Conversando com Ansilgus – 18.04.2016
Prosseguindo a série de entrevistas/conversas com o meu pai, resolvi retomar o assunto, notadamente porque houve a votação da Câmara dos Deputados, que concluiu pela continuação do processo contra a doutora Dilma, por atos inconstitucionais, quando obteve uma expressiva votação.
Sandragus: Meu pai, boa noite, acabei de chegar das ruas de Boa Viagem, onde fui tomar pé da situação das manifestações pelo “Impeachment” da Presidente da República. Qual a sua opinião a respeito disso?
Ansilgus: Boa noite minha filha. Eu já não aguento mais falar nesse assunto, que vem se arrastando há mais de seis meses. Eu julgava que na Câmara a proposta não passaria, até por que o governo tanto tem dinheiro como a caneta às mãos, podendo até mesmo mudar o pensamento de muita gente, comprando as suas consciências. Não posso dizer que isso ocorreu, mas a mídia falou abertamente no particular.
Pelo que vi na televisão as famosas aglomerações não chegaram nem aos pés das anteriores. Tive muito medo de confrontos, porquanto esse foi um dos temas principais de membros do PT e de aliados interesseiros em mamar nas tetas do governo para sempre.
Sandragus: Mas o senhor ainda tem a opinião de que o processo não passará, agora no Senado Federal, que é apelidado da Casa da Federação?
Ansilgus: Agora posso sentir que as coisas mudaram. Julgo que nem mesmo o grande Renan Calheiros (PMDB-AL) irá se manifestar contrariamente ao impedimento, como já o fez tantas vezes, pois aí ele estaria renunciando ao restinho de sua carreira política, que é permeada por processos e mais processos no Supremo Tribunal Federal. A respeito disso, penso que você se lembra de que ele andou para ser cassado no próprio Senado, todavia renunciou antes da concretização daquilo que a maioria tinha como certo. É um grande jogador, fez escola com várias raposas que comandaram a política nacional. Eu até acho que não se pode e nem deveria, na hora do voto, fazer como o PT fizera ao desmoralizar o presidente da Câmara, em face de ele não estar em julgamento na Casa, mas sim no STF, por conta de crimes contra a economia, por possíveis recebimentos de propinas e outros malfeitos. Enquanto a Suprema Corte não decidir, ninguém poderá alegar falta de capacidade, até mesmo porque tarimba e experiência ele as tem e muita para conduzir os trabalhos da sessão. Aliás, cara filha, a regra de quem nada tem a oferecer como defesa é sempre desconstituir a acusação, pedindo anulação do processo, etc.
Sandragus: Mas na hipótese de aprovação o que vai ocorrer com os poderes da república?
Ansilgus: Pela Constituição Federal de 1988, que está aqui na minha mão, caberá ao vice-presidente, doutor Temer (PMDB-SP), salvo se o TSE – Tribunal Superior Eleitoral decidir pelo cancelamento da chapa Dilma e Michel Temer, que foi a vitoriosa nas eleições de 2014 – Sim, mas e aí? – Bem, não sendo condenado, no que não acredito, é justamente o doutor Eduardo Cunha (PMDB-RJ) quem terá direito a assumir o posto de mais alto mandatário do país, está na Lei. – Mas se ele perdesse o mandato de deputado, quem assumiria? – Então seria a vez do Renan, político que parece ter nascido com o bumbum pra lua, ressalvada a hipótese de ele também ser cassado ou mesmo preso pela Lava-Jato. – Mas na falta dele? – A vez seria do Presidente do Supremo Tribunal Federal, o Exmo. Senhor Doutor Ricardo Lewandowski, um profundo conhecedor do direito, embora se fale por aí que ele é um governista de primeira ordem. Particularmente, não creio que o seja. Sabe você perfeitamente que a minha opinião sempre foi a de que a candidatura de quem quer ser vice deveria ser isolada e não casada com a de presidente. Assim ninguém poderia dizer que o sujeito não teve votos. Até mesmo já publiquei um trabalho conclamando a que não houvesse candidato a esse cargo. O vice-presidente seria aquele que ficou em segundo lugar nas eleições, e pronto.
Sandragus: Mas o que acha da novidade que agora o PT está pregando, qual seja novas eleições imediatas para a Presidência da República?
