O SISTEMA É CORRUPTÍVEL [autoentrevista]
 
— Você é contra o sistema?
— Sim. Do jeito que é, não me enquadro. Não consigo! Contesto sempre que o sistema, na pessoa de uma autoridade, me queira impor algo, que, embora os do mesmo círculo onde me encontre, constatem em erro, e, diferentemente de mim, calem-se. Aceitam porque é feio e perigoso contestar. Vivem com aquele peso no estômago, não digerido na mente, sem perceberem que aquele peso está gerando doenças no inconsciente, somatizadas depois no corpo. Não me permito isso!
Por outro lado, contestar como, se essas pessoas vivem em erro, conscientes, e suas consciências sabendo disso, as proíbem de quaisquer negativas àquelas errôneas imposições? Seus egos repudiam quem ousa, por não ter o que temer, se posicionar contra tais “erros de percurso”. Encontram forma de desacreditar aquele que, certo de seu direito, resolve expor a falácia. Vence o correto. Contudo, tende a ficar cada vez mais sozinho.
Mesmo os que o admiram, pois o sabe de confiança, afastam-se; por se saberem presas de suas próprias fraquezas, e não poderem viver afastados dos demais, ainda que os saibam hipócritas e, em certa medida, facínoras.
— Então, você se considera infalível?
— Não! Cometo erros para comigo mesma, e também para com outros. Estou na terra! Não delibero erro com galhardia. Nunca adoto o desiderato de me vangloriar da imprudência, ou fraqueza do outro, como esses que o tentam comigo. Digo isso, pois quando exponho, em detalhe e sem desvio, a situação incongruente a mim imposta , é de tal forma a retratação que os que acreditam em tal imposição como irreversível, pasmam.
Não há nessa postura nenhum ato mágico. Apenas faço enxergar, que diferentemente dos que rodeiam aquela pessoa, que se reveste de autoridade, tenho convicção dos meus direitos; e a despeito de qualquer retaliação autoritária, estou pronta a ir até as últimas consequências para tomar posse daquelas prerrogativas.
Isso faz de mim , ao mesmo tempo admirável de viés; e repudiada, rotulada de todos os nomes, que lembrem a incompatibilidade ao grupo, ostensivamente.
Assim, risonhos e unidos, sabem-se bem vistos (eis a falível [e útil temporariamente] vaidade) aos olhos da autoridade contestada, em seu autoritarismo.
Melhor a própria companhia, e dos raros que se chegam, a ladear-se dos que inevitavelmente provocarão intriga com mesquinha vindita, por antagonismo; mesmo que no fim das contas, invariavelmente, percam. E isso me lembra o que disse o Homem: — “Não tema quem mata o corpo e não pode matar a alma”.
Lere
Enviado por Lere em 12/06/2014
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