CRIAR SOLUÇÔES: MANEIRA FÁCIL DE CRESCER

Dr. Márcio - Estou lhe enviando via E-mail, uma questão, que não quero que os leitores pensem que estou bajulando-o. Como sabe, minha esposa tem um problema psíquico crônico e que necessita tratamento prolongado, até que descubram a cura, como já pesquisei.

Durante todos estes anos que ela se trata com o senhor, nós observamos diversas soluções, que tem apresentado para problemas médicos, diferentes e mais eficazes do que já li, bem como de outras áreas não médicas e mesmo fora de sua especialidade, com resultados maravilhosos, como os exercícios para a redução de barriga, nádegas, dores musculares, soluções de problemas elétricos, fotográficos, mecânicos, hidráulicos, de arte poética e tantos outros. Como consegue isto? Pergunto, porque não sou um incompetente, mas tenho dificuldades maiores para achar soluções mecânicos, que é a minha profissão e até nisto o Senhor me ajudou algumas vezes. Como consegue tantas soluções? Cléssio Petrônio.

Cléssio – Apesar dos elogios, fico um pouco encabulado de falar sobre isto, pois meus leitores podem achar que estou procurando me exibir, mas para tudo existe uma explicação. Meu pai era Engenheiro Químico e teve diversas fábricas, onde soluções complicadas eram exigidas. Ele tinha um amigo de infância que era seu parceiro (nunca tratado como empregado), que muito colaborava com os encontros de soluções. Com eles aprendi que não existem problemas sem soluções; existem sim, problemas que ao surgirem, criam pânico nas pessoas.

Isto beneficiou minhas formas de pensar e desde pequeno deixava meus amigos mais felizes, com as brincadeiras que eu criava.

Não quero falar de mim, mas de mostrar que a maioria das pessoas, ao deparar-se com um problema, entra em pânico, antes de procurar entender porque o problema surgiu e como perceber quais as suas conseqüências, caso não seja solucionado. A lógica aqui mostra que se a conseqüência ao problema é grave, a solução vai requerer resposta urgente, mas se o problema não vai nos prejudicar de imediato, podemos equacioná-lo com calma.

Depois que eu me formei e vim para Araras, trabalhar no Sayão, descobri uma publicação que me chamou a atenção, crendo a princípio que era algo de deboche, mas ao lê-lo, percebi que era o caminho para fugir do inferno da burrice. Seu conteúdo tinha um nome: “BRAINSTORMING” que em português era traduzido para “TEMPESTADE CEREBRAL”, mas que na verdade dirigia para o “PENSAMENTO CRIATIVO”.

A lógica do processo mostra que ao invés de nos desesperarmos com a solução de um problema, começamos a nos divertir com soluções brincalhonas, que vão se aperfeiçoando com a nossa distração divertida, esvaziando nosso cérebro de regras preconcebidas.

Vou lhe dar um exemplo: Certo sábado, perto das 18 horas, eu despedia-me de um grupo de participantes do curso de Brainstorming, quando uma pessoa amiga viu o movimento, ao passar pela porta do local onde eu ministrava as aulas. Parou e perguntou-me: “Oi, doutor, estava dando uma festa?” Respondi-lhe que estava ministrando o Brainstorming e ela brincou: “Isto é algo para fugir do inferno, quando morremos?” Respondi que era para fugirmos do inferno, ao precisarmos achar soluções de problemas, que julgamos infernais, sem solução visível. Ela achando muito interessante a motivação para o curso, me perguntou: “E este curso é só para pessoas cultas, não serve para donas de casas?” Mostrei-lhe que o curso era tão simples e divertido, que não exigia cultura sobrenatural. Ela me pediu se eu poderia ministrá-lo para ela e algumas de suas amigas.

Concordei e dez dias depois estávamos compreendendo o curso, mas o que me chamou muita atenção foi que no meio das senhoras tinha uma de 60 anos, que se interessara bastante.

