Vale a pena ser escritora?
Entrevista realizada por Marli Rosa com Eliana de Freitas.
Olá, Marli. Você fala em direcionar a sua carreira para ser escritora, acho que isso é uma boa idéia, acredito que você tem talento e direcionar é a palavra certa. Como algo que você vai mudando o foco e enxergando onde quer chegar, aos poucos, é mais ou menos o que eu tenho feito.
Sobre levar jeito para a literatura, na minha opinião, levam todos os que gostam de escrever. Se escrevem bem ou mal, já são outros quinhentos. Eu vejo o mercado literário com algumas facetas:
. aqueles que gostam de escrever, ou se pegam num momento qualquer da vida querendo escrever, ou alguma situação popular os oferece a escrita como oportunidade, e assim, eles lançam-se e fazem sucesso popular, como Paulo Coelho, Bruna Surfistinha, empresários e os autores de auto-ajuda etc.
. outros que gostam de literatura, algo mais científico, preciso, erudito, e estes não saberiam fazer outra coisa, alguns fazem sucesso, outros não, e mesmo assim são ótimos. Continuam e continuarão escrevendo independente das vendas e do sucesso financeiro. Um certo prestígio já é alcançado quando se lança um livro, poucos têm essa oportunidade, ou coragem, enfim.
Vou te falar da minha experiência – eu em pequena queria ser jornalista e escrevia bem, recebi alguns prêmios. Mas na adolescência fui ser contadora, depois executiva de hotéis e após um MBA que parte do curso era feito na ECA, quis mudar de vida. Fui para uma produtora de vídeo, arrisquei tudo, fali, saí de lá, vim trabalhar numa editora meio período. Trabalho menos, ganho menos, escrevo mais. Sinto saudade das mordomias que eu tinha como executiva, mas não troco o que faço hoje, pelo o que eu fazia. Tinha escritos com mais de 20 anos guardados, de um ano e meio para cá comecei organizá-los, terminar os livros que eu nunca terminava, algo assim. Então, em outubro de 2005 eu me peguei a levar a cabo o meu primeiro romance, escrevi até abril de 2006 nas noites e aos finais de semana; terminei. Não queria ficar meses ou anos batendo cabeça para tentar uma editora que publicasse sem custo algum, submeti à crítica literária, que foi positiva, entreguei os originais na editora que trabalho, que não tem condição de financiar um lançamento sozinha, é uma editora pequena, fizemos um acordo satisfatório, lancei o livro em outubro de 2006 na Casa das Rosas.
Fiz uma tiragem de 1.000 livros, a minha parte no custo foi de pouco mais de R$ 4.000, que paguei parcelado. De lá para cá consegui consignar 300 pela editora, ainda não consegui que a Saraiva e a Siciliano peguem para pôr nas lojas, o avanço é que elas cadastraram. No lançamento, vendi uns 60 livros, a maioria amigos e parentes. Mensalmente, sem esforço, vendo uns 6 livros por mês, com esforço como palestras, bate-papo, essas coisas uns 20, não dá para viver disso. Mas se você me perguntar, você um dia vai ganhar muito dinheiro com isso? Eu direi, não sei, mas que eu vou continuar tentando, ah isso eu vou. Como sou agente cultural, algumas coisas são facilitadas, estou concorrendo ao patrocínio da Petrobrás, eu mesma formato os meus projetos, isso ajuda. Já tenho um outro romance pronto e um livro de contos. Se nada do que tenho tentado ajudar para conseguir financiamento para o lançamento do próximo, eu mesma vou bancar e será lançado na bienal do livro em SP em março do ano que vem, e assim vai.
O Recanto foi uma grande descoberta, pois como o meu primeiro romance é uma história muito forte, com cenas de erotismo, eu já estava ficando rotulada como escritora de livro erótico, e não é isso o que eu quero.
Tenho contato com muitos autores, pois como agente cultural desde 2004 eu os promovi em eventos como bienal, feira de livros, entre outros, comparando a maioria deles, eu estou bem sendo uma estreante, o meu livro está cadastrado em quase todos os sites, está na rede Nobel, etc. Saiu umas 5 matérias pequenas ao meu respeito. Desses autores que eu conheço, os que se saem melhor são aqueles que têm acesso aos meios de comunicação por participar em ONGs, associações literárias como a UBE, etc. Também estão bem, os que ganham importantes prêmios literários, mas mesmo assim, até para eles é muita luta junto à mídia, pois é ela que vai fazer o seu livro ficar conhecido e talvez cair no gosto popular. O fato de cair no gosto popular, nem sempre irá dizer se o livro é bom, mas traz o retorno financeiro esperado.
Eu tenho lido muito, assistido palestras, quando dá. Preciso me aprimorar, além do que, estar em evidência, nos eventos, para apostar que uma hora ou outra vão me notar. Essa semana o programa de Rádio Dois em Um da Transamérica estava sorteando livros meus, disseram que vão me chamar para um bate-papo com ouvintes em junho, veremos. É algo assim que eu estou precisando, pois todos que lêem as coisas que eu escrevo, gostam, sinal de que eu tenho chance. E se não tiver, vou ficar procurando-a até achar, sem cansar.
Desculpe o depoimento longo, isso já é quase um novo livro. Mas, espero tê-la ajudado.
