Gracinda Rosa nasceu em Engenheiro Passos, no município de Resende (RJ) em 1933. Reside em Niterói desde 1945. Formou-se professora na Instituto de Educação de Niterói. Fez o Curso de Pedagogia na antiga Faculdade Fluminense de Filosofia. Na UFF, completou o Curso de Jornalismo e o Mestrado em Educação. Foi professora primária e de ensino médio. Atualmente está aposentada. Tornando-se escritora, publicou "Pequenos Amores" (contos) em 2005. O romance "Cabine Individual" foi publicado em 2007. Em 2012 lançou "Olhando para trás" / memórias. "Fui Professora" - Memórias/2 é de 2013. Pertence à Academia Niteroiense de Letras, à Associação Niteroiense de Escritores (ANE), aos Escritores ao Ar Livro e ao Clube de Leitura Icaraí.
1) Que fatores influenciaram na decisão de tornar-se escritora?
R: Desde cedo dediquei-me à escrita, mas ela tinha um cunho meramente pessoal. Escrevia meus trabalhos escolares, cartas e os registros de minha vida. Só aos 60 anos criei coragem para produzir meus primeiros livros: um pequeno romance e um conjunto de contos. Mas ainda estavam no campo da escrita pessoal. Escrevia pelo simples prazer de escrever. Estava longe de me sentir uma escritora. No momento em que, por insistência de meu filho, publiquei "Pequenos Amores", passei a ser considerada uma escritora e não tardei a assumir esse papel, pois já publiquei mais três livros e continuo escrevendo outros, que já estão pensados e só esperam a hora de ser concluídos.
2) Quais temáticas lhe proporcionam mais prazer na escrita?
R: Sinto mais prazer escrevendo sobre fatos reais. Nada tenho contra a ficção, mas a vida à minha volta costuma me dar inspiração para o que escrevo.
3) Que método utiliza para elaborar um livro de memórias?
R: Quando pego o papel para escrever qualquer livro ou texto, já trago na cabeça a ideia completa do que quero escrever. Minhas memórias são muito intensas e numerosas. Então, ao escrever um livro, tenho que estabelecer um limite, um período a ser evocado. Traço, então, um roteiro dos temas que caberão naquele livro e me ponho a escrever.
4) Pode nos falar sobre o seu já famoso "caderno de registros"?
R: Comecei meus cadernos de registros em 1950, quando tinha 17 anos e cursava a Escola Normal. Surgiram da necessidade, ou do desejo, de preservar meus "recuerdos": bilhetinhos, ingressos, passagens, rótulos ou outros papelinhosque tinham algum significado especial para mim. Colava-os no caderno e a seu lado relatava o momento que a eles se referia e os sentimentos que me inspiravam. Nesses 63 anos, já preenchi muitos cadernos. Estou no nº 96. Algumas vezes recorro às suas páginas em busca de uma informação para mim, para meus familiares ou amigos.
5) Tem alguma proposta cultural diferenciada para nossa cidade?
R: Não tenho capacidade para tanto. Tenho apenas a esperança de que as instituições culturais existentes e os movimentos literários possam crescer e abranger um número cada vez maior de pessoas.
6) Atuando profissionalmente em diversas áreas, onde se sentiu, de fato, realizada?
R: Fui professora dedicada, virei escritora que ama essa atividade de colocar ideias no papel, mas, em nome da verdade, tenho que confessar que onde me realizo com maior prazer é no meu papel de dona de casa. Gosto de todos os afazeres domésticos. Sempre costurei, bordei, fiz crochê com grande alegria. É bom ser útil. É bom fazer uma comida gostosa. É bom lavar e passar um monte de roupas e depois guardar cada coisa no seu lugar. Estou sendo sincera.
7) Considera o romance superior aos demais gêneros literários?
R: Não. Gosto muito de romances. Gosto de ler quase tudo. Mas creio que a poesia é a parte mais nobre da literatura. Mas sou uma incompetente poética. Pessoalmente, prefiro as memórias, biografias, diários, cartas, tudo capaz de revelar as pessoas.
8) O que diria àqueles que ora iniciam na escrita?
R: Posso aconselhar que acreditem no que estão fazendo e não poupem esforços em busca do aperfeiçoamento, porque o leitor merece o seu respeito e o seu empenho no trabalho literário que lhe vai ser oferecido.
9) Até hoje, qual foi o seu momento mais poético?
R: Pode haver momento mais poético do que pegar um filho recém-nascido no colo?
10) Deixe-nos um trecho do seu romance "Fui Professora".
