Vamos Esclarecer as Aparecidas.

É perfeitamente natural e previsível que os legisladores do Espírito Santo proíbam o sal nas mesas dos bares e restaurantes. Não adianta colocar a culpa neles, como se fossem extraterrestres. Essa lei não nasceu na Câmara dos Deputados.

Se você acredita que a população não tem condição de cuidar da própria vida e que o governo precisa dar dinheiro, educação, saúde, transporte, segurança, diversão, emprego, por que ele não iria escolher o que você pode ou não comer?

Quando o eleitor dá poder a quem acha que você tem a inteligência de um peixe de aquário e é incapaz de perceber se a ração pode te matar, é preciso que o estado tire o saleiro da sua frente. Seus pais já fizeram isso quando você era um bebê, agora é a vez do estado.

Adicione a isso uma pitada de cálculo econômico: quando a saúde da população é bancada pelo governo, cada decisão sua sobre o que você come ou não, se você pratica esportes ou não, se você tem bons pensamentos ou não, impacta o orçamento do país, já que comportamentos que geram riscos para a saúde terão impacto nos custos do sistema de saúde.

Se o governo paga seus médicos, seus remédios, seus hospitais, seus enfermeiros, cabe a um burocrata decidir se você pode ou não ter acesso a esses recursos que evidentemente são escassos, algo que até um esquerdista é capaz de entender.

Seu consumo de sal aumenta o risco de hipertensão? Seus problemas cardíacos serão bancados pelo governo? Ligue os pontos e perceba que os legisladores capixabas não estão fazendo nada mais que a obrigação.

Veja também esse trecho bastante revelador da matéria: "a auxiliar de saúde Aparecida Braz é hipertensa e acredita que a nova lei vai equilibrar o consumo de sal. "Se eu estou com sal ali e a picanha que eu pedi está sem sal, o que eu vou fazer? Vou pegar e colocar um salzinho ali. Isso é automático", declarou Aparecida."

Aparecida é hipertensa mas diz publicamente que não consegue cuidar de si, sequer evitar o consumo de um produto que pode causar danos à sua saúde. Ela acha que sua reação em relação ao sal é "automática", ou seja, ela não tem controle sobre o próprio braço que pega o saleiro e despeja o tempero na comida.

Aparecida pensa que precisa de uma lei para não comer sal. Sem lei, sem regulações e fiscalização, o abusado saleiro estará lá na mesa apertando o botão do controle remoto do seu cérebro que causará a reação "automática" do seu braço.

Aparecida elegeu os deputados estaduais que fizeram a lei. Os deputados estão fazendo o que a eleitora pede e aprova, o que todos queremos que os políticos façam.

Na escola em que Aparecida estudou, é possível que seus professores tenham reforçado a idéia de que suas reações são automáticas, que ela é incapaz de se controlar, e que só leis e o governo podem proteger o cidadão de si mesmo. Ela parece ter aprendido a lição de que o livre-arbítrio não existe.

A lei do saleiro é necessária se o braço da Aparecida é "automático". Sem convencer Aparecida de que ela é dona do seu braço, das suas idéias, do seu tempo, do seu dinheiro e da sua vida, não vamos a lugar algum.

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https://www.youtube.com/watch?v=0H30Hl_p8xI