TRANSTORNO OBSESSIVO COMPULSIVO
Dr. Marcio – Tenho um filho que desde pequeno fica horas fazendo alguma coisa, sem se dar conta de que precisamos viver, aprender e como o Senhor já disse: “Encarar o fato de que não somos perfeitos e temos que buscar o acerto, após nossos erros. Quando vamos conversar com ele, de forma a querer ensiná-lo, se torna rebelde e conforme a pessoa que lhe interroga, agride-a verbalmente e por vezes atira-lhe algum objeto. O quê é isto? Como resolver? Tarcisio C. G.
Tarcisio – A medicina, através da psiquiatria, já vem estudando este problema há anos, eles criam nas pessoas idéias que tendem a torná-las focadas em comportamentos repetitivos, muitas vezes tornando-se agressivas, como você citou.
Estes quadros variam conforme as idades e a forma como são tratados; muitas vezes temos visto crianças de pouca idade, que refazem coisas idênticas muitas vezes, não se cansando, ou notando que aquilo pode ser cansativo, repetitivo, sem prazer algum para quem as observa. Na maioria das vezes, estas crianças não mantêm nenhum contato com os seus parentes e outras contatam com olhares para alguém que preferem, principalmente.
À medida em que crescem fixam-se em comportamentos que podem lhe dar algum prazer, como lidar com jogos, cuidar de alguma tarefa, sempre de forma repetida.
Para citar-lhe um exemplo, tive a oportunidade de rever jovens que passam o dia inteiro, jogando roletas sozinhos.
Comportamentos agressivos, verbais, ou mesmo causando sofrimentos em quem os recebem, podem acontecer.
Conheço casos, onde o portador de tais problemas agredia sua esposa, sempre que ela tentava mostrar-lhe o comportamento angustiante repetitivo, que o esposo fazia. Um deles acontecia ao ser colocada a mesa do almoço:
ele fazia questão de colocar os pratos em ordem alfabética dos alimentos, na mesa, o que muitas vezes levava as crianças a crises de choro e sempre desligava o telefone durante as refeições, dizendo que não queria ser interrompido. Quando a sua mãe faleceu, entrou em desespero, ao saber da esposa só à tarde, quando voltou do trabalho, repetindo que iria se matar, por ter estas atitudes estranhas.
Esta percepção obtida com o óbito da mãe, o incentivou a buscar tratamento, situação em que muitos deixam de lado, crendo que não devem se sentir diferentes.
Tenho consciência de uma pessoa que visita o túmulo do irmão todas as quartas feiras, `das 14 às dezesseis horas e sua obsessão não se resume apenas nisto, mas em diversos quadros, como raspar o solado dos sapatos no meio fio da calçada, antes de entrar em casa, lavar primeiro a cabeça, colocar a touca da irmã na cabeça para entrar no chuveiro. Perguntado porque agia assim, sem colocar espírito crítico na questão, disse que acreditava, que mesmo com a cabeça lavada previamente, os cabelos continham micróbios que já o prejudicaram e o tornaram incapaz de praticar o sexo. Claro estava que sua compulsão se fixava numa visão de impotente sexual e por isto criara as idéia relatada.
Conheci um senhor que jamais chupara manga, pois lhe contaram, que um conterrâneo seu morrera ao engolir um caroço de manga na infância.
São sintomas muito comuns, nestes quadros, quando as pessoas lavam compulsivamente as mãos com muita frequência; verificar e fechar as portas várias vezes; contar objetos repetidos ou postos próximos um do outro com frequência vezes; trocar coisas guardadas em gavetas diferentes, sempre; reler um mesmo trecho bíblico, inúmeras vezes e tantas outras repetições.
As pessoas portadoras de tais distúrbios têm consciência de seus atos, não os encarando como errados.
Existem tratamentos que conseguem identificar as causas provocadoras, via Terapia Cognitivo-Comportamental; algumas vezes são necessários tratamentos com medicamentos simples, devendo os parentes buscarem logo o tratamento, pois a possibilidade de se agravarem é muito frequente, com as idéias únicas serem obrigatórias de serem repetidas, ou ainda a criação de inúmeras idéias paralelas.
Não é tão rara a presença de agressões aos interpeladores do porque destas atitudes. um cliente agrediu uma pessoa no seu templo religioso, pelo fato desta pessoa afirmar que Deus criara o homem, como primeiro ser vivo. Este fato quase chegou a um processo prisional.
Quero alertar também, que existem muitos casos semelhantes aos transtornos citados, para camuflarem problemas que os clientes temem evitar, por isto tentam criar preocupações que distraiam seus familiares e tentam fugir de enfrentar estes transtornos, ou evitarem obrigações que detestam.
Relato casos de alunos, que não conseguem estudar certas matérias escolares e se prendem intensivamente, nas que os distarem.
Tarcisio, finalizo aconselhando-o a buscar ajuda para seu filho, pois é preciso, pelo menos, ajudá-lo a se entender e a se modificar.
Abraços.
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