Crescimento do futebol americano em Alagoas
Diretor e coordenador do Maceió Marechais dizem que esporte tem despertado interesse de muita gente.
Fillipe Lima | Texto
Fundado em 2011 a partir da fusão dos times Maceió Crabs, Maceió Vikings e Maceió Black Rats, o Maceió Marechais é o único time oficial de futebol americano em Alagoas. Com apenas três anos já coleciona bons resultados. Em entrevista ao InFoca, Deivid Carneiro (coordenador defensivo) e Renato Lobo (diretor) falam das dificuldades de patrocínio e do preconceito que o esporte ainda sofre; mas projetam um futuro promissor.
Foi difícil formar o time, já que o esporte é pouco praticado?
Deivid Carneiro – Sim. Nós não tínhamos patrocínio e nem divulgação. Havia poucos praticantes que formavam times no bairro onde moravam, mas perceberam que não tinham condições de continuar dessa forma e resolveram fazer uma só equipe. Treinamos e fomos evoluindo, ficamos conhecidos nacionalmente, nos firmamos e hoje somos um time de competição. Essa é a situação atual e a tendência é melhorar ainda mais.
O esporte ainda sofre preconceito por parecer violento?
Deivid Carneiro – Toda hora. Quando falamos que jogamos futebol americano as pessoas dão risadas e já imaginam todo mundo lutando em campo. Em parte, a culpa é do cinema porque só mostra o lado violento do esporte. Mas, se procurar bons livros, bons filmes de futebol americano, é possível ver que é uma prática totalmente diferente.
Com os últimos resultados do time no campeonato brasileiro, a situação melhorou?
Deivid Carneiro – A visão é outra. Em 2012 fomos campeões de divisão nacional e nos tornamos uma espécie de namoradinha do Brasil, todo mundo queria torcer para nós. O time nasceu do nada e virou um supertime. No primeiro try out veio uma quantidade razoável de pessoas. Já no segundo, não acreditamos, pois vieram quase 100 pessoas. O esporte está crescendo, não só com o Maceió Marechais.
De que maneira o time trabalha como propagador do esporte em Alagoas?
Renato Lobo – Nós entramos em contato com várias cidades como São Miguel dos Campos e Barra de São Miguel. Tentamos fazer com que criem os seus próprios times para organizar um campeonato alagoano. É muito difícil criar um time do nada, mas há perspectiva de que em dois ou três anos nós consigamos outros times para fortalecer o futebol americano no estado.
Já se tem ideia de quanto o esporte cresceu?
Renato Lobo – Sim. Quando ando pela rua já me reconhecem como jogador de futebol americano. Dizem que já me viram na televisão dando entrevistas. Vez ou outra me ligam perguntando como é que faz para participar do time.
A imprensa local está dando o devido espaço ao esporte?
Renato Lobo: A cobertura ainda é tímida porque o esporte não é muito conhecido. Se conseguirmos mostrar que temos um potencial, vão nos acompanhar. Existem alguns canais que têm uma barreira, não querem colaborar tanto. Mas, no geral, a mídia nos ajuda.
A popularização da TV paga e a transmissão da NFL (ESPN e Esporte Interativo) e do Torneio Touchdown (Band Sports) ajuda a divulgar o esporte com mais rapidez?
Renato Lobo: A televisão difunde o esporte mais rápido. No início era boca a boca. Muitos dizem que assistem aos jogos há três anos e não sabiam da existência do time, agora perguntam quando podem ver nosso jogo pessoalmente.
Existe prática do esporte em Alagoas sem que esteja ligada diretamente ao Maceió Marechais?
Renato Lobo: Com o intuito de campeonato não. Existem pessoas que se juntam para brincar, como um grupo no Aldebaran. Nós demos uma consultoria a eles. Também existe um grupo que joga na praia sem profissionalismo, apenas como diversão.
Hoje vocês já conseguem ganhar dinheiro jogando ou apenas gastam?
Renato Lobo: O mercado para ganhar dinheiro existe. Porém, não temos recursos para atingir esse objetivo. Temos que ter um investimento inicial para gerar renda. Existe um público disposto a gastar, só nos faltam condições de atingir esse público. Temos planos de atingir essa meta até o ano que vem.
O time tem algum apoio do governo estadual ou da prefeitura?
Renato Lobo: Em Maceió não. Em 2012 tivemos em São Miguel dos Campos, onde costumávamos jogar devido ao apoio da prefeitura. No ano passado não tivemos ajuda nenhuma. Agora já estamos começando a entrar em contato com o município de Barra de São Miguel, que está apoiando os esportes que não são tão populares.
E a iniciativa privada?
Renato Lobo: Temos um patrocinador fixo, a Imóbili, que colabora mensalmente com uma quantidade significativa em troca da mídia que fazemos. Nós também estamos tentando outros patrocínios. Conseguimos alguns apoios, como a Academia HC, onde cada atleta filiado ao time tem 50% de desconto nas mensalidades; temos a VivaCor Tintas, que nos fornece a pintura do campo; a ACA, que nos cede o campo em que treinamos.
Qual a perspectiva para o futuro do esporte em Alagoas?
Renato Lobo: Apenas crescimento. Já estou no esporte há cinco anos e sempre aparecem pessoas com mais vontade de vencer, esse é o intuito. Se conseguirmos manter esse ritmo em 2015 se ouvirá falar sobre o futebol americano mais do que se imagina.
Qual o seu recado para o internauta do InFoca sobre a prática do futebol americano?
Renato Lobo: Experimente! Não tire conclusões do esporte que não conhece. Venha a nossa casa, as portas estarão abertas e nos conheça. Tire suas próprias conclusões!