma formação em licenciatura. Formei-me em Economia em 1994 e aposentei-me, quando trabalhava na COSERN (onde trabalhei por 21 anos e 7 meses), em 1997. Só em 1998 entrei no curso de Filosofia-Licenciatura na UFRN, e foi quando passei a fazer algumas poesias, não influenciada pelo curso que nesse primeiro ano só paguei uma disciplina, mas, nas minhas caminhadas matutinas, em contato com a Natureza que, agora, com mais tempo disponível, comecei a perceber de uma forma poética. A minha área de atuação profissional hoje só tem 6 anos de ação, as poesias e os cordéis já os faço há mais de 15 anos.
13 – Em sua opinião o que falta para o escritor local romper os muros provincianos?
Falta de dinheiro, meu querido! O dinheiro é a mola do mundo! Ou você tem dinheiro ou tem incentivo de órgãos ligados à Cultura. Mas isso fica restrito a alguns poucos. Conheço ótimos cordelistas que não produzem seus livretos por falta de recursos próprios ou de outrem. São pessoas que não têm disposição para receber milhares de NÃO até chegar a um peque sim. Eu sou uma delas.
14 – Você tem acompanhado a produção literária contemporânea potiguar? Tem muita gente boa produzindo na sua área?
Como já afirmei no item anterior, há sim! Tenho colegas cordelistas, tais como: Cláudia Borges, que produz muito e de boa qualidade, mas, que fica engavetado por falta de incentivo. Isso quer dizer: por falta de grana para mandar confeccionar seu trabalho no formato de folheto. O que é uma pena!!
15 – Que mensagem você daria para os jovens que estão iniciando na arte de literatura de cordel?
Eu diria: Jamais desistem dos seus sonhos mesmo que estes não sejam fáceis de realizar. E ainda mais: Não há melhor remédio para os males da humanidade, que hoje atingem cada vez mais os jovens, tias como o envolvimento com drogas e coisas que derivam de tal envolvimento, do que o amor pela sabedoria. E o cordel é um dos caminhos do saber, disto não se tenha dúvidas.
16 – Você atualmente é a presidente da Academia Norte-rio-grandense de Literatura de Cordel, qual a importância dessa instituição para a nossa cultura literária?
Ao te responder esta pergunta, eu já quase não sou mais a presidente da ANLIC, pois a eleição para o próximo mandato será amanhã, 21.02.2014. Qual a importância que a Academia possa ter para a cultura literária depende das ações desta no que se refere a tal. Hoje já se pode dizer que a nossa academia está pronta para atuar beneficiando os nossos poetas, tendo em vista que a mesma será passada à nova diretoria já registrada em cartório, podendo, a partir de então, participar de projetos culturais por ventura oferecidos pelos Governos Federal, Estaduais e Municipais. Também poderá, em já estando oficializado o seu Registro, abrir concursos literários, criar oficinas de cordel e de xilogravuras e eventos culturais diversos.
17 – Você acha que existe certo preconceito, da parte de alguns, com a literatura de cordel?
Com certeza! Para muitos o cordel ainda é considerado como uma “literatura menor”. Quando se fala de ‘povo’ o que nos vem à mente? Agora imagine quando se fala de ‘literatura popular’... Mas nós cordelistas estamos e estaremos sempre na luta contra esse preconceito idiota que leva “os donos do saber” a considerar-nos inferiores.
Não é fácil romancear rimando e metrificando. Quem poderá dizer o contrário? Além disso, a forma literária rimada e metrificada além de poder romancear, romanceia de forma poética e cantante, com um entendimento estendido a mais leitores. Os elitistas, que excluem o cordel da chamada Literatura Brasileira, não aceitam esta verdade.
18 – Quais os planos literários para o futuro?
Eu não faço planos, faço literatura. Ou melhor, faço o que me à telha da forma que acho melhor.
19 – Quem é a escritora Rosa Regis?
Sabe que eu não sei! Eu penso que sou uma pessoa como outra qualquer. Se eu lhe disser que sou assim ou assado agora, daqui a pouco já vou pensar diferente. Mas, você me perguntou quem é a escritora Rosa Regis? Neste caso, eu lhe digo: a escritora Rosa Regis é apenas uma personagem que escreve o que sente na hora que o está fazendo, mas que poderá, no momento seguinte, já não ser mais a mesma personagem mesmo continuando a ser Rosa Regis. Então, concluindo, Rosa Regis, mesmo como escritora, nunca poderá ser descrita apenas como um único ser, mas como vários seres, dependendo do que se propõe a criar e do momento da criação, que se coadunam num só.