Ministrei com extrema alegria e verificamos vários problemas familiares e sociais, com respostas simples e eficazes, como por exemplo: “Como acabaríamos com a corrupção no Brasil?”

Após esta seção do curso, como restava pouco tempo e só tínhamos mais uma seção a fazer, a anciã fez uma propostas de debate, onde todos se derreteram de rir crendo tratar-se de uma causa impossível: “Doutor, como poderemos conseguir uma economia perto de 15 a 20% em alimentação caseira?”

Depois de muito sorrirmos, dei uma idéia de economia: Vamos tentar conseguir que os plantadores de cenouras, as vendam com a ramagem verde. Assim, se não cortarmos a cenoura com facas, ou a cozinharmos com panelas de metais que as fazem perdem rapidamente a vitamina A, usando-a após ralarmos em raladores de plástico, para fazermos sucos, saladas, ou outras invenções, teremos a ramagem, que poderá ser cortada, cozida, ou feita em salada. A economia não será de 15%, mas já é um começo. Não podemos só nos divertir temos que achar soluções, para aumentarmos a economia.

Elas continuaram discutindo, fazendo propostas divertidas, até que a anciã deu uma idéia boa: “Que tal se começarmos a fazer só comida com produtos de época?”

Todos acharam boa idéia, mesmo sabendo que nunca daria 15%.

Foi neste momento que uma idéia me surgiu: “Gente, achei uma idéia boa, que produzirá uma economia razoável: que tal vocês começarem a fazer comida com o cardápio?”

Uma explosão de risadas apareceu, deixei que rissem e ao perceberem que não estando bravo, mas sério deixaram de rir e pediram que eu desse a explicação.

“O cardápio que estou sugerindo, tem outra roupagem. Eu gostaria que vocês pedissem aos familiares que iniciassem dizendo quais as comidas que detestam. De posse da lista de todos, por escrito, dará para ver quais as comidas que todos gostam; isto poderá ajudar a fazerem comidas programadas de domingo a sábado, tornando todos alegres e com uma economia enorme.”

Ao terminar a seção a anciã se despediu de mim com muito carinho e me prometeu comunicar à medida que fosse tendo resultados.

Três meses e meio se passaram, quando recebi um telefonema e ela me indicou sendo a prometedora de resultados. Fiquei feliz e pedi que me contasse.

Inicialmente falou que a sua família era bastante fechada, composta de três filhos homens e três mulheres, além do marido e como eles ficaram alegres com a proposta do cardápio especial e acharam que deviam se reunir mensalmente.

Ela pensou em aproveitar as reuniões do cardápio, de forma mais produtiva...

Disse que iniciou a segunda reunião dizendo: “ Gente, antes de começarmos a mexer nas comidas, percebi que todos ficaram felizes com a reunião da família e eu concluí, que seria bom se eu tentasse falar um pouco sobre mim, para agradar primeiramente ao pai de vocês. Assim eu descobri que determinados assuntos que ele começava a falar, eu demonstrava não ter interesse, e ele ficava triste. Aproveitando as reuniões que faremos concluí que o melhor que eu posso fazer é ouvi-lo com carinho e mais ainda tentarmos ver se conseguimos mostrar com alegria, como é possível modificarmos ainda mais a nossa comunicação familiar prometendo-lhes que daqui para a frente eu lhes peço paciência e ajuda para modificar-me.”

Ela contou, para minha imensa alegria, que o esposo levantou-se e foi até ela, dando-lhe um beijo e pedindo perdão se ele às vezes a aborrecia. Ela falou-lhe que a culpa não era dele, mas o trabalho com a família e a casa a tornaram impaciente.

Uma chuva de lágrimas de alegria brotou nos olhos de cada um.

Decidiram então fazer as reuniões a cada quinze dias e os resultados foram tão bons, que passaram a se ver a cada semana.

De repente, os filhos trouxeram os namorados e as namoradas para aprenderem o processo e começarem em suas casas.

Um de seus quatro sobrinhos chegou inesperadamente numa reunião, gostou tanto, que convidou os outros primos a aprenderem a fazer aquilo, que vira na casa da tia.

