GERAÇÃO "MINOJO"

Dr. Márcio - Considero-me uma boa quituteira, tenho prazer em fazer novas receitas, faço doces como poucas. Tudo isto me causa enorme satisfação. Não sou uma mãe que reprime os filhos e gosto que convivam socialmente. Mas para minha tristeza, vejo-os adquirindo hábitos alimentares semelhantes aos seus coleguinhas, cujas mães são acomodadas e até incentivam seus filhos a usarem estes macarrões prontos, que não têm nenhum sabor. Sou de opinião de que esta acomodação nos faz ficar cada vez mais preguiçosos e burros. Assim, como é possível exigirmos um mundo melhor, se nós mesmos estamos morrendo, sem crescer? - Alice.

Gosto de ver, Alice, que as pessoas estão entendendo onde queremos chegar. Não adianta exigirmos de volta a nossa cidadania, se não a sabemos usar. Ser cidadão significa estarmos conscientes de nosso papel social, exercendo nossos deveres e direitos.

Este fato levantado por você, não está ocorrendo só aqui no Brasil. A filha de uma amiga muito querida, esteve nos Estados Unidos em um intercâmbio e precisou mudar de casa/família hospedeira, pois lá só se comia (e mal) no almoço e jantar e mesmo assim, à base de empacotados macarrões e sopas. Nos fins de semana, comiam camarões "entisicados", que segundo ela, nem cor tinham. Acabou entrando em fraqueza e precisou tratar-se.

O tempo das facilidades está instalado e os fabricantes de alimentos chegam a adicionar vitaminas em subdoses, para justificar a preguiça dos pais, que justificam dizendo: "Tem até vitaminas!".

As pessoas estão desiludidas com este modelo de vida, deprimem-se com facilidade e vão empurrando a vida como dá. Seus filhos estão desnutridos, desestimulados e vão crescer preguiçosos como os pais. E pior, desnutridos. A Organização Mundial da Saúde está nos alertando para a desnutrição crescente nas crianças das classes A e B, quase tão séria, que a das classes menos favorecidas, tal a quantidade de porcarias e "enche-pandulhos" que comem. Alerta também, para a quantidade de verminoses que apresentam.

Conversando com um excelente gastrenterologista amigo meu, ele me confidenciou que tem como norma, fazer um inventário alimentar de seus pacientes com gastrites e colites, pois descobriu que, 70% desses pacientes só precisam de correção alimentar. Some-se a isto um elevado grau de angústia que se abate sobre a população e temos aí a explicação para esse desânimo crônico que se percebe.

O que me dá tristeza, Alice, é que sabemos disto, falamos sobre isto sempre e as pessoas nos encontram na rua e dizem: "Gosto muito de ler sua coluna. Tem muita gente que precisa ouvir estas verdades". Dizem isto, como se fosse bom para os outros, e os seus filhos, meus conhecidos em sua maioria, estão iguais aos filhos dos outros.

Só para lhe dar uma referência de raciocínio, passe a observar como cresceu a quantidade de empacotados para pronto uso, nos supermercados. Até os cães e gatos comem sob cardápio. Isto me faz lembrar de um filme futurista, onde a população elevada, só comia uma pasta com nutrientes necessários, sem sabor. Já pensou no estrago que faria sobre o povo? Provavelmente traria mutações genéticas em alguns anos, para adaptar a população a este consumo. Está assustada? Pois já está acontecendo. Nós temos dentes fracos, hérnias de hiato, distúrbios gastrointestinais, falta de nutrientes, fraqueza geral e depressão, decorrentes desta má nutrição. Mostre isto a seus filhos e se negue a comprar estes adoçam bobos, para eles. Esta é a maneira certa.