Opinando e Transformando - Andréia Franco
Nome: Andréia Franco
Breve Currículo: Licenciada em Letras no ano de 2008 pela Universidade do Estado de Mato Grosso, Campus de Alto Araguaia - MT. Especialista em Língua Portuguesa e Literaturas em Língua Portuguesa. Mestre pelo curso de Pós-Graduação Stricto-Sensu em Estudos Literários - Mestrado Acadêmico - UNEMAT - Campus de Tangará da Serra-MT, com bolsa de estudos, financiada pela FAPEMAT. Escritora na revista Horizon Literar Contemporan desde abril de 2012 e na revista Divulga Escritor deste fevereiro de 2014. Autora do livro de poesias Anjo Híbrido e outras, publicado pela Scortecci Editora, 2013. Está com sua segunda obra Coleção Contos Maluquinhos, uma coleção de historinhas voltadas para o público infanto-juvenil, no Ministério da Educação e Cultura em Brasília para efeito de reconhecimento da obra enquanto produção nacional brasileira, visando adquirir o patrocínio do projeto para divulgação e distribuição gratuita da obra nas escolas públicas do país. Membro Acadêmico Imortal Correspondente na Academia de Artes, Ciências e Letras de Iguaba Grande - Rio de Janeiro a partir de 2014. Jornalista MTB 3409/GO.
Reside: temporariamente em Aparecida de Goiânia-GO.
Em sua opinião, o que é cultura?
A cultura é muito diversa, ela se manifesta desde o artesanato local, alimentos e cardápios preferidos, formas de vestir, se comportar, falar, enfim, a cultura permeia hábitos pitorescos do dia a dia e caminha para a sua amplitude, se manifestando nas artes em geral, como literatura, pintura, escultura, teatro, música, cinema, etc. O interessante é que a diversidade cultural é bonita, pensemos então numa rua onde circulam diversos tipos de pessoas: branco, preto, rico, pobre. Isso é diversidade, pois cada pessoa ali presente é diferente uma da outra, se veste e se comporta de maneira diferente, anda de forma diferente. O pitoresco é belo, veja: você está caminhando na rua e de repente se depara com alguém falando sozinho. O diferente nessa situação é que o indivíduo está num ambiente público, mas, quantos de nós, na fase do nosso “amiguinho imaginário”, nos pegamos falando sozinhos! A primeira situação costumamos julgar como estranha, já a segunda é considerada normal. Porém, o que acredito ser bacana lidar com esse tipo de fenômeno é justamente a forma como você o observa e o enxerga. Por exemplo, fenômenos como estes são, para escritores, poetas e cultores da arte em geral, motivo para a descrição de passagens de obras literárias, para a criação de um quadro representando ali aquele passante talvez louco e esquizofrênico, ou talvez numa escultura/pintura onde aquele sujeito gesticula ao conversar sozinho. Então, volto a dizer, a forma e o modo como cada um de nós lida com determinadas situações do dia a dia é que vão fazer a diferença, de maneira que as artes se alimentam justamente disso, da forma como enxergamos esse mundo exterior a nós e o representamos no produto final de nossa criação: seja um texto, uma pintura, uma escultura, etc. Muitos que se aventuram a escrever ficam se perguntando: por onde começar? Ora, comece pelo que há de bom dentro de você, pelo que te inspira a respirar e a viver todos os dias, por suas experiências mais comuns, porque a arte é, na verdade, um espelho da realidade, então, descreva como você representaria o outro como se ele estivesse ali, refletido nesse espelho. A cultura se manifesta justamente nesse olhar diverso que, por sua vez, soa de forma diferente, porque o diferente sempre é tido como estranho/bizarro...
Você se considera um difusor cultural?
Sim, tenho meus blogs: “Poesias em Movimento”: http://andreiafranc.blogspot.com.br/, para fazer postagens referentes ao meu trabalho com a literatura e também o blog Memórias: http://avidaemapenasumclique.blogspot.com.br/2013_07_01_arc…, onde divulgo trabalhos dos meus colegas escritores. Também já escrevi para a Revista Divulga Escritor (nacional) e Horizon Literar Contemporan (internacional). Em 2012, no artigo Córdoba, Argentina: “La poesía no quiere adeptos, quiere amantes”, publicado na revista Orizon Literar Contemporan, 2012, o renomado escritor Luis Benítez me cita como referência da literatura contemporânea mundial. Veja:
“Así italianos como Rodolfo Jesús Chávez; alemanes como Raymon Walden; españoles como Victor Morata Cortad; argentinos como Aldo Luis Novelli o el propio Luis Benítez; Haris Psarras, desde la conflictiva Grecia; Andreia Franco, de Brazilia, y una extensa lista que se enriquece en cada número. Se dan cita en un intento digno y fraterno de encontrarnos en la palabra más allá del lugar o la matriz cultural a la que pertenecen. Podría decirse entonces que Rumania abre su capital cosmopolita de la poesía en esta publicación que espero todos tengan la oportunidad de leer y que ha circulado en el encuentro tal cual un tesoro guardado celosamente.” (Veja artigo inteiro: http://andreiafranc.blogspot.com.br/…/amigos-estou-sendo-ci…).