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Participação (Entrevista) no livro IMPRESSÕES DIGITAIS - Escritores Potiguares Contemporâneos Vol. III, Thiago Gonzaga – CJA Edições, 30 Anos SEBO VERMELHO Edições, Natal/RN
Rosa Regis
Jacaraú(PB) – 1949
1 – Rosa Regis onde você nasceu? Fale-nos um pouco de como foi sua infância e juventude.
Nasci no Sítio Jerimum, na época – 1949 – município de Mamanguape, hoje, município de Jacaraú – Paraíba.
2 – E quais foram suas primeiras leituras literárias?
Minhas primeiras leituras foram em folhetos de cordel. Morando no Sítio Jerimum até os sete anos, minha irmã mais velha, Bernadete, a quem chamava Mamã, só começando a ir à escola aos 17 anos, pois além de não existir escola por perto da nossa casa, ela tomava conta dos irmãos pequenos, teve que levar-me junto, já que eu só tinha 4 aninhos e não tinha com quem ficar. A partir dos cinco ou seis anos, tendo facilidade com a leitura, já passei a ler os cordéis que meu pai (analfabeto) trazia da feira para minha mãe (autodidata) ler, o que ela fazia cantando, o que me encantava.
3 – Como surgiu especificamente seu interesse pela literatura de cordel?
No que se refere ao interesse pela leitura, como eu já falei, desde criança. Aos sete anos de idade eu já lia, cantando, os folhetos de cordel que meu pai comprava, para as pessoas de casa e para toda a vizinhança, deitada numa rede a me balançar. Era um imenso prazer!
Com relação à escrita do cordel, só aos 49 anos, após aposentar-me da COSERN, onde trabalhei por 21 anos e alguns meses, quando tive mais tempo para pensar livremente nas minhas caminhadas matutinas e, também, quando passei a cursar Filosofia na UFRN, quando conheci um Professor (poeta e músico/sambista), o Prof. Marcus Filgueira da Silva, que me incentivou a escrever em rima ao lhe mostrar a aula que ele acabara de nos dar escrita dessa forma.
Logo em seguida conheci alguns poetas cordelistas, Paulo Varela, no Encanto do Cordel, os poetas da Sociedade dos Poetas Vivos e Afins – SPVA/RN, Abaeté do Cordel, MC Garcia (meu colega de Filosofia)...
4 – E quando e como você estreia oficialmente nessa arte?
Não sei se oficialmente, mas sei que meu primeiro cordel, em livreto, lançado ao público, foi O DISTINO DE JUSÉ, FIO DE DONA SINHÁ. Porém esse não foi o primeiro escrito, já havia A FOFOQUEIRA DO BREJO E O CASTIGO DE DEUS, cordel (fora dos padrões requeridos que eu ainda não conhecia) para participar de um concurso pela Internet e, que, por não estar de acordo com o requerido, não foi classificado, cuja data de edição é de 2006, mas acho que foi um pouco antes. É que nos primeiros trabalhos eu não me preocupava em por data. Também teve o cordel O DESDITO DA SORTE, que ficou engavetado durante anos e mudou de título para UM GAROTO COMO QUALQUER OUTRO, saíndo, finalmente, sendo editado pela Editora Luzeiro Ltda., em 2013, sob o título de O GAROTO QUE O DESTINO TORNOU UM HOMEM SEM SORTE, que conta uma história real, a vida e morte de um dos meus filhos.
5 – Você publicou apenas cordéis, ou já lançou outros trabalhos em outra área?
