Cissa de Oliveira entrevista José António Gonçalves - Dez 2004
1) Como ocorreu o primeiro contato do poeta JAG com a Internet?
R - Sempre fui avesso a máquinas, à cibernética. A minha predilecção pelo acto da escrita centrava-se, exclusivamente, no papel branco. Branco mesmo. Sem linhas ou quadradinhos. Ou então, na sua falta, em tudo o que me chegasse às mãos. Depois, tudo mudou repentinamente. Foi a pressão familiar que me conduziu até ao computador e, pela via deste, até à «net». A criação pelo meu filho, Marco António, da minha Página Pessoal consolidou-me a curiosidade e lá fui eu à aventura, na rede, em busca do mundo virtual.
2) Até onde eu percebo, a edição diária e sistemática dos escritos de vários poetas, é um projeto único na Internet. Como surgiu a idéia e o porquê do “A Poesia dos Calendários”? Para quais países ele é distribuído?
R - A criação de um serviço diário como «A Poesia dos Calendários» surgiu-me, naturalmente, em consequência da constatação de que os usufrutuários da «net» não possuíam, de per si, um sistema organizado de leitura e de aquisição de conhecimentos, sobretudo radicado numa escolha de autores e de textos de origem diversificada e universal. Normalmente - salvo raras excepções - os participantes de listas de discussão usam-nas para colocar os seus textos, ansiando ultrapassar fronteiras e oferecer-lhes a maior divulgação possível. Por outro lado, sou natural e residente numa pequena ilha atlântica, a Madeira, por sua vez parcela de um não menos pequeno país, Portugal. Uso a Língua Portuguesa, a minha língua materna, como instrumento de comunicação e de trabalho. Então decidi alterar este estado de coisas e fundar uma «revista» quotidiana de literatura na «net», de modo a sintetisar os meus gostos e a compartilhá-los com o maior número alcançável de leitores interessados. Na verdade existem «blogues» na «net», mas este não é o caso, por isso aceito o elogio de ser, de facto, «um projecto único na Internet». Sem esforço, em inúmeros países do mundo, milhares de pessoas recebem por «email», a cada dia, do Japão à Argentina, passando pela Itália e pelo Brasil, esta «cartinha poética» do «cantinho ibérico» de Camões e de Pessoa. Sempre com o mesmo espírito de transportar, o mais longe que puder, este amor que detenho pelos livros, pelos literatos e pela humanidade.
3) Além das tuas outras ocupações, preparar o “Calendário” e incluir nele um poema teu, inédito, por dia: isso é o quê? Persistência? Questão de prática? Disciplina? Prioridade de objetivos?
R - O meu poema é a parte menos importante deste projecto. Inicialmente era para nem existir o espaço que lhe é dedicado, pois não é, em minha opinião, essencial no meu quadro de intenções. É claro que o «Calendário» é concebido com muito sacrifício, sujeitando-me a várias horas de esforço técnico e humano (desde a escolha dos autores, dos livros, dos textos, à busca das biobibliografias, das imagens, da composição e montagem, ininterruptamente) sete dias por semana. Mas o que é que temos sem trabalho? A alegria é maior quando, depois, me escrevem, a confessar que descobriram este ou aquele poeta por meu intermédio, ou que andavam há tantos anos procurando um determinado poema, o qual lhes trouxe de bandeja até casa, ou que desejavam organizar uma biblioteca com o maior número de obras agora identificadas, ou, até, que estão arquivando todo o material nele contido para, oportunamente, o lerem e relerem... Quanto ao meu poema, ele resulta de todas essas razões: persistência, prática, disciplina. A sua prioridade é intervir, com o meu quinhão, na «rotação do planeta», levar até ao leitor uma ideia, um estímulo, uma estrela que o ajude a iluminar a estrada, no percurso da revelação do que lhe vai na alma. Gostava de saber escrever melhor, para que a «página», assim, se fechasse com uma chave de ouro e não com uma de mero alumínio, como deve ser o caso.
4) A leitura efetuada direto da tela do computador, na tua opinião, é algo que consegue prender o leitor com a mesma facilidade que um livro, ou as pessoas quando do uso da Internet ou do computador não querem prender a atenção tal qual precisariam fazê-lo durante outras atividades, mesmo que culturais?
