Opinando e Transformando - Alessandro Moura

Alessandro Moura é ator, dramaturgo, diretor e jornalista. Estudou na Escola de Teatro Martins Pena e se formou em comunicação social pelas Faculdades Integradas Hélio Alonso (FACHA), no Rio de Janeiro. É natural de Goiânia e reside no Recife. Na capital pernambucana o goiano atua como repórter do programa Via Legal, produzido pelo Conselho da Justiça Federal e transmitido na TV Justiça, TV Cultura e TV Brasil. Atua ainda como colaborador do portal do jornalista Miguel Arcanjo Prado. Alessandro acaba de encerrar temporada do monologo O Velho Diário da Insônia.

Em sua opinião, o que é cultura?

A cultura é tudo aquilo que se passa de geração para geração. Hábitos e costumes vão sendo transmitidos no decorrer dos tempos. Um conceito que está sempre em desenvolvimento em áreas muito distintas. Seja na religião, na arte, na filosofia ou na sociedade.

Você se considera um difusor cultural? Qual é o seu papel neste vasto campo da transformação mental, intelectual e filosófica?

Acredito que estamos nós de alguma forma colaborando com esse processo de difusão cultural. Seja ela de forma positiva ou não. As histórias que escuto das minhas avós e que serão passadas para as futuras gerações são formas de fazer viva essa memória familiar e narrar os hábitos do passado. As identificações das gerações que hão de vir com o aquilo que já se foi fazem parte disso. Eu, como artista e jornalista tenho meus modos de pensar em cultura. Como fazer outros lugares conhecerem as belezas da cultura do meu estado? Como falar de temas que me incomodam? Como fazer com o que as pessoas reflitam sobre algo? Eu busco colaborar através dos meus textos e dos espetáculos que fazem rir e emocionar. Sempre sigo em busca de uma transformação social dentro daquilo que acredito. O importante é causar reflexão nos olhares da platéia.

Como você descreve o processo de aculturação, ao longo da formação da sociedade brasileira?

Nosso país recebeu grandes influências não apenas na colonização, como também na mistura de povos de todos os cantos que foram recebidos durante nossa história. Expressões, hábitos e até a beleza da arquitetura do passado. Tudo tem um pouco de tanta gente. Aqui no Recife observamos de perto a beleza dos casarões e monumentos que holandeses, ingleses, franceses e portugueses nos deixaram de herança. Somos resultado disso tudo e por isso somos um povo tão diferente de todos os outros.

A cultura liberta ou aprisiona os indivíduos?

Muitas vezes a liberdade ou a prisão são mais psicológicas que físicas. Nós mesmos somos responsáveis por criar barreiras ou não. Para entender o outro é preciso estar aberto sem conceitos que se prendem a verdades absolutas. O que nos prende é o egocentrismo de pensar que aquilo que acreditamos é sempre o correto. Adoro viajar só para cidades que não conheço, não ir aos pontos turísticos, mas andar de ônibus e tomar café na padaria. Assim conhecemos os hábitos do povo, as formas de falar e a realidade dos lugares. Sem ideias concebidas, apenas deixar o sol entrar. É lindo saber que existem pessoas tão diferentes de nós.

Que problemática você destaca na prática da difusão cultural?

Analisar difusão cultural em poucas linhas é complexo, se trata de um tema denso e que tem opiniões muito divergentes. A incorporação de elementos de outras culturas é algo que pode ocorrer no decorrer dos tempos, mas existe ainda a imposição de uma cultura e a transformação de traços de outras culturas. Nas diferentes camadas da difusão cultural é importante ir com calma. Cada situação é uma diferente da outra.

Comente sobre o espaço digital, destacando sua importância no cenário cultural brasileiro e mundial?

O espaço digital nasce dando voz a muitos grupos e produtores de cultura que muitas vezes não tinham espaço na grande mídia. Como jornalista me preocupa como as coisas têm sido feitas. Muitas vezes notícias sem apuração começam a ser veiculadas, matérias falsas e dados equivocados. Por conta de situações extremas casos como o “justiçamento” passaram a ser mais frequentes. Pessoas que tiveram suas fotos divulgadas como se tivessem cometido um crime foram linchadas e tiveram a moral atacada na rede. A mesma rede que ajuda a encontrar pessoas desaparecidas e colabora com a doação de sangue ou órgãos. Tudo deve ter peso e medida. É preciso ter responsabilidade na hora de usar o espaço.

Qual mensagem você deixa para todos os fazedores culturais?

Fazer cultura no Brasil nunca foi uma tarefa fácil, mesmo quando não estávamos em tempos de crise. Educação e arte sempre foram setores deixados para um segundo momento. Se não é você que hoje tem resistência artística e cultural isso tudo tende apenas a acabar.

Se não existe formação de platéia, não existe teatro. Enquanto houver uma pessoa interessada em difundir cultura e gritar algo que incomode haverá alguém para aplaudir. Por mais duro que seja não dá para esperar o apoio de políticas públicas para continuar e quando tudo estiver muito ruim, fique tranquilo ainda não acabou. O show não pode parar.

Para a turma do meu Goiás deixo um abraço saudoso, mas uma boa notícia. Em novembro estaremos em cartaz em Goiânia com o espetáculo ‘O Velho Diário da Insônia”. Histórias de Goiás, da minha família estarão em cena em um monologo que promete fazer rir e chorar. Será uma sessão única, então fique de olho!!!

Acompanhe no nosso site: www.ovelhodiariodainsonia.com

Já o Via Legal éexibido toda quarta-feira - 21h30 na TV Justiça 21h30 - TV JUSTIÇA (NET- Canal 9/ SKY - CANAL 167/ GVT - CANAL 232).

Dhiogo J Caetano
Enviado por Dhiogo J Caetano em 28/09/2015
Código do texto: T5397302
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