Ansilgus: Intempestiva, interesseira e para aproveitar o carisma do Luiz Inácio Lula da Silva, cujo nome não passou para a Chefia da Casa Civil, como tentou a doutora Dilma, a fim de efetuar negociações com os políticos, com o intuito nobre de barrar o processo ontem autorizado pelos deputados. Esse cidadão, que é pernambucano, ainda exerce uma grande liderança nacional, podendo vir a ser novamente Presidente da República numa eleição direta e antecipada. Não quero crer que a sua nomeação tenha sido feita para blindá-lo de uma possível prisão e por medo do Juiz Moro, da república de Curitiba. Aliás, ele não fora preso porque o referido Juiz não decretou o seu recolhimento, mas teve oportunidade de fazê-lo até mesmo no dia da “Condução coercitiva”. Nessa linha de raciocínio, que me desculpe o mestre Teori Zavascki, titular no STF, este cometeu um dos maiores absurdos da justiça, qual seja avocar o processo para si, até mesmo porque o cidadão Lula não tem foro privilegiado. – Mas por falar em “Condução coercitiva” o que significa isso em matéria de direito? – É um procedimento também conhecido como “debaixo de vara”, que quer dizer mais ou menos o seguinte: Se uma pessoa é convocada pela justiça para depor num processo, promete que não irá ou até se esconde ou faz de desentendido, o Juiz que preside o feito (diga-se a causa), tem o direito de mandar buscá-lo onde quer que ele esteja. É o múnus público, dever do Estado, que não pode ficar subalterno a interesses particulares de A ou B.
A sugestão de eleições diretas já é apenas para aproveitar o embalo da opinião pública manipulada por verdadeiros artistas na arte da política, principalmente quando veem a casa cair e ameaçar ir pro brejo.
Sandragus: Mas meu pai, acha mesmo o senhor que as apelidadas “pedaladas” são crimes de responsabilidade?
Ansilgus: Esse foi um apelido de péssimo gosto que criaram para essa espécie de procedimento inconstitucional, a fim de ficar mais amena a situação de quem as praticou. É a prática do Tesouro Nacional de atrasar repasses de dinheiro para bancos, notadamente os que são controlados pelo governo, tais como o Banco do Brasil, o BNDS, a Caixa Econômica. E assim essas entidades bancam o pagamento de despesas do governo, na falta de dinheiro em caixa, resultando em saldos devedores, gerando juros altos e outros encargos, melhor dizendo são verdadeiros empréstimos, assim como governo emprestando a si próprio, grosso modo, procedimento que é proibido pela Constituição Federal. As nossas oposições são realmente fracas. Se fossem como o PT teriam feito o maior alvoroço desde o começo, chamando-as de empréstimos. Aliás, aqui pra nós, os exemplos fornecidos pelo advogado da doutora Dilma, o ex-ministro da justiça José Eduardo Cardozo foi de uma infelicidade a toda prova ao defendê-la, citando até mesmo exemplos não adaptáveis ao caso.
Agora vamos dar uma pausa, depois continuaremos.
Sandragus: Ok meu pai, muito grato. O senhor sabe que tenho publicado toda essa nossa conversa. -- Sei, tudo bem, mas eu vou voltar, eu quero voltar.
Sandragus
Sandragus: Meu pai, boa noite, acabei de chegar das ruas de Boa Viagem, onde fui tomar pé da situação das manifestações pelo “Impeachment” da Presidente da República. Qual a sua opinião a respeito disso?
Ansilgus: Boa noite minha filha. Eu já não aguento mais falar nesse assunto, que vem se arrastando há mais de seis meses. Eu julgava que na Câmara a proposta não passaria, até por que o governo tanto tem dinheiro como a caneta às mãos, podendo até mesmo mudar o pensamento de muita gente, comprando as suas consciências. Não posso dizer que isso ocorreu, mas a mídia falou abertamente no particular.
Pelo que vi na televisão as famosas aglomerações não chegaram nem aos pés das anteriores. Tive muito medo de confrontos, porquanto esse foi um dos temas principais de membros do PT e de aliados interesseiros em mamar nas tetas do governo para sempre.
Sandragus: Mas o senhor ainda tem a opinião de que o processo não passará, agora no Senado Federal, que é apelidado da Casa da Federação?
Ansilgus: Agora posso sentir que as coisas mudaram. Julgo que nem mesmo o grande Renan Calheiros (PMDB-AL) irá se manifestar contrariamente ao impedimento, como já o fez tantas vezes, pois aí ele estaria renunciando ao restinho de sua carreira política, que é permeada por processos e mais processos no Supremo Tribunal Federal. A respeito disso, penso que você se lembra de que ele andou para ser cassado no próprio Senado, todavia renunciou antes da concretização daquilo que a maioria tinha como certo. É um grande jogador, fez escola com várias raposas que comandaram a política nacional. Eu até acho que não se pode e nem deveria, na hora do voto, fazer como o PT fizera ao desmoralizar o presidente da Câmara, em face de ele não estar em julgamento na Casa, mas sim no STF, por conta de crimes contra a economia, por possíveis recebimentos de propinas e outros malfeitos. Enquanto a Suprema Corte não decidir, ninguém poderá alegar falta de capacidade, até mesmo porque tarimba e experiência ele as tem e muita para conduzir os trabalhos da sessão. Aliás, cara filha, a regra de quem nada tem a oferecer como defesa é sempre desconstituir a acusação, pedindo anulação do processo, etc.
Sandragus: Mas na hipótese de aprovação o que vai ocorrer com os poderes da república?