R - Nada substitui o livro. A emoção de o ter nas mãos. O especial e único efeito da palavra impressa. A luminosidade que se desprende página e nos toca o cognoscitivo. O livro é um fogo que se perpetuará no coração e na inteligência dos homens para todo o sempre. Nenhuma sociedade futurista o eliminará; se o tentar, criará, por contraste, um novo ícone, um objecto que, pela sua incrível raridade, poderá provocar convulsões sociais e culturais, para nem dizer políticas, em função do desejo da sua posse. Num mundo abjecto desses pertenceria (esgrimindo com versos - armas de apurado gume - e rimas), ao movimento da resistência. Desconfiemos de uma sociedade que não aprecia e não promove o livro; ela é inimiga da sabedoria. A leitura pela «tela do computador» - que em Portugal baptizámos de «écran» - é apenas subsidiária, parte do uso de um equipamento contemporâneo. E só. Basta experimentar imprimir um texto, nela já lido, para que haja uma sensação renovadora, de descoberta, do encontro com o princípio da felicidade absoluta. Da aproximação ao transcendental. Isto em termos civilizacionais, claro.
5) No decorrer desse ano de 2004 “A Poesia dos Calendários” sofreu diminuição na quantidade de poesias editadas a fim de que os poetas das listas de poesias pudessem acompanhá-lo na íntegra. Eu participo de três listas onde ela é editada e os poetas dizem sentir a sua falta quando eventualmente o “Calendário” atrasa, mas raramente comentam os escritos do mesmo (fato que, dependendo da lista, também ocorre com relação aos escritos de outros poetas). Acreditas que isso ocorra devido a alguma inibição? Isso entristeceu ou surpreendeu o poeta JAG? E agora que se finda o ano, como definirias a resposta dos poetas em relação ao Calendário de 2004? Essa resposta variou nos diferentes países onde o “Calendário” foi distribuído?
R - «A Poesia dos Calendários» é um arremedo literário. Um projecto. Tão dispensável como todos os projectos que pertencem ao universo dos bens que não são de primeira necessidade. Aprendi que um poeta representa-se pela sua obra e, nos «suplementos culturais» que fundei e dirigi, ao longo dos anos, na imprensa escrita madeirense, sempre seleccionei pelo menos três dos trabalhos de cada um, independentemente da grandeza do seu nome, para o revelar no seio dos leitores. Experimentei o mesmo sistema neste meu espaço internético, mas pareceu-me que as pessoas preferem a celeridade do que o tempo bem aproveitado para o usufruir de conhecimentos e, assim, fui revendo as minhas próprias definições, no alicerçar da sua construção. Prefiro que leiam o que ponho na íntegra, do que laborar debalde, em cima de concepções que, depois, são ignoradas pelos seus eventuais destinatários. Sei que isso também entristeceu alguns deles, pois escreviam-me, não a pedir que reduzisse o material, mas que lhe aduzisse ainda mais algum, que o alargasse; há outros que já não conseguem sair de casa sem abrirem a página e consultarem uma secção em particular ou, até, o «devorarem» até à última linha. Mas componho-o para todos, não para alguém em particular. Logo, todas as reacções são-me indispensáveis para a compreensão deste fenómeno. Quanto aos comentários publicitados, ou não, nas listas, é curioso que muito do que ocorre psicologicamente com as pessoas, na sua vida normal, se projecta para a «net». Repare-se que, por maior amor que um casal devote, um ao outro, com o tempo, o «eu amo-te» mútuo deixa de ser pronunciado, porque amar tornou-se um hábito e até lhes pareceria ridículo propagandeá-lo, quotidianamente, na convicção de que o outro «sabe-o», por isso, para quê estar sempre a falar na mesma coisa? Estou a par da alegria que remeto diariamente para muitas casas; mas delas nada espero. O silêncio é uma coisa óptima, se for entendida. Mas também recebi mensagens a solicitar-me que deixasse de o enviar... Auto-excluíam-se da recepção da prenda, mesmo que gratuita. Não lhe deviam reconhecer mérito, ou tinham tarefas, mais importantes, com que se ocupar. O resultado das respostas (que foram muitas!) pode considerar-se como positivo e só agradeço a quem se me dirigiu com palavras de apreço, de estímulo e até de crítica, oferecendo-me sugestões. Os participantes das listas encantam-se - o que é salutar - com os elogios que recebem e eu, sinceramente, até pertenço a esse grupo. Mas também tive ambientes singulares negativos, surpreendentes, os quais, por terem sido ínfimos, poderiam aqui nem merecer referência. Mas se há inibição nalguns deles, noutros sobeja outro comportamento deveras condenável, como a soberba, a ingratidão, a maldade e, quiçá, um sentimento de inveja e de maledicência. Deixei um grupo por causa disso. Por lá estava um mau poeta, sem obra visível, que se julgava superior aos outros e até lhes dava, professoralmente, classificações. Todavia, esse foi um episódio que não ensombrou o sentimento global de muita simpatia e aprofundado respeito que os «Calendários» receberam, na generalidade, na internet. O que agradeço a todos os seus emissários.
