Pergunte ao Doutor
Como conseguir fazer meu filho se sentir mais interessado, pela sua Escola?
Dr. Márcio - Para tornar meu filho mais feliz, pois o amo muito abri mão de mensalidades de dois clubes que eu e meu outro filho frequentávamos e matriculei meu filho caçula numa escola muito recomendada, pois queríamos que ele fosse um aluno bem formado, pois estuda muito e se interessa por muitas coisas. E apesar do nosso esforço alegre, relatou que certos professores são muito bravos com os alunos, que acabam não se interessando pelas aulas, distraem a atenção dos colegas e meu filho exibe certa frustração com a escola, apesar de conseguir notas altas e já corrigiu até erros de professores, ao citarem nomes errados de autores. Como conseguir modificar isto? Mudo-o para outra escola? L.O.B.
Meu caro - A maioria das pessoas que ainda lêem algo, mesmo que seja frequentemente, nem sempre o fazem para introjetarem o ensinamento que o escrito pretende divulgar.
Quando escrevo, nunca tenho a pretensão de fazer com que todos concordem sobre o que falei, mas espero que sejam úteis os artigos, até para criarem alguma divergência, que me abra mais a mente, pois ainda tenho muito que aprender.
Faço cursos e palestras em Escolas e Empresas, onde mostro sempre uma verdade: a necessidade de modificarmos um relacionamento, de forma a conduzirmos uma mudança racional, só pode ser feita com carinho, mostrando um raciocínio, que levem as pessoas a verem uma ajuda, uma transformação que beneficie, com muito carinho, acompanhando o raciocínio lógico.
Quando eu era estudante de Medicina, percebia professores inseguros, impondo seu raciocínio, mesmo que correto, de forma impositiva, o que criava dúvidas nas cabeças dos alunos e quando questionavam recebiam respostas duras, como se o mestre fosse o dono mundial da verdade.
Nos cursos básicos, ou preparatórios onde faço palestras, conversando com os professores percebo que se a imposição de comportamento for por ele mais importante, que a matéria ensinada, isto leva aos alunos a se desinteressarem e fazerem brincadeiras, conversas que os divirtam, ao contrário de perceberem a importância que o ensino pudesse trazer-lhes.
Conheço escolas, onde até as coordenadoras disciplinares adentram as salas antes dos professores, para exigir “respeito” e atenção, o que motiva aos alunos a debocharem da disciplina imposta.
Tenho certeza de que só o carinho e a conversa amigável, desperta a compreensão dos professores, pois como já escrevi certa vez, fui obrigado a ajudar um colega da Faculdade que estava doente e o substituí como professor do quarto ano primário em várias classes. Era uma escola que comportava alunos sem uma boa educação familiar e eles provocavam os professores jogando bolhas de papel no quadro negro (hoje esverdeado), quando o professor nele escrevia.
Nunca me explodi com eles, mas brincava dizendo: “Quem teve tão má pontaria e não me acertou?” A Seguir contava algo engraçado e estimulava um ambiente de alegria, retornando à matéria, com atenção aumentada pelas classes.
Meu colega ficou doente até novembro e quando comuniquei aos alunos a volta dele, levei um enorme susto, pois eles haviam decidido que eu seria o paraninfo dos formandos. Usei de um raciocínio que me fez bem. Disse a eles: “Coitado do professor L.; esteve doente todo este tempo, está voltando e não merece a nossa homenagem? Vamos elegê-lo paraninfo e eu saberei guardar para sempre o carinho de vocês por nós dois”.
Fui aplaudido e abraçado por todos e tive uma grande surpresa: na festa de formatura ganhei uma homenagem das turmas, por me julgarem o professor carinhoso, que ajudou o L. a se curar e fui muito amigo de todos.
Não cito isto, para me julgarem um “supra-sumo”, mas perceberem que a resposta errada produz insegurança, não gera amizades e marca a personalidade da pessoa que se sente insegura para o seu cargo, como um mestre sem valor.
Sei que os professores, diretores e demais organizadores das escolas públicas e muitas particulares deveriam receber uma quantia maior com que são remunerados, pois estão criando seres importantes, alguns até políticos, que precisam ser destacados como maravilhosos, nunca como uma turma de “quebra-galhos”, que podem até se tornar deselegantes, bajuladores da direção, sem falar nos exemplos que temos, onde um ex-presidente se deixou fotografar fingindo ler um livro de cabeça para baixo. Tive pena dele, pois além da foto mal feita, lhe faltava um dedo.