Opinando e Transformando - Edith Lotufo
Nome: Edith Lotufo
Breve Currículo: Possui graduação em Educação Artística, pela Universidade de Kassel, Alemanha (1975), Licenciatura para o Magistério em Escolas Secundárias em Artes e Ofícios, pelo Seminário de Estudos I de Kassel (1983) e Especialização em Educação/Docência Universitária pela Universidade Católica de Goiás (1997). Desde 1989 é professora da PUC Goiás. Tem experiência na área de Artes Visuais, com ênfase em Comunicação Visual, atuando principalmente nos seguintes temas: artes visuais, arte aplicada, criatividade, artes e ofícios, escultura e modelagem, máscaras, teoria e prática da cor, reciclagem de papel, design e artesanato, design e sustentabilidade, design experimental com resíduos sólidos. Concluiu Mestrado em Arte e Cultura Visual da Universidade Federal de Goiás em Julho de 2015.
Reside: Goiânia
Em sua opinião, o que é cultura?
Cultura tem, para mim, várias dimensões:
-Transformação da natureza pelo homem, adaptando os recursos naturais às necessidades.
-Expressões de natureza artísticas, simbólicas, estéticas e sensíveis das pessoas individualmente ou coletivamente (tradicionais e inovadores).
-Transmissão de conhecimentos de qualquer natureza de geração para geração.
Você se considera um difusor cultural?
Sim.
-Como professora transmito conhecimentos, técnicas e habilidades;
-Eu contribuo com que expressões culturais que valorizo sejam mais conhecidas;
Qual é o seu papel neste vasto campo da transformação mental, intelectual e filosófica?
As transformações mentais, intelectuais e filosóficas só acontecem quando existem situações e estímulos que levam a pessoa a refletir sobre sua realidade e a sociedade da qual faz parte. Isso pode acontecer em processos de mediação e aprendizagem na família, na escola, universidade, grupos comunitários, etc. Vejo meu papel nestes lugares propondo que as pessoas pensem, reflitem, se abram para outras experiências
Como você descreve o processo de aculturação, ao longo da formação da sociedade brasileira?
A sociedade brasileira é composta por elementos multiculturais que se expressam em maior ou menor grau de acordo com as correlações de forças, como: maiorias-minorias, pessoas do lugar e de fora, poder econômico que se impõe e consumidores, etc.
A cultura liberta ou aprisiona os indivíduos?
A cultura liberta quando ela não vira instrumento de imposição de uns sobre outros. Cultura imposta nem poderia ser chamada de cultura porque vira ritual, mercadoria…
Que problemática você destaca na prática da difusão cultural? Comente sobre o espaço digital, destacando sua importância no cenário cultural brasileiro e mundial?
Vejo que a difusão cultural no espaço digital, por viagens e migração internacional torna as expressões culturais mais assimiladas e parecidas de um lado, mas também aproximam as pessoas permitindo uma troca que pode enriquecer diferentes culturas. Estamos entre o achatamento de um lado e a ampliação da diversidade de outro. Por exemplo o Halloween é difundido pelas escolas de inglês e vai depender do grau de abertura e identificação o quanto essa expressão externa vai ser aceita. As divisões sociais e econômicas do Brasil em geral fazem com que a cultura da elite e do resto da população vão se distanciando. Com a admiração de parte da população pela cultura norte-americana vemos muitos usos e costumes se transformarem silenciosamente. Por outro lado não podemos falar de uma única cultura brasileira, temos muitas culturas simultâneas como a urbana e a rural,…
Qual mensagem você deixa para todos os fazedores culturais?
Definir o próprio lugar na sociedade, a partir de onde olhamos e falamos e com qual modelo de sociedade estamos comprometidos. Temos que assumir que na maioria das vezes pertencemos a grupos sociais privilegiados, mesmo que tenhamos muito dificuldade de poder nos dedicar ao fazer cultural e à arte. Temos que assumir as contradições e a complexidade da sociedade na qual vivemos e buscar caminhos que respeitem a diversidade, promovam o diálogo e contribuam para diminuir as desigualdades sociais e econômicas e aumentem o direito à expressão e participação cultural de todos.