6) Penso que para os poetas, o ato de escrever e principalmente o de ler, leva a um constante aperfeiçoamento da poesia, mas já li certa vez que a poesia é para ser sentida, e que colocá-la no papel seria matá-la um pouco. Haveria lógica nessa afirmação? O que pensas a esse respeito?
R - A poesia evola por aí, cantarola e boceja, abrilhanta e apenumbrece nos quatro cantos do mundo. Mas só é literatura, quando escrita. Não acredito que escrevê-la a mate; antes pelo contrário, as palavras servem-lhe de espelho. E quanto mais límpido ele estiver, melhor reflete a beleza ou a fealdade do que estiver à sua frente. Os pensadores que nos trazem reflexões dessas têm o cérebro ofuscado pela imponência do seu narcisismo; deveriam descer a escada da superioridade até ao jardim dos comuns mortais e, com eles, comungarem do pão da sabedoria universal e beberem da água cristalina da poesia infinita, tudo amalgamado num sentimento de humildade. Só lhes fazia bem. Não há poeta, sem a escrita da poesia. Nem há poesia, obviamente, sem poeta. Tudo nasce pela palavra e se realiza na e pela palavra. Logo, a afirmação de que o sentir da poesia é suficiente para que ela exista, não tem lógica nenhuma e constitui um atentado ao cerne da Literatura.
7) “A Poesia dos Calendários” é subdividida em tópicos: Albano Martins, Pitada de Sal, Bloco Poético de Notas, Um Poeta da Madeira, Poema inédito do JAG, e, eventualmente, textos do “Imaginário” e “Poemário” com autores editados por Assírio&Alvim 2004. Isso promoveu a divulgação de diversos autores (incluindo-se os novos) e possibilitou, na Internet, a condensação de literatura de alta qualidade num mesmo espaço. Excluindo-se o teu poema, percebeste se há por parte dos poetas, a preferência por algum desses tópicos, em especial?
R - Ao criar um naipe específico de secções em «A Poesia dos Calendários» preocupou-me, sobretudo, o seu carácter enciclopédico, especilégico. Pretendia entregar à curiosidade dos leitores um manancial de textos e de informações que os despertasse a um contacto mais acertado com os autores e as suas obras. A minha premissa era - é! - conduzir o leitor, numa viagem subtilmente guiada, pelo palácio global da poesia em Língua Portuguesa (única língua utilizada) e pela possibilidade de, através do seu conteúdo, se sugerir títulos e processos de escrita que despertem algo no seu cônscio sócio-cultural. Não foram poucos os que apuraram os seus métodos de produção criativa, depois de se tornarem «habitués» da página, escrevendo-me a, disso, me darem notícia. Trazer Albano Martins para o convívio internético foi um dos meus maiores prazeres. É um poeta de eleição, um autor maior da poesia universal (este ano recebeu o «Prémio Gabriela Mistral») que merecia ser a janela deste projecto. A «Pitada de Sal» objectiva-se como o «toque» que lhe daria paladar (e onde entrariam prosas e poemas com incidência «filosófica»). O «Bloco Poético de Notas» apontava para a projecção de autores consagrados, enquanto «Um Poeta da Madeira», como se depreende pelo título, perspectivava a difusão dos autores meus pares (é uma das secções, surpreendentemente - ou talvez não... - com maior êxito), reunindo-os junto de mim e, assim, não me abandonando à solidão do meu «poema inédito» (que nem sempre o é). As outras secções seguem visões que refuto fundamentais para o historiografar da poesia de todas as épocas. Creio que houve leitores para todas elas. A poesia, portanto, é humana e literariamente cósmica, como se vê.
