CORREÇÕES INTERNAS

Dr. Márcio – Estou muito preocupado com meu filho. Ele tem 25 anos, vive trancado em casa, tem uns 5 amigos que o visitam ocasionalmente, trabalha comigo, sempre fui correto, peço-lhe, desde pequeno, para procurar uma vida correta e se irrita quando tento corrigi-lo em algo, que precisa conseguir fazer com mais facilidade. Não gosta de estudar, nem de se interessar por coisas divertidas.

Sua mãe é fechada, irritadiça e tenho certeza de que ele se acostumou a esta vida vazia.

Não namora, conversa pouco e quando está sem trabalhar, se posta no quarto, sem fazer nada.

Sua irmã, mais nova tem uma vida alegre, namora e está prestes a casar-se.

O Senhor tem uma explicação para isto? J.R. L.

Jotaerre – Em primeiro lugar quero tecer um comentário que é constatado por todos os psiquiatras: As pessoas têm um medo estranho de conversarem com um psiquiatra. Tenho certeza de que preferem sorrir e fingir serem felizes, do que buscar ajuda, como você está fazendo.

Tenho certeza de que vêem o psiquiatra como algo que pode denunciá-las à sociedade, como sendo anormais, se o consultarem.

Se você pudesse ver quantos são os sintomas necessitados de ajuda e orientação, veria que a psiquiatria é uma das especialidades que mais ajuda as pessoas que a buscam.

Vejo pacientes entrando assustados no consultório e depois de perceberem o benefício que fizeram, se tornam alegres e muito amigas do profissional, visitando-o com alegria sempre que precisam dele.

Todo Médico sabe que isto é uma realidade tola, mas muitos nem procuram ser amigos de especialistas desta área.

Na maioria das vezes os problemas idênticos ao do seu filho têm haver com a formação psicológica, originando os problemas por terem dificuldades de aprendizado, com bloqueios, como você citou, que o levam a se fechar.

Para complicar seu estado, os pais costumam ser corretores de defeitos, usando pouco a técnica do fazerem com que olhem para dentro e parem de temer a vida, de sentirem-se julgados e tem poucas chances de se valorizarem.

Os pais, percebendo isto, se negam a corrigir os seus problemas como educadores e se tornam exigentes determinadores de atitudes “corretas”, o que leva o filho a se trancar excessivamente.

Junte-se a isto às normas da “sociedade”, normalmente impostas pro maus orientadores, que ao contrário de ensinarem a viver com alegria e praticarem atos que o engrandeçam, traçam regras aos milhares, muitas vezes numa sequência de imposições sociais, que na verdade só tem por função a obrigar o cidadão a ser um perfeito obediente, sem questionarem os gestos que os administradores e a politicalha lhes impõem, forçando-os a um silencio canalha, onde os “mandantes” poderão agir como quiserem e a população contida não irá se expor.

Veja só as “dilmisseslulásticas” e “malufidamães”, dentro de outros safados, que estamos sendo submetidos, onde a população irritada, encontrou, felizmente, alguns mais exaltados com esta canalhice e estamos elevando nossos gritos de correção.

Quero que entenda que não o estou comparando com esta cachorrada, mas aprendemos erradamente, que nós e nossos descendentes temos que ter um comportamento arredio, de forma a não nos expormos, como já lhe disse.

Creio que uma educação boa é cheia de amor, tolerância às brincadeiras e mesmo aos gestos exaltados, que podemos corrigir com abraços, beijos e comentários amigos. Nunca, entretanto, fingindo não ver os erros dos filhos, permitindo que se droguem, violentem e sejam detestados.

A única verdade que jamais será destruída vem de sermos amorosos, realistas e não criadores de regras safadas, de elogios que só visam sermos “queridos”, deixando a marginalidade atingirem aos nossos entes queridos, onde muitos os disfarçam.

Tente, com a certeza de que conseguirá mostrar mais amor ao seu filho, à sua esposa e sua filha, que pode estar casando certa, mas muitas vezes faz isto, crendo que se livrará do meio onde vive.

Tente ver, sem criticá-lo, mas profundamente, o gênio de seu futuro genro e busque amá-lo, para que ele se sinta valorizado e com muita chance de partir para a ação, do jeito certo.

Creia-me, não tenho nenhuma intenção, ao responder-lhe, que estou traçando regras difíceis. Em meus diversos anos de formado, consegui entender que o jeito mais perfeito de sermos gente, acontecerá se olharmos para dentro de nós e trabalharmos nossa visão corretamente. Em Inglês isto se chama DO IN e tenho tentado mostrar aos “facebooqueiros”, como eu, que devemos agradar a Deus mostrando a ele que estamos cumprindo a nossa parte, ao contrário de ficarmos pedindo maravilhas e julgando-nos incapazes.

Tomara que você perceba estas afirmativas, o que não duvido, pois se expôs muito claramente no início do pedido de ajuda. Parabéns!

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Dr. Márcio Funghi de Salles Barbosa