SÓ COMPREENDEREMOS A VIDA, SE FORMOS CAPAZES DE VIVER E AMAR.
Dr. Márcio - Como Professora Secundária, gostaria que o Senhor me desse uma fala, para que eu trabalhasse meus alunos e instruísse minhas colegas, sobre formas de tentarmos acabar com este preconceito dos alunos de buscar ajuda aos problemas e até à Psiquiatria – Ana
Ana - Fico muito envaidecido ao receber sua questão, pois escrevo cumprindo uma crença de que adquiri na Faculdade, onde ingressei já com o pensamento de servir à sociedade, daí buscar a Psiquiatria e solucionar bastante dúvidas que me surgem, para que eu possa completar minha tarefa, principalmente a de despertar percepção, para que as pessoas tentem se encontrar, sem precisar de usar subterfúgios, como ser rico, de qualquer jeito.
Por quinze anos de formado, já com alguns direitos adquiridos em cursos pós-graduados, como a Psicoterapia Tradicional, mas não me sentia feliz em dirigir o pensamento dos meus clientes, para se acharem, conforme induziam as Escolas Psicanalíticas. Insatisfeito com esta prática fiz um Curso de Terapia Breve, onde o caminho me levava simplesmente a inquirir, para que as pessoas se vissem sem classificações estabelecidas, ou melhor dizendo, não se sentissem enquadradas em um “padrão social otimizado”. Esta técnica abriu caminho para que eu viesse aprender e a fazer uma Psicoterapia Cognitivo-Comportamental, que como já falei em outros artigos, levava as pessoas a perceberem como eram e a buscarem, elas próprias, o seu melhor padrão de vida, sem direcionamento de um terapeuta. Mas mesmo assim, percebi que elas demoravam a se ver, contando com a idéia de que eu as orientaria para sua reta, vindo semanalmente às sessões.
Uma das coisas boas que aprendi na Faculdade, em particular com um Antropólogo, foi que as pessoas jamais deveriam se sentir completas e ter a alegria ao sentirem que nada sabiam, diante da quantidade de conhecimentos, que estamos sempre necessitando adquirir.
Assim, deixando uma pergunta por um tempo em aberto, acabei crendo que a melhor maneira lógica era deixar um espaço livre, para que os clientes pensassem, experimentassem agir como sua consciência orientava e ter um tempo maior que uma semana, para se verem independentes.
Assim, comecei a fazer uma “Abordagem Cognitivo-Comportamental” em cada consulta, que poderia ser de um mês a dois, ou quando o Cliente precisasse para mostrar suas respostas, fazendo até algum retorno, antes das datas marcadas.
Isto me trouxe muita alegria, pois percebi que eles estavam sentindo-se mais livres para encontrar soluções e comemoramos com intensa alegria, mesmo que não falássemos a mesma língua, ou eu sentisse que imitavam os meus hábitos, mas estavam felizes com a descoberta, que eram apoiados para prosseguirem. Senti que os abraços e agradecimentos que eu recebia eram sinceros, ainda que soubessem ser possível mudar o modo de agir, sempre em busca do melhor padrão.
Tenho certeza de que não precisamos seguir um comportamento padrão, “esperado”, para sermos felizes. Precisamos nos entender, conhecermos nossa grandeza e fraqueza, nossos medos, nossa luta, se quisermos perceber que nossa vida precisa ser revista, nosso autoconhecimento ser identificado, para não judiarmos de nós mesmos. A felicidade é essencial, desde que tenhamos consciência de como e porque agimos de tal forma e como podemos fazer para sempre aperfeiçoá-la.
Se eu buscasse forçar as pessoas a não terem vícios, por exemplo, estaria fingindo ser uma autoridade castradora e não alguém que faz compreenderem porque precisaram de tal fuga.
Nas Escolas, os alunos, poderiam ser levados a perceber que o estudo não visa classificar ninguém em erudito, bem formado, mas deveria ser ensinado de que se trata de uma ferramenta, que pode, se for entendido ser capaz de nos tornar melhores compreendedores de nossas dúvidas, erros e acertos.
Quantas vezes fui professor de sexologia para mostrar aos alunos, que não era preciso usar porcarias, para sabermos amar e sermos amados. O termo “Sexo Feliz” que dei a estas palestras tinha um começo de raciocínio:
“Só saberemos viver se nos amarmos e conseguirmos, após este amor, encontrarmos o prazer que também transmitimos!”. Simples, mas cheio de barreiras morais, que podem tornar o tema em um tabu.
Embutido nesta palestra estava um pensamento que alguns percebiam: “Drogas para quê?” A resposta compreendida era: “Para prejudicar o amor!”
Percebe como podemos nos fazer entender, sem criarmos clones?
Meu abraço de gratidão por me dar esta chance, Ana!