8) Em relação à poesia:
a) ela habita todos os lugares e coisas, a questão é percebê-la.
b) se quiseres me conhecer, lê a minha poesia.
O que comentarias sobre essas afirmações?
R - Sim, a poesia «habita todos os lugares e coisas», mas não é fundamental percebê-la. É um acidente. E os acidentes não se explicam. Ela acontece. Envolta em mistério, passeia por aí. A escrita é a máquina fotográfica que lhe apanha um flagrante, um momento. Mas em qualquer outra parte da Terra estão milhares de poetas-«fotógrafos» a repetirem, em simultâneo, a operação. A melhor dela é a que nos obriga a entrar no poema (nem todos eles são poesia; prefiro a denominação de textos), a pensar nele até ao fim da vida. A pior, a supérflua, é a que esquecemos segundos depois de a termos lido. Nenhum poeta se conhece o suficiente para se revelar nos versos que escreve. Se o fizer, o «retrato» vai sair tremido e poderá ser mal interpretado. Se algo de mim se oculta na minha poética, isso é mais por consequência das muitas pegadas que definiram o meu percurso literário e menos por uma intencionalidade autobiográfica. Até porque é saudável amarmos a Obra de um Autor, pelo que ele escreveu e não pelo que foi a sua existência. Pela sua biografia. Uma pessoa miserável pode escrever um livro extraordinariamente maravilhoso; mas uma pessoa boa a escrever um livro miserável é uma circunstância que me faz sofrer. Muitos leitores já foram atingidos por desilusões incicatrizantes, pois criam o poeta à altura do Homem e da Obra, quando muitas vezes nada disso é conciliável. O óptimo seria que todos os grandes escritores fossem grandes homens, ilustres personalidades, cheias de qualidades e de excelentes sentimentos. Às vezes isso acontece. Mas tão raramente que, só de pensar nisso, já é um acontecimento literário.
9) Poesia na Internet: há discussões e mais discussões a respeito. Formatação e conteúdo. Qualidade. Acessibilidade pelo público. Direitos autorais. Plágio. O que dizes disso depois de alguns anos nesse meio?
R - Todas as discussões são legítimas. Mas como acontece em relação ao livro, a maior parte delas são subjectivas e de nulo efeito. A formatação embeleza o texto e contribui para apresentá-lo de modo mais atractivo, como um produto que se quer vender nos centros comerciais (há quem não goste!). O conteúdo não melhora com a formatação. Um mau texto, mesmo que embrulhado em platina e diamantes, continua a ser um texto mau. Neste aspecto, o mesmo se diz sobre a qualidade. Há uma imensidade de teses a pesquisar o que é a qualidade em Literatura e ainda não encontrei nenhuma que tenha o efeito do ovo de Colombo. Mas quando temos um escrito perante os olhos, sabemos (com academismo ou não) se ele vale alguma coisa. Há um encantamento, uma beliscadura de originalidade, um toque de Midas, uma bênção de Delfos, naquilo que adjectivamos como um texto de qualidade. Depois, há um treino de leitor que nos faz tocar uma campainha, no cérebro, no nosso espírito crítico, a alertar-nos para uma série de factores, a indicar-nos, com uma certa precisão, qual o sentido do nosso bom gosto, da nossa exigência estética, de um dever intelectual que sublinha a escolha. Ora, um texto não tem que ser, obrigatoriamente, acessível a todos. Mas quando o é, preenchendo todos os quesitos (vejamos o exemplo de «O Principezinho», de Saint-Exupery) da simplicidade e do divino, o milagre acontece. Mas não devemos condicionar a nossa escrita a critérios de terceiros, pois o resultado final nem sempre é recomendável. Sou pela defesa dos direitos autorais e contra o plágio. O escritor é o criador da Obra, logo deve ver respeitados os proventos (de todo o género) dela consequentes. O plágio é um «monstro-de-sete-cabeças» que invadiu historicamente a literatura e não é, ao contrário do que se julga, uma prática exclusivamente moderna. Pegar num original de um autor e republicá-lo com outro nome, é um roubo. Refundi-lo, alterá-lo e divulgá-lo, mudada a identificação do autor, é plágio, para além de um inadmissível abuso. Mas estas matérias estão sujeitas a diferentes interpretações, em cada país, sendo urgente a sua uniformização. Pegar num texto que nos inspira à produção de um outro, conceptualmente independente do primeiro, guardadas as referências que têm as suas raízes na «glosa» é, por outro lado, consequência do próprio movimento cultural que se distribui pelos recantos da inteligência humana. Inspiração, sim; cópia não.