De certa forma, todo escritor, a partir do momento que ele se compromete com o ofício da escrita, ele também passa a ser um difusor cultural.
Qual é o seu papel neste vasto campo da transformação mental, intelectual e filosófica?
O meu papel, como o de muitos outros escritores, é a humanização de nossos leitores. As artes em geral tem valor simbólico na formação dos indivíduos, ela educa, ensina e faz o leitor se reconhecer enquanto personagem e rir de coisas banais que cercam o nosso dia a dia.
Como você descreve o processo de aculturação, ao longo da formação da sociedade brasileira?
Acredito que o homem tem tido participação significativa nesse processo, mas que a mulher ainda precisa se manifestar mais a fim de mostrar a sua versão dos fatos sobre a realidade a que ela pertence, falo isso sobre a importância de ela descrever como ela se sente e como ela se vê numa sociedade machista e patriarcal. A mulher precisa desnudar o que há por trás do simplesmente aparente, ela precisa marcar presença, se fazer presente, se utilizando das artes em geral para representar o modo de pensar feminino. São infinitas as piadas de homens sobre mulheres, nada mais bacana que ela também apresentar a sua versão dos fatos. Vejo a mulher, nesse ponto, como um ser “bastante tímido”, que se abriga e se protege em si mesma, que precisa sair dessa proteção que criou em torno de si e participar ativamente do processo político, educacional, científico e artístico do país. O Brasil, em especial, é uma terra bastante rica nesse processo de aculturação, pois aqui podemos conviver com pessoas de outras regiões, como também do exterior, e isso nos possibilita conviver e conhecer hábitos, costumes e crenças diferentes da nossa, e isso é bonito, aprender a lidar com o “diferente”. Eis o grande desafio que apresento às nossas mulheres, que elas manifestem e descrevam a forma como elas lidam e enxergam o “diferente”.
A cultura liberta ou aprisiona os indivíduos?
Cremos que, neste caso, temos um impasse, uma vez que somos influenciados pelas pessoas que vivem ao nosso redor. A cultura liberta, mas, dependendo de nossas escolhas, ela aprisiona. Na vida, costumamos fazer escolhas boas e ruins. Porém, o importante nisso tudo é fazer com que tais experiências contribuam para o nosso amadurecimento enquanto pessoas. O artista, em si, é um ser sublime, porque apesar de ele ser um mero mortal, sua obra não morre, permanece.
Que problemática você destaca na prática da difusão cultural?
Acredito que a maior problemática e o maior impasse que encontramos para fazer com que parte do que tanto sonhamos se torne realidade está em nós mesmos, coisas acontecem de forma devagar, é um processo difícil onde, ao longo desse percurso, sorrimos, choramos, deixamos muitos de nossos sonhos de lado, nos sentimos perdidos, etc... O fato é que o trabalho de um artista é como o de uma formiguinha, onde precisamos estar continuamente atuando para mostrarmos ao “outro” que nosso trabalho é significativo e que pode ser visto por um viés promissor e que, além de mais uma obra dentre tantas outras, há alguma mensagem ali presente que vai fazê-la permanecer no gosto do leitor ao longo das gerações.
Comente sobre o espaço digital, destacando sua importância no cenário cultural brasileiro e mundial?
O espaço digital é, de fato, um grande avanço, uma vez que facilita a propagação e divulgação da informação. Então, escritores anônimos, deixem de ser anônimos, criem blogs, sites, e divulguem seus trabalhos. A vantagem do espaço virtual é que pessoas das mais diversas localidades, bem como do exterior, podem ter acesso ao conteúdo do material numa fração de segundos. Simples, fácil, prático e rápido.
Qual mensagem você deixa para todos os fazedores culturais?
Que percam a timidez, o medo e a insegurança, que mostrem que são suficientemente capazes para ser, quem sabe um dia, vistos como símbolo desse processo de aculturação que vem acontecendo em nosso país. Que escrevam, relatem, descreva e mostre que, além de simples indivíduos, são representantes da classe artística do país, levando, por intermédio das mídias sociais e impressas, a cultura nacional também para o exterior.