ENTREVISTA AO BLOG FANTASIANDO LIVROS



Quando (e como) você decidiu que queria ser um
escritor?


Esta resposta é longa demais! Porém, em homenagem a todos os professores, não posso ignorar, sepultar um fato ocorrido quando eu tinha dez anos de idade, frequentando o terceiro ano de uma escola rural.
Num dado momento a professora disse à classe que fizesse uma descrição de uma gravura na parede ao lado dela. Na ilustração havia uma sala, cortinas vermelhas, tapetes, um jogo de sofá verde cheio de detalhes, um par de botas masculinas, um gato com a cabeça fora de uma das botas.
Não entendi o que ela queria dizer com a palavra descrição e, por temor reverencial, ninguém ousou perguntar-lhe o significado.
Para evitar um zero, resolvi inventar alguma coisa, e comecei por imaginar que não havia pessoas na casa e que um rato fora visto pelo gato que se encontrava na bota... e por ai foi.
Escrevi uma pagina e meia. Olhei para os colegas, continuavam escrevendo enquanto a professora me olhava com o ar de pouca amizade. Para não levar uma bronca, levantei-me e fui até a mesa e entreguei-lhe o caderno. Ela pegou um lápis e começou a sublinhar os erros, de repente, parou no terceiro e continuou lendo absorta como se eu não estivesse mais ali, quando terminou levantou-se, abraçou-me e disse: “Você é escritor, menino!”
Numa vida sem liberdade para escolhas, restou-me guardar a frase como se fosse uma semente, quando me aposentei, resolvi deixá-la germinar...

2 - De onde surgem suas ideias?

O mundo que nos cerca está repleto de coisas e fatos que podem ser explorados... As ideias estão num bolo que acabou de sair do forno; prontas para serem comidas! É preciso apenas degustar cada fatia... e isso deve ser feito da forma mais prazerosa possível.

3 - Você tem alguma mania ou ritual na hora de escrever?

Quando encontro um tema rebelde, fechado como se estivesse num cofre de banco, pego uma caneta e um papel, logo aparece uma fresta e o cofre se abre, então, devagar, começo a ver as coisas que existem dentro dele... — a caneta é uma chave especial que pode abrir muitas portas.

4 - Alguma estória ou projeto em curso?

Estou concluindo São Thomé das Letras e o Pacifista II — continuação do primeiro (esgotado); e está pronto o “esqueleto” de um novo romance policial com mais suspense, com previsão de lançamento no final de 2015.

5 - Qual o seu livro preferido? (tirando os escritos por você)

São muitos livros, talvez cometa injustiça, mas pela beleza e magia vou ficar com “A Metamorfose” – Franz Kafka

6 - Uma mensagem para os leitores do Fantasiando?

Se é que posso dar uma sugestão aos leitores do Fantasiando, em especial ao que aspira escrever, sugiro-lhe que:
Pegue uma caneta, um papel e um assunto que o faz alegre. Pronto! Pode começar...
A meu ver não existe o desafio da folha em branco, pois os temas, às vezes, assemelham-se a uma árvore cheia de raízes. Tome como assunto o futebol, por exemplo. Já imaginou o quanto você poderá argumentar! Torcidas, jogadores, técnicos, times...
Quando decidimos escrever é porque temos algo a dizer e resolvemos fazê-lo por escrito. Escolhemos a escrita porque através dela podemos mostrar a beleza que existe naquilo que desejamos falar.




 
Silva Lemos
Enviado por Silva Lemos em 28/02/2015
Reeditado em 23/05/2015
Código do texto: T5153001
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