10) Particularmente eu tenho mais curiosidade em conhecer pessoalmente a tua biblioteca do que a ti... (risos) … o que poderias dizer sobre a tua Biblioteca particular?
R - Costumo dizer que a minha biblioteca é a minha floresta particular. Está cheia de árvores frondosas que guardam histórias, como protegem ninhos de pássaros de invulgar plumagem. Sem ela eu morreria, agonizando de ignorância. Os meus livros contam-se pelas mãos... de um exército, porque fui-os coleccionando desde muito jovem, apesar de não ser propriamente um bibliófilo. Não sou um arquivador de obras literárias. Sou um leitor que as ama e lhes devota uma paixão (cheia de amor e de sofrimento) incomensurável. Lá está um pouco de tudo, desde Allan Poe, Kafka, Byron, Dyllan, Whitman, Shakespeare, Mallarmé, Artaud, Blake, Borges, Vinícius, Drummond, Lorca, até Camões, Sá de Miranda, Garrett, Pessanha, Pessoa, Sá-Carneiro, Almada, Sena, Cabral do Nascimento, Edmundo de Bettencourt, Ramos Rosa, João Rui de Sousa, Herberto Helder, José Agostinho Baptista, Ernesto Rodrigues e Albano Martins, numa lista extensa que, se fosse a enumerá-la aqui, o espaço da entrevista ficaria curto. Na minha bilbioteca respiro; sobre ela revivo. Sem ela, morro.
11) A Poesia dos Calendários continua em 2005?
R - Veremos... Às vezes ama-se mais o que não se tem, do que aquilo que nos é dado.
12) Quais são os teus outros projetos literários para 2005?
R - Sairão livros em Itália e em Portugal. Esses estão já programados. Uma selecta bilingue dos meus poemas, patrocinada pelo Instituto Nacional de Cultura Italiana em Lisboa, com traduções de Carlos Martins e Silvana Urzini e prefácio de João Rui de Sousa (Grande Prémio Nacional de Poesia/APE/2003) e um volume de inéditos do «Calendário» para a editora «Colibri» (Lisboa), numa colecção dirigida pelo catedrático, escritor e poeta João David Pinto Correia. A organização da colectânea «Ilha 5» na Madeira e a edição de mais um ou dois livros meus, na colecção «Pilar de Banger» que fundei com «As Sombras no Arvoredo» (Funchal, 2004) e que actualmente dirijo. Por outro lado vou iniciar a publicação da «Biblioteca Essencial da Literatura Madeirense», num espólio que irá integrar cem títulos de autores de todas as épocas, desde o século XV até à actualidade. Irei continuar a dar voz crítica aos livros num programa aos microfones do Centro Regional da Radiodifusão Portuguesa e tenciono preparar um momento diário, antes dos noticiários, do género «Um Poema por Dia». O regresso à fundação e direcção de um «Suplemento Literário» na imprensa local não está, também, a ser descurada. Ando a pensar nisso. Muita coisa ficou ainda de fora, na resposta. Está guardada nos cofres do Olimpo. Falar nas coisas antes delas estarem concretizadas, às vezes trama-nos...
13) Ao pé do ouvido: JAG, disseste em mais de um poema sobre o fato das palavras irem ao teu encontro, e eu acredito, e deixo um recado: quando elas fizerem muita algazarra por aí, mande-as bater aqui na porta da minha casa, eu não vou ficar nada zangada...
R - Está combinado. Sei que farás com elas uso apropriado, com a tua bela poesia ou deliciosa prosa. O Brasil precisa da tua capacidade voluntariosa e génio literários. Com o tempo, terás outras coisas a bater à tua porta. Como o êxito literário, por exemplo. Acompanhado de reconhecimento público.
14) Obrigada JAG, em meu nome e em nome de outros poetas da “rede”, pela “A Poesia dos Calendários”.
R - Eu é que agradeço. Sou o viandante sedento. Obrigado por me entregares um pouco do espaço do teu oásis. Nele, saciarei a minha sede. E deitar-me-ei ao sol, sobre a areia, pensando no mar.
em 28 de Dezembro 2004.
© 2004 Cissa de Oliveira e José António Gonçalves
(fotografias cedidas por Cissa de Oliveira)