R: "Fui Professora" é meu segundo livro de memórias. Dele, posso citar:
"Não escolhi essa profissão mas, deixando a vida me levar, fui professora por muitos e muitos anos. Sendo idealista, abracei o meu trabalho com muita convicção e procurei realizar cada tarefa com grande dedicação. Ter meus alunos, dar aulas, procurar sempre os meios de aperfeiçoar a minha atuação didática, tudo fazia parte da minha vida. Era como se não houvesse limite entre a Gracinda pessoa e a Gracinda professora. Olhando para trás e fazendo uma avaliação desse trabalho realizado, sinto a alegria de saber que não plantei em vão, que deixei muitas sementes de saber e de sentir que frutificaram em um bom número de cérebros e corações." (pág. 149)
1) Que fatores influenciaram na decisão de tornar-se escritora?
R: Desde cedo dediquei-me à escrita, mas ela tinha um cunho meramente pessoal. Escrevia meus trabalhos escolares, cartas e os registros de minha vida. Só aos 60 anos criei coragem para produzir meus primeiros livros: um pequeno romance e um conjunto de contos. Mas ainda estavam no campo da escrita pessoal. Escrevia pelo simples prazer de escrever. Estava longe de me sentir uma escritora. No momento em que, por insistência de meu filho, publiquei "Pequenos Amores", passei a ser considerada uma escritora e não tardei a assumir esse papel, pois já publiquei mais três livros e continuo escrevendo outros, que já estão pensados e só esperam a hora de ser concluídos.
2) Quais temáticas lhe proporcionam mais prazer na escrita?
R: Sinto mais prazer escrevendo sobre fatos reais. Nada tenho contra a ficção, mas a vida à minha volta costuma me dar inspiração para o que escrevo.
3) Que método utiliza para elaborar um livro de memórias?
R: Quando pego o papel para escrever qualquer livro ou texto, já trago na cabeça a ideia completa do que quero escrever. Minhas memórias são muito intensas e numerosas. Então, ao escrever um livro, tenho que estabelecer um limite, um período a ser evocado. Traço, então, um roteiro dos temas que caberão naquele livro e me ponho a escrever.
4) Pode nos falar sobre o seu já famoso "caderno de registros"?
R: Comecei meus cadernos de registros em 1950, quando tinha 17 anos e cursava a Escola Normal. Surgiram da necessidade, ou do desejo, de preservar meus "recuerdos": bilhetinhos, ingressos, passagens, rótulos ou outros papelinhosque tinham algum significado especial para mim. Colava-os no caderno e a seu lado relatava o momento que a eles se referia e os sentimentos que me inspiravam. Nesses 63 anos, já preenchi muitos cadernos. Estou no nº 96. Algumas vezes recorro às suas páginas em busca de uma informação para mim, para meus familiares ou amigos.
5) Tem alguma proposta cultural diferenciada para nossa cidade?
R: Não tenho capacidade para tanto. Tenho apenas a esperança de que as instituições culturais existentes e os movimentos literários possam crescer e abranger um número cada vez maior de pessoas.
6) Atuando profissionalmente em diversas áreas, onde se sentiu, de fato, realizada?
R: Fui professora dedicada, virei escritora que ama essa atividade de colocar ideias no papel, mas, em nome da verdade, tenho que confessar que onde me realizo com maior prazer é no meu papel de dona de casa. Gosto de todos os afazeres domésticos. Sempre costurei, bordei, fiz crochê com grande alegria. É bom ser útil. É bom fazer uma comida gostosa. É bom lavar e passar um monte de roupas e depois guardar cada coisa no seu lugar. Estou sendo sincera.
7) Considera o romance superior aos demais gêneros literários?
R: Não. Gosto muito de romances. Gosto de ler quase tudo. Mas creio que a poesia é a parte mais nobre da literatura. Mas sou uma incompetente poética. Pessoalmente, prefiro as memórias, biografias, diários, cartas, tudo capaz de revelar as pessoas.
8) O que diria àqueles que ora iniciam na escrita?
R: Posso aconselhar que acreditem no que estão fazendo e não poupem esforços em busca do aperfeiçoamento, porque o leitor merece o seu respeito e o seu empenho no trabalho literário que lhe vai ser oferecido.
9) Até hoje, qual foi o seu momento mais poético?
R: Pode haver momento mais poético do que pegar um filho recém-nascido no colo?
10) Deixe-nos um trecho do seu romance "Fui Professora".
R: "Fui Professora" é meu segundo livro de memórias. Dele, posso citar:
"Não escolhi essa profissão mas, deixando a vida me levar, fui professora por muitos e muitos anos. Sendo idealista, abracei o meu trabalho com muita convicção e procurei realizar cada tarefa com grande dedicação. Ter meus alunos, dar aulas, procurar sempre os meios de aperfeiçoar a minha atuação didática, tudo fazia parte da minha vida. Era como se não houvesse limite entre a Gracinda pessoa e a Gracinda professora. Olhando para trás e fazendo uma avaliação desse trabalho realizado, sinto a alegria de saber que não plantei em vão, que deixei muitas sementes de saber e de sentir que frutificaram em um bom número de cérebros e corações." (pág. 149)