Não. Também tenho livros editados: FOLHETO DE QUEM APRENDE VIVENDO – Sabedoria do Povo do Sertão – lançado com recursos do Ministério da Cultura, através do Prêmio Mais Cultura de Literatura de Cordel 2010 – Edição Patativa do Assaré; POVAREJO EM DOBRO (Contos de M.C. Garcia numa releitura em cordel) O TATU FILOSOFANTE e MIÚDA PENSA GRANDE (literatura infantil), contos de Rosângela Trajano numa releitura rimada e metrificada; sonetos, poesias livres e contos distribuídos em algumas antologias espalhadas pelo Brasil afora, inclusive nas antologias da nossa SPVA-RN; do MOVIMENTO POETAS DEL MUNDO; da Academia Feminina de Letras do RN; Entrelinhas Literárias da SCORTECCI Editora; da Vozes de Aço... Além disso, tenho alguns livros prontos para edição, só falta dinheiro para tal. Um livro de sonetos: CHEIRO DA TERRA; um de contos LEMBRANÇAS DO JERIMUM; um histórico (em rima) ORÍGEM DO CARNAVAL E MPB NO BRASIL.
Tenho também parte de um dos meus cordéis infantis, CHAPEUZINHO VERMELHO (recontado em cordel) integrando o CADERNO INTEGRADO LIVRO 4 da COLEÇÃO CRESCER EM SABEDORIA – ENSINO FUNDAMENTAL, do Sistema Mackenzie de Ensino, produção MACKENZIE, ao lado de escritores como: Ziraldo, O MENINO MALUQUINHO; Guilbert, Françoise Barros, EXERCÍCIOS DE SER CRIANÇA, dentre outros da mesma importância como escritores. E isso, para mim, é sumamente importante tendo em vista que sou apenas uma escritora em início de carreira.
6 – Fale-nos um pouco dos seus outros trabalhos escritos. Até hoje, no total, são quantos cordéis publicados?
Além do que já foi respondido na pergunta anterior, o que posso dizer sobre outros trabalhos escritos, é que tenho algumas centenas de poesias livres que estão esperando tempo e dinheiro para serem organizadas e editadas em livros.
Quanto aos cordéis publicados, tenho uns oitenta e tantos, não posso precisar agora a quantidade exata, e mais alguns iniciados ou já prontos para edição, em rascunho no papel, que não foram feitos diretamente no computador.
7 – Rosa, o seu processo de criação, como acontece? Como vem a ideia de escrever um cordel, e os temas, como nascem?
Não só cordel, mas, também, qualquer estilo de poesia, tais como: sonetos, poesia livre, quadras e trovas, décimas de sete pés, martelo agalopado, galope à beira-mar, etc., vêm a qualquer momento e em qualquer lugar. Carrego sempre comigo canetas e papel para não perder os pensamentos poéticos que possam vir-me à cabeça onde quer que eu esteja e à hora que for. Com relação aos temas, eles podem surgir de notícias, políticas, críticas, sentimentos de alegria ou de tristeza, ou um assunto qualquer sob encomenda. Aqui quem manda é o freguês!
8 – quais são suas principais influências literárias?
Como comecei a fazer poesia rimada quando cursava Filosofia, eu digo que meu primeiro padrinho poético foi “O Boca do Inferno”, Gregório de Matos, vindo, em seguida, autores diversos de literatura de cordel, dentre eles: Leandro Gomes de Barros, João Martins de Athayde, José Camelo de Melo Resende, José Pacheco, Manoel d’Almeida Filho, Patativa do Assaré, Zé da Luz, Silvino Pirauá, Antônio Francisco e muitos outros.
9 – Que outro tipo de arte desperta seu interesse, além da literatura?
A música, mesmo que eu não seja boa de canto, e o teatro – a encenação de modo geral.
10 – Qual a sua área de formação?
Eu sou Bacharel em Economia e Bacharel e Licenciada em Filosofia. Mas a profissão exercida, hoje, é de Professora de Filosofia do Ensino Médio.
11 – E como nasceu o seu amor pela educação?
Bom, não sei seu eu diria que tenho amor pela educação, talvez seja mesmo amor à cultura.
12 – A sua área de atuação profissional, influencia na sua escrita de alguma forma?
Acho que não muito. Eu comecei a escrever quando já estava aposentada por tempo de serviço, e, até aí, eu não era professora, não tinha sequer uma formação em licenciatura. Formei-me em Economia em 1994 e aposentei-me, quando trabalhava na COSERN (onde trabalhei por 21 anos e 7 meses), em 1997. Só em 1998 entrei no curso de Filosofia-Licenciatura na UFRN, e foi quando passei a fazer algumas poesias, não influenciada pelo curso que nesse primeiro ano só paguei uma disciplina, mas, nas minhas caminhadas matutinas, em contato com a Natureza que, agora, com mais tempo disponível, comecei a perceber de uma forma poética. A minha área de atuação profissional hoje só tem 6 anos de ação, as poesias e os cordéis já os faço há mais de 15 anos.
