CONVERSA COM O PAI
- Pai, desculpa vir mais uma vez à Sua presença com os meus lábios com dúvidas, apesar de no meu coração não existir. É porque, quando pessoas significativas colocam suas dúvidas sobre mim, parece que minhas respostas não têm força, pois aparentemente elas reforçam a minha vontade, meus desejos, e não os Seus, meu Pai.
- Não se preocupe, filho, eu sondo teu coração e sei que não queres se aproveitar de nenhuma circunstância. Que queres saber?
- É a dúvida, Pai, que sempre chega ao coração de minhas companheiras: será que este Reino que estamos querendo e tentando construir de acordo com a Sua vontade, é preciso que tenha tantas mulheres dentro dele, que possam se relacionar até a intimidade sexual?
- Filho, relembras a tua história. Não construísses uma família tradicional com esposa e filhos? E por que não continuastes com ela até hoje e até o fim da tua vida? Foi porque percebestes as minhas leis, a lei da Natureza e a lei do Amor Incondicional. Depois que descobristes isso, tu procurastes aplicar com toda a honestidade, e foi por isso que Eu o elegi como um dos meus filhos amados, por querer fazer a minha vontade e não a tua.
- Sim, Pai, mas a questão das mulheres...?
- Vamos com calma. Quando tu estavas casado e obedecendo com honestidade o padrão cultural que hoje suas companheiras querem respeitar, o que aconteceu? Você sentiu a força da lei da Natureza. O seu corpo passou a sentir desejos correspondidos por outra pessoa, não foi? Você passou a refletir no que lhe impedia de expressar e se envolver numa relação afetiva e sexual com essa pessoa, se essa ação era positiva para ambos e servia para reforço dos laços de fraternidade alem da família nuclear. Você percebeu que o que impedia isso eram as leis da cultura humana onde você está inserido e não a minha lei. Pelo contrário, você ao aplicar a lei do Amor Incondicional a essa questão, logo viu que o Amor Incondicional não o proibia, pelo contrário o incentivava, pois mostrava que nenhuma outra lei subalterna deveria ter força para bloquear a expressão do Amor Incondicional, mesmo que esse tivesse se expressando na ocasião pelo amor romântico e relação sexual. Você chegou a conclusão de que a lei do casamento estava bloqueando a lei do Amor Incondicional, pois você passaria ser condenado como adúltero nessa condição. Você decidiu, corajosamente e com acerto, que deveria anular o casamento de sua vida. Mostrou isso a sua esposa e a partir daí você passou a incluir todos os afetos que a vida lhe oferecia na sua vida, desde que obedecesse aos princípios do Amor Incondicional, cuja bússola prática para esse comportamento o teu irmão Jesus já ensinou: amar a mim sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo. Então, filho, a questão de ter muitas mulheres nesse tipo de relacionamento aberto e amplificado que estás fazendo é uma condição necessária.
- Mas para todos parece que eu quero me aproveitar da situação, que eu quero formar um harém e satisfazer os meus desejos sexuais.
- Meu filho! Eu sondo o teu coração! É verdade que tu pensas assim? Pois eu não vejo isso em teu coração, pelo contrário. Eu vejo dentro dele a capacidade potencial de acolher qualquer homem que qualquer uma de suas companheiras desenvolver afeto por ele, como já aconteceu... Como está acontecendo! Vejo que a família ampliada que está em teu coração não é simplesmente a família de um homem para várias mulheres. É sim, uma família de vários homens e de várias mulheres que se relacionam com base no Amor Incondicional como lei prioritária, e que o amor romântico que seja desenvolvido em algum momento por algumas pessoas, sirvam apenas de incremento para o Amor e evitar a exclusão de quem quer que seja por causa de ciúme.
- Sim, Pai, é isso mesmo que falas e que está no meu coração. Mas eu sei que minhas companheiras não entendem assim, sofrem e muitas vezes crio um isolamento ao meu redor para evitar que o sofrimento delas contamine momentos raros que possamos estar juntos, com uma ou outra isoladamente, já que as duas não conseguem ficar juntas. Eu não queria ser motivo de sofrimento, mas termino numa encruzilhada onde qualquer que seja o caminho tem o sofrimento, se falo ou se me calo... como resolver?
- Não depende de tu, filho, estás fazendo o correto. Tu mostras com honestidade e transparência como é o modelo de vida que imaginas, da família ampliada que queres formar baseada na minha vontade e que o caminho para isso ser alcançado é obedecer ao Amor Incondicional de forma prioritária. Você também explica as suas companheiras que a fonte desse sofrimento que elas demonstram é a prevalência nelas do amor romântico, condicional à exclusividade de alguém, e que não deixam elas expressarem o Amor Incondicional com todos seus atributos: paciência, tolerância, abnegação, justiça, solidariedade, fraternidade... O sofrimento delas não é tu a causa. A causa está nelas mesmas, não conseguem se desvencilhar do exclusivismo do amor romântico, limpar o coração dos entulhos do egoísmo. O problema é delas! Elas sabem de todo o problema, sabem da solução. A solução começa pela aplicação do Amor Incondicional na vida delas, pois na tua vida já é aplicado. Eu também sondo o coração delas e sei que é diferente do teu. Enquanto no teu está o preparo para receber a todos que chegam com afeto e inclusividade, com justiça e fraternidade, no delas ainda esperam uma relação exclusiva onde somente elas tenham a prioridade dos afetos, do Amor e da intimidade. É um choque de paradigmas! No fundo o que elas querem é um grande paradoxo e que se realizado seria um retrocesso para você e um “tiro no pé” para elas. Pois se você reconhecesse que elas estavam com a razão e que somente uma mulher deve constar na vida de cada homem e vice-versa, então você reconheceria o seu erro com a primeira mulher, pediria perdão a ela e voltaria ao seu primeiro ninho. Eu perderia um filho capacitado em fazer a minha vontade em área tão difícil e elas perderiam um companheiro que lhes dá o Amor mais puro que pode ser encontrado, pois é a minha essência.
- Sim, Pai, tens razão como sempre. Obrigado por me ouvir e me orientar. Darei uma nova justificativa as minhas lágrimas devido a esse sofrimento. Não mais serão por causa de uma consciência culpada por tanto Amar, mas sim de compaixão para quem ainda não consegue Amar.