Opinando e Transformando - Heloisy Tínel
Nome: Heloisy Tínel
Breve Currículo: 17 anos; Estudante; Escritora.
Reside: Jacobina, Bahia
Em sua opinião, o que é cultura?
Não creio que haja uma definição satisfatória para isso em minha cabeça, mas a que mais me agrada é aquela que faz uma relação entre cultura e herança. A cultura é algo que foi criado através de manifestações pessoais e nos foi entregue, passado ao longo dos anos. Algo abstrato, porém, palpável.
Você se considera um difusor cultural? Qual é o seu papel neste vasto campo da transformação mental, intelectual e filosófica?
Sim e não. Como escritora, sim, pois ler é cultura e arte, porém, ainda no mesmo papel, eu diria que não. Baseada em “Os Guerreiros de Antares” que é no que estou trabalhando agora, no mundo que criei, eu não diria que é bem cultura. Talvez seja um tanto prejudicial para mim mesma dizer algo assim, mas é o que me passa. Escrevo fantasia, foi algo que inventei e, apesar de ser uma manifestação minha e, quem sabe, uma possível herança, não é um lugar onde as pessoas podem viver. Não é o mundo real então o que estou fazendo se resume a contribuir para a cultura, que é a parte da leitura, com um pouco de entretenimento.
O meu papel, o qual estou procurando cumprir, é crescer, acumular conhecimento para me manter na capacidade de conservar minhas próprias opiniões baseando-me naquilo que acredito.
Como você descreve o processo de aculturação, ao longo da formação da sociedade brasileira?
O mundo está se tornando mais simplificado e estamos encontrando menos dificuldade em cumprir certas tarefas, principalmente na área da comunicação. Não é como se estivéssemos perdendo nossa cultura ou identidade cultural ao longo dos anos, mas como se nosso contato cultural estivesse exigindo coisas diferentes com menos rigidez e cláusulas menos elaboradas, nos fazendo esquecer, aos poucos, os deveres que deveríamos ter com a nossa herança. No brasil, existe não apenas uma ou duas culturas. Em cada estado há uma história diferente, uma herança diferente. O que acontece conosco é que nos preocupamos em comercializar e, como se não bastasse vender a cultura, quando não errada, apenas a história de um canto do país é posta no mercado. Consumimos a cultura dos outros dando cada vez menos valor à nossa, como se nossa herança valesse menos e não nos levasse ao crescimento tão bem como as que não nos pertencem de fato. Existe uma falta de aproveitamento da nossa parte, bem como falta de cumprimento do respeito para com a nossa história.
A cultura liberta ou aprisiona os indivíduos?
Tanto um quanto o outro. Acredito que, em alguns casos, não há como ter liberdade sem se prender em algo. Usando um exemplo clichê, mas não único: se você tem a liberdade de escolher uma religião diferente, você também se prende aos princípios dela. Para ser livre, é necessário seguir seus próprios princípios e se firmar com eles.
Que problemática você destaca na prática da difusão cultural?
A suposta dificuldade de encontrar originalidade ou conteúdo nas coisas e, se tratando de coisas diferentes do que estamos acostumados, a falta de aceitação. Sempre fui acostumada a ler e, por essa razão, leio uma quantidade considerável de livros por ano. Em minha posição de leitora, houve um tempo que cheguei a pensar que daquele momento para a frente eu só encontraria livros com o mesmo tipo de conteúdo, mas, pensando um pouco, soube que não é essa a verdade. Veja bem: imagine o mundo como um pote de blocos coloridos de uma criança. Cada vez que essa criança aprende o nome de uma cor diferente ela acrescenta um bloco ao pote. Quando as cores acabam — como este exemplo é meu, este é, obviamente, um pote mágico que cabe
todas as cores do mundo —, a criança não pode colocar nada mais ali a não ser que descubra uma nova cor, mesmo que ainda haja espaço. Mas, ora, este é o pote de uma criança, ainda há muito que ela pode descobrir. Não estamos sofrendo com a falta de conteúdo ou qualidade, mas com a falta de curiosidade. Estar focado sempre nas coisas que estão apenas à mão pode torna-nos cegos, pois a falta de vontade de esticar o braço não nos permite aprofundar em coisas diferentes.
Comente sobre o espaço digital, destacando sua importância no cenário cultural brasileiro e mundial?
Com a facilidade de comunicação existente hoje em dia, há também a possibilidade de adquirir conhecimento mais facilmente. O espaço digital nos proporciona esse tipo de coisa, afinal podemos descobrir novas opiniões e histórias a partir disto. A importância está em poder continuar entregando cultura para cada vez mais pessoas. Nós só precisamos aceitar isso.
Qual mensagem você deixa para todos os fazedores culturais?
Mantenham-se em constante movimento, continuem sempre crescendo e aprendendo sobre si mesmos e sobre o que se encontra a sua volta. Sejam responsáveis com o que dizem, não permaneçam calados sobre o que não condiz com a sua própria liberdade. Devotem lealdade somente à sua própria prisão.