Ansilgus: Pela Constituição Federal de 1988, que está aqui na minha mão, caberá ao vice-presidente, doutor Temer (PMDB-SP), salvo se o TSE – Tribunal Superior Eleitoral decidir pelo cancelamento da chapa Dilma e Michel Temer, que foi a vitoriosa nas eleições de 2014 – Sim, mas e aí? – Bem, não sendo condenado, no que não acredito, é justamente o doutor Eduardo Cunha (PMDB-RJ) quem terá direito a assumir o posto de mais alto mandatário do país, está na Lei. – Mas se ele perdesse o mandato de deputado, quem assumiria? – Então seria a vez do Renan, político que parece ter nascido com o bumbum pra lua, ressalvada a hipótese de ele também ser cassado ou mesmo preso pela Lava-Jato. – Mas na falta dele? – A vez seria do Presidente do Supremo Tribunal Federal, o Exmo. Senhor Doutor Ricardo Lewandowski, um profundo conhecedor do direito, embora se fale por aí que ele é um governista de primeira ordem. Particularmente, não creio que o seja. Sabe você perfeitamente que a minha opinião sempre foi a de que a candidatura de quem quer ser vice deveria ser isolada e não casada com a de presidente. Assim ninguém poderia dizer que o sujeito não teve votos. Até mesmo já publiquei um trabalho conclamando a que não houvesse candidato a esse cargo. O vice-presidente seria aquele que ficou em segundo lugar nas eleições, e pronto.
Sandragus: Mas o que acha da novidade que agora o PT está pregando, qual seja novas eleições imediatas para a Presidência da República?
Ansilgus: Intempestiva, interesseira e para aproveitar o carisma do Luiz Inácio Lula da Silva, cujo nome não passou para a Chefia da Casa Civil, como tentou a doutora Dilma, a fim de efetuar negociações com os políticos, com o intuito nobre de barrar o processo ontem autorizado pelos deputados. Esse cidadão, que é pernambucano, ainda exerce uma grande liderança nacional, podendo vir a ser novamente Presidente da República numa eleição direta e antecipada. Não quero crer que a sua nomeação tenha sido feita para blindá-lo de uma possível prisão e por medo do Juiz Moro, da república de Curitiba. Aliás, ele não fora preso porque o referido Juiz não decretou o seu recolhimento, mas teve oportunidade de fazê-lo até mesmo no dia da “Condução coercitiva”. Nessa linha de raciocínio, que me desculpe o mestre Teori Zavascki, titular no STF, este cometeu um dos maiores absurdos da justiça, qual seja avocar o processo para si, até mesmo porque o cidadão Lula não tem foro privilegiado. – Mas por falar em “Condução coercitiva” o que significa isso em matéria de direito? – É um procedimento também conhecido como “debaixo de vara”, que quer dizer mais ou menos o seguinte: Se uma pessoa é convocada pela justiça para depor num processo, promete que não irá ou até se esconde ou faz de desentendido, o Juiz que preside o feito (diga-se a causa), tem o direito de mandar buscá-lo onde quer que ele esteja. É o múnus público, dever do Estado, que não pode ficar subalterno a interesses particulares de A ou B.
A sugestão de eleições diretas já é apenas para aproveitar o embalo da opinião pública manipulada por verdadeiros artistas na arte da política, principalmente quando veem a casa cair e ameaçar ir pro brejo.
Sandragus: Mas meu pai, acha mesmo o senhor que as apelidadas “pedaladas” são crimes de responsabilidade?
Ansilgus: Esse foi um apelido de péssimo gosto que criaram para essa espécie de procedimento inconstitucional, a fim de ficar mais amena a situação de quem as praticou. É a prática do Tesouro Nacional de atrasar repasses de dinheiro para bancos, notadamente os que são controlados pelo governo, tais como o Banco do Brasil, o BNDS, a Caixa Econômica. E assim essas entidades bancam o pagamento de despesas do governo, na falta de dinheiro em caixa, resultando em saldos devedores, gerando juros altos e outros encargos, melhor dizendo são verdadeiros empréstimos, assim como governo emprestando a si próprio, grosso modo, procedimento que é proibido pela Constituição Federal. As nossas oposições são realmente fracas. Se fossem como o PT teriam feito o maior alvoroço desde o começo, chamando-as de empréstimos. Aliás, aqui pra nós, os exemplos fornecidos pelo advogado da doutora Dilma, o ex-ministro da justiça José Eduardo Cardozo foi de uma infelicidade a toda prova ao defendê-la, citando até mesmo exemplos não adaptáveis ao caso.
Agora vamos dar uma pausa, depois continuaremos.
Sandragus: Ok meu pai, muito grato. O senhor sabe que tenho publicado toda essa nossa conversa. -- Sei, tudo bem, mas eu vou voltar, eu quero voltar.
Nota: Meu pai nada deve a PT, PSDB, PMDB nem a partido algum e nem também a políticos, daí a sua independência em escrever o que vem a sua mente.