Para finalizar a fala no telefone, ela me contou que está sendo procurada por amigos da família, que querem aprender como se faz esta evolução, voltada apenas para os problemas de seus participantes, sem precisarem buscar regras pré-definidas, como acontecem nas psicoterapias convencionais, onde as questões surgem conforme regras impostas pelos seus criadores, muitas vezes cerceando as descobertas dos clientes, que temem que seu inconsciente venha a público. Mera fantasia defensiva, pois o profissional é obrigado a ter um sigilo profissional, ou sofrerá processos que podem até cercear-lhes o exercício da profissão

Sei que muitos leitores poderão achar que este relato é fantasioso, mas vamos retornar a um pensamento que sempre me aparece nas publicações que faço.

Eu já aceitei e aplico a sempre que posso a idéia de que ”quem agride está inseguro, por crer não conseguir falar de forma tranquila” e “quem se sente agredido, está inseguro, crendo que o falador não gosta dele”. Percebam que esta é a principal causa de depressão-ansiosa, tomando conta de muitas pessoas e fazendo-as sofrer.

O que causa tudo isto? Tenho percebido que a exigência para se conseguir os filhos amáveis e obedientes, depende muito da educação recebida pelos pais: se forem calmos, saberão agir com tranquilidade. Mas como obter isto? Muitos já me perguntaram e nem sempre conseguiram a modificação, preferindo crer que a imposição sempre trás o domínio e o medo aos filhos de agirem errados e ao outro conjugue, esquecendo-se de que o domínio do trabalho sadio do nosso organismo é comandado pelo cérebro.

Portanto, se o cérebro vive sob o domínio da insegurança, criando apatia, ou agressão ao físico, que redundará no aparecimento de problemas orgânicos sérios

Para citar um exemplo, basta mostrar uma realidade, que a medicina está constatando: estamos caminhando para um mundo de gordos, que na maioria das vezes tem como causa a depressão por insegurança: não havendo alegria existencial, procuram sentir prazer comendo, o que acarretará um aumento da angústia, pois se atraírem um parceiro, terá que ser um gordo, ou alguém também inseguro, muitas vezes dominante, ou em vias de ser dominado.

Quero contar-lhes uma realidade: muitas vezes, ao lermos um texto fácil de ser compreendido, podemos ter a falsa impressão de que abriu-se uma nova porta para nós. Apenas uma minoria consegue isto, pois nem sempre a lógica é capaz de acabar com a insegurança. Mas se nos apercebermos de que jamais seremos DEUS, perfeitos, poderemos olhar para dentro de nós, analisarmos como foi a nossa criação, percebermos como agimos, quais as suas conseqüências, poderemos começar a fazer um “do in”, expressão em inglês que significa: do = trabalhar, in = dentro.

Assim creio que nossos criadores, incluindo DEUS, esperam que aprendamos a sermos tranquilos, sensatos, alegres, felizes, para que consigamos mudar este universo tão machucado por dirigentes incompetentes, como muitas vezes nós o somos. Portanto amigos eu crendo que isto é verdade ensino a muitas pessoas a fazer o “do in”, procurando escrever o que pensa de quatro perguntas, que já citei em outro artigo: QUEM EU SOU, O QUE EU QUERO, PARA ONDE EU VOU E COMO EU IREI PARA MEU DESTINO. Isto deve ser feito por toda a vida, pois a cada instante, novos desafios surgem, alguns com roupagem difícil, mas quando encarados com seriedade e profundeza, podemos repetir: “o erro é o começo do acerto”.

Paremos de culpar os outros, principalmente os governantes; trabalhemos com conhecimento, pela leitura, por vivenciar experiências, que podem ser transmitidas para nós, por pessoas sérias, não como esta situação que eu acreditava um dia poder surgir, pois sabemos pouco e não crescemos o suficiente.

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Dr. Márcio Funghi de Salles Barbosa

drmarcioconsigo@uol.com.br