Aquele abraço.
Entrevista realizada por Marli Rosa com Eliana de Freitas.
Olá, Marli. Você fala em direcionar a sua carreira para ser escritora, acho que isso é uma boa idéia, acredito que você tem talento e direcionar é a palavra certa. Como algo que você vai mudando o foco e enxergando onde quer chegar, aos poucos, é mais ou menos o que eu tenho feito.
Sobre levar jeito para a literatura, na minha opinião, levam todos os que gostam de escrever. Se escrevem bem ou mal, já são outros quinhentos. Eu vejo o mercado literário com algumas facetas:
. aqueles que gostam de escrever, ou se pegam num momento qualquer da vida querendo escrever, ou alguma situação popular os oferece a escrita como oportunidade, e assim, eles lançam-se e fazem sucesso popular, como Paulo Coelho, Bruna Surfistinha, empresários e os autores de auto-ajuda etc.
. outros que gostam de literatura, algo mais científico, preciso, erudito, e estes não saberiam fazer outra coisa, alguns fazem sucesso, outros não, e mesmo assim são ótimos. Continuam e continuarão escrevendo independente das vendas e do sucesso financeiro. Um certo prestígio já é alcançado quando se lança um livro, poucos têm essa oportunidade, ou coragem, enfim.
Vou te falar da minha experiência – eu em pequena queria ser jornalista e escrevia bem, recebi alguns prêmios. Mas na adolescência fui ser contadora, depois executiva de hotéis e após um MBA que parte do curso era feito na ECA, quis mudar de vida. Fui para uma produtora de vídeo, arrisquei tudo, fali, saí de lá, vim trabalhar numa editora meio período. Trabalho menos, ganho menos, escrevo mais. Sinto saudade das mordomias que eu tinha como executiva, mas não troco o que faço hoje, pelo o que eu fazia. Tinha escritos com mais de 20 anos guardados, de um ano e meio para cá comecei organizá-los, terminar os livros que eu nunca terminava, algo assim. Então, em outubro de 2005 eu me peguei a levar a cabo o meu primeiro romance, escrevi até abril de 2006 nas noites e aos finais de semana; terminei. Não queria ficar meses ou anos batendo cabeça para tentar uma editora que publicasse sem custo algum, submeti à crítica literária, que foi positiva, entreguei os originais na editora que trabalho, que não tem condição de financiar um lançamento sozinha, é uma editora pequena, fizemos um acordo satisfatório, lancei o livro em outubro de 2006 na Casa das Rosas.
Fiz uma tiragem de 1.000 livros, a minha parte no custo foi de pouco mais de R$ 4.000, que paguei parcelado. De lá para cá consegui consignar 300 pela editora, ainda não consegui que a Saraiva e a Siciliano peguem para pôr nas lojas, o avanço é que elas cadastraram. No lançamento, vendi uns 60 livros, a maioria amigos e parentes. Mensalmente, sem esforço, vendo uns 6 livros por mês, com esforço como palestras, bate-papo, essas coisas uns 20, não dá para viver disso. Mas se você me perguntar, você um dia vai ganhar muito dinheiro com isso? Eu direi, não sei, mas que eu vou continuar tentando, ah isso eu vou. Como sou agente cultural, algumas coisas são facilitadas, estou concorrendo ao patrocínio da Petrobrás, eu mesma formato os meus projetos, isso ajuda. Já tenho um outro romance pronto e um livro de contos. Se nada do que tenho tentado ajudar para conseguir financiamento para o lançamento do próximo, eu mesma vou bancar e será lançado na bienal do livro em SP em março do ano que vem, e assim vai.
O Recanto foi uma grande descoberta, pois como o meu primeiro romance é uma história muito forte, com cenas de erotismo, eu já estava ficando rotulada como escritora de livro erótico, e não é isso o que eu quero.
Tenho contato com muitos autores, pois como agente cultural desde 2004 eu os promovi em eventos como bienal, feira de livros, entre outros, comparando a maioria deles, eu estou bem sendo uma estreante, o meu livro está cadastrado em quase todos os sites, está na rede Nobel, etc. Saiu umas 5 matérias pequenas ao meu respeito. Desses autores que eu conheço, os que se saem melhor são aqueles que têm acesso aos meios de comunicação por participar em ONGs, associações literárias como a UBE, etc. Também estão bem, os que ganham importantes prêmios literários, mas mesmo assim, até para eles é muita luta junto à mídia, pois é ela que vai fazer o seu livro ficar conhecido e talvez cair no gosto popular. O fato de cair no gosto popular, nem sempre irá dizer se o livro é bom, mas traz o retorno financeiro esperado.
Eu tenho lido muito, assistido palestras, quando dá. Preciso me aprimorar, além do que, estar em evidência, nos eventos, para apostar que uma hora ou outra vão me notar. Essa semana o programa de Rádio Dois em Um da Transamérica estava sorteando livros meus, disseram que vão me chamar para um bate-papo com ouvintes em junho, veremos. É algo assim que eu estou precisando, pois todos que lêem as coisas que eu escrevo, gostam, sinal de que eu tenho chance. E se não tiver, vou ficar procurando-a até achar, sem cansar.
Desculpe o depoimento longo, isso já é quase um novo livro. Mas, espero tê-la ajudado.
Aquele abraço.