13 – Em sua opinião o que falta para o escritor local romper os muros provincianos?
Falta de dinheiro, meu querido! O dinheiro é a mola do mundo! Ou você tem dinheiro ou tem incentivo de órgãos ligados à Cultura. Mas isso fica restrito a alguns poucos. Conheço ótimos cordelistas que não produzem seus livretos por falta de recursos próprios ou de outrem. São pessoas que não têm disposição para receber milhares de NÃO até chegar a um peque sim. Eu sou uma delas.
14 – Você tem acompanhado a produção literária contemporânea potiguar? Tem muita gente boa produzindo na sua área?
Como já afirmei no item anterior, há sim! Tenho colegas cordelistas, tais como: Cláudia Borges, que produz muito e de boa qualidade, mas, que fica engavetado por falta de incentivo. Isso quer dizer: por falta de grana para mandar confeccionar seu trabalho no formato de folheto. O que é uma pena!!
15 – Que mensagem você daria para os jovens que estão iniciando na arte de literatura de cordel?
Eu diria: Jamais desistem dos seus sonhos mesmo que estes não sejam fáceis de realizar. E ainda mais: Não há melhor remédio para os males da humanidade, que hoje atingem cada vez mais os jovens, tias como o envolvimento com drogas e coisas que derivam de tal envolvimento, do que o amor pela sabedoria. E o cordel é um dos caminhos do saber, disto não se tenha dúvidas.
16 – Você atualmente é a presidente da Academia Norte-rio-grandense de Literatura de Cordel, qual a importância dessa instituição para a nossa cultura literária?
Ao te responder esta pergunta, eu já quase não sou mais a presidente da ANLIC, pois a eleição para o próximo mandato será amanhã, 21.02.2014. Qual a importância que a Academia possa ter para a cultura literária depende das ações desta no que se refere a tal. Hoje já se pode dizer que a nossa academia está pronta para atuar beneficiando os nossos poetas, tendo em vista que a mesma será passada à nova diretoria já registrada em cartório, podendo, a partir de então, participar de projetos culturais por ventura oferecidos pelos Governos Federal, Estaduais e Municipais. Também poderá, em já estando oficializado o seu Registro, abrir concursos literários, criar oficinas de cordel e de xilogravuras e eventos culturais diversos.
17 – Você acha que existe certo preconceito, da parte de alguns, com a literatura de cordel?
Com certeza! Para muitos o cordel ainda é considerado como uma “literatura menor”. Quando se fala de ‘povo’ o que nos vem à mente? Agora imagine quando se fala de ‘literatura popular’... Mas nós cordelistas estamos e estaremos sempre na luta contra esse preconceito idiota que leva “os donos do saber” a considerar-nos inferiores.
Não é fácil romancear rimando e metrificando. Quem poderá dizer o contrário? Além disso, a forma literária rimada e metrificada além de poder romancear, romanceia de forma poética e cantante, com um entendimento estendido a mais leitores. Os elitistas, que excluem o cordel da chamada Literatura Brasileira, não aceitam esta verdade.
18 – Quais os planos literários para o futuro?
Eu não faço planos, faço literatura. Ou melhor, faço o que me à telha da forma que acho melhor.
19 – Quem é a escritora Rosa Regis?
Sabe que eu não sei! Eu penso que sou uma pessoa como outra qualquer. Se eu lhe disser que sou assim ou assado agora, daqui a pouco já vou pensar diferente. Mas, você me perguntou quem é a escritora Rosa Regis? Neste caso, eu lhe digo: a escritora Rosa Regis é apenas uma personagem que escreve o que sente na hora que o está fazendo, mas que poderá, no momento seguinte, já não ser mais a mesma personagem mesmo continuando a ser Rosa Regis. Então, concluindo, Rosa Regis, mesmo como escritora, nunca poderá ser descrita apenas como um único ser, mas como vários seres, dependendo do que se propõe a criar e do momento da criação, que se coadunam num só.
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