Opinando e Transformando : Salomão Sousa

Nome: Salomão Sousa

Breve Currículo: Nasceu em 19.9.52, em Silvânia (GO). Reside em Brasília, Distrito Federal. Formou-se em Jornalismo pelo Centro de Ensino Unificado de Brasília (CEUB). Funcionário público desde 1973, atualmente trabalhando no Ministério da Fazenda. Participou parcialmente do movimento Poesia Marginal com Esbarros. Recebeu o Prêmio Capital Nacional do Ano 98 de Crítica Literária, reconhecimento Público da Resistência ao Ordinário pela edição do zine Chuço, do jornal O Capital, de Aracaju (SE). A UBE, Seção de Goiás, concedeu-lhe, em 2011, o “Troféu Tiokô”. Recebeu o Prêmio Goyaz de Poesia, em 2006, pelo livro Ruínas ao sol. Membro da Associação Nacional de Escritores. Está com um livro inédito, em busca de editor: Tábua da memória, de poesia. Mantém os blogs www.safraquebrada.blogspot.com, www.literaturagoiana.blogspot.com e www.salomaosousa.blogspot.com.

Reside: Núcleo Bandeirante - DF

Em sua opinião, o que é cultura?

A cultura, para mim, é a nossa forma de agir para marcar a presença na história. Para haver diversidade cultural, cada indivíduo se insere num determinado modo de ação. Há culto ao ócio, à bebida, à beleza. Tanto uma civilização como uma comunidade ou um indivíduo será reconhecido por ter praticado uma cultura avançada ou atrasada. Depende de como vai utilizar o legado dos ancestrais para participar do mundo. Aquele que não tem acesso ou não admite aprendizagem com a cultura deixada de legado, acaba perdido num universo retrógrado e destrutivo, pois a cultura deve ser usada para marcar nossa passagem civilizada pelo mundo. Onde não há humanismo, a cultura do tempo fracassou.

Você se considera um difusor cultural? Qual é o seu papel neste vasto

campo da transformação mental, intelectual e filosófica?

Todo homem é um difusor cultural. Seja dentro da família, dentro do trabalho ou por decisões pessoais de construir formatos específicos de materiais artísticos. Enquanto poeta, não devo me preocupar em ser um transformador de comportamento. O que vai mudar, criar um campo magnético para imantação da humanidade é a arte como um todo. Todo artística integra um organismo maior. Um artista, de forma solitária, não conseguirá interferir no progresso mental, intelectual e filosófico de uma comunidade. Ele contribui enquanto um nervo ativo no músculo dessa comunidade, que precisa reagir com outros estímulos para se mover rumo a um progresso saudável. Não adianta eu empurrar, enquanto poeta, e todos os demais incentivar a juventude para a bebida e o cancro de uma música burra e estúpida. Numa sociedade assim, que terá um homem doente, o poeta ainda passa a ser um incômodo.

Como você descreve o processo de aculturação, ao longo da formação da sociedade brasileira?

O processo de colonização brasileiro não se preocupou com a formação do homem que aqui se instalava. A aculturação inicial estava preocupada apenas com a religiosidade. Costumo avaliar que Goiás só se encontrou culturalmente na terceira década do século XX. A cultura brasileira é nova, portanto. E nem poderia ser velha, se este é o Novo Mundo. Só a existência do samba, da bossa nova, da poesia de vanguarda, de alguns pintores do modernismo, já assegura identidade a uma pátria Brasil.

A cultura liberta ou aprisiona os indivíduos?

Acredito que todo indivíduo é livre, mesmo o analfabeto. A cultura não aprisiona, apenas possibilita ao homem avançar nas formas de interpretar, ouvir, falar sobre a realidade de que participa. Sem acesso à cultura, o homem está propenso a acreditar e confiar em ilusões. Está propenso a ser escravizado pela realidade. Não consegue abolir a validade imediata das coisas. A cultura é a forma de conseguirmos outras validações.

Que problemática você destaca na prática da difusão cultural?

Sempre que há mudança de plataforma para difusão da cultura, o homem é levado a acreditar que há um problema. Se não há mais plataforma impressa, não resta outra alternativa que desenvolver e atuar na plataforma virtual. Portanto, não há problemática, mas uma transição que deve ser absorvida e desenvolvida. Não resta dúvida que insegura, pois sem transparência e de decadência de conteúdo. E, nesta adaptação, ainda estão sendo formados os agentes de divulgação.

Comente sobre o espaço digital, destacando sua importância no cenário cultural brasileiro e mundial?

Eu ainda me considero um troglodita para compreender o espaço virtual e digital de divulgação da cultura. Há melhores interpretes, coimo é o caso do poeta Antonio Miranda, que é especialista na área e que acredita na mudança total na forma de fazer e apreender a cultura com o advento da internet. Ainda vejo um problema na divulgação da cultura no ambiente virtual. É necessário reconhecer que o indivíduo, no ambiente virtual, procura aquilo que deseja ter acesso. E o produtor cultural tem chance restrita de chegar a indivíduos que só estão interessados em produto cultural diverso do ofertado. O ambiente virtual não é o melhor local para formação cultural. Acredito.

Qual mensagem você deixa para todos os fazedores culturais?

Ninguém produz cultura sem formação e trabalho. A formação passa inclusive pela convivência social. A produção cultural tem de refletir o que ocorre nas cidades, nas famílias, nas mudanças da paisagem. A arte de gabinete é estéril. Como o homem está trancafiado diante do ambiente virtual, a arte está correndo o risco de ser falsa, sem reflexão do universo cotidiano. A melhor forma de produzir cultura ainda é conviver com a realidade, mesmo que o resultado não esteja para uma realidade explicita.

Dhiogo J Caetano
Enviado por Dhiogo J Caetano em 28/08/2015
Reeditado em 28/08/2015
Código